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Arte portuguesa representada na Bienal dos Antiquários de Paris

A Bienal dos Antiquários de Paris, que abre hoje ao público, no Grand Palais, onde fica patente até 18 de setembro, conta com três galeristas portugueses que acreditam no valor da arte portuguesa no mercado internacional.

Arte portuguesa representada na Bienal dos Antiquários de Paris
Notícias ao Minuto

14:45 - 10/09/16 por Lusa

Cultura Grand Palais

"É importante estar cá na Bienal, porque é um dos eventos mais importantes no mundo em termos de mercado da arte, e estar cá com obras de grande qualidade, seja pintura italiana, pintura francesa ou escultura, é importante, mas ainda mais importante é trazer algumas obras portuguesas", disse à Lusa Philippe Mendes, proprietário da Galeria Mendes, em Paris.

Philippe Mendes expõe, entre outras obras, uma tela de 1793, assinada pelo pintor neoclássico francês Louis Gauffier (1762-1801), que retrata "o primeiro Conde de Mafra", Lourenço José Xavier de Lima (1767-1839), uma pintura que o galerista gostaria de ver no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, depois de integrar uma retrospetiva do artista em Montpellier, Filadélfia e Estocolmo.

"Seria bom que este quadro fosse para um museu como o Museu de Arte Antiga de Lisboa, porque são raras as iconografias representando um português no século XVIII fora, e de uma qualidade tão boa como esta (...). Eu sei quais são as dificuldades mas seria muito interessante e muito bom que ele fosse para lá, mas há muito interesse neste quadro, por outros museus internacionais", defendeu.

O galerista também apresenta uma tela de Amadeo de Souza-Cardoso, meses depois da retrospetiva do pintor português no Grand Palais, explicando que a obra "está com muito sucesso" e que "a maior parte das pessoas que estão interessadas no quadro são franceses que o descobriram no Grand Palais, e que agora sabem que existe um pintor do século XX português importantíssimo".

Philippe Mendes expõe, ainda, uma escultura de um mocho em prata (século XVII) "utilizado para cerimónias litúrgicas", "que mostra a qualidade da arte portuguesa nas artes decorativas".

O galerista tem também pinturas do irlandês Douglas Hamilton (1740-1808), do italiano Andrea Appiani (1754-1817) e do finlandês Albert Edelfelt (1854-1905), entre outros, assim como uma estátua neoclássica que foi a versão preparatória da estátua "L'Homme" na Esplanada do Trocadero, em Paris, que ilustra o cartaz da Bienal.

Quanto ao quadro "Maria Madalena confortada pelos Anjos", de Josefa de Óbidos (1630-1684), que o galerista arrematou, no ano passado num leilão da Sotheby's, em Nova Iorque, para doar ao Louvre, Philippe Mendes disse que a obra "já está no acervo do Louvre", prevendo que seja exposta em outubro, ao lado de uma natureza morta do pai da artista, Baltazar Gomes Figueira (1604-1674).

Pela primeira vez na Bienal dos Antiquários de Paris está a AR-PAB, uma galeria lisboeta que também se instalou em Paris, especializada em mobiliário e objetos de arte da época dos Descobertas e da Expansão Portuguesa, nas vertentes africana, indiana, cingalesa, chinesa e japonesa.

"Nós abrimos a galeria de Lisboa em 2007 e a galeria de Paris em 2013, portanto, estarmos numa feira de grande prestígio, como é a Bienal de Paris, é uma forma de consolidarmos a nossa posição, quer no mercado nacional, quer no mercado francês", explicou o galerista Pedro Bourbon de Aguiar-Branco.

O seu sócio e terceiro galerista presente na bienal, Álvaro Roquette, sublinhou que a razão da presença na Bienal é "arriscar e perceber que há mercado aqui", porque "Portugal já era pequenino" e era necessário "abrir horizontes".

Entre as obras escolhidas para mostrar em Paris há um conjunto de madre-pérola, proveniente de Guzarate, na Índia (finais do século XVI, início do século XVII), uma salva de pé alto em prata dourada (1548), que pertenceu à coleção do rei D. Fernando II, e vistas de Lisboa, a representar a cidade antes do terramoto de 1755.

Há, ainda, outras obras como uma mesa-bufete do século XVI e um contador representativos da arte indo-portuguesa, peças que são "um luxo" na história da arte mundial, de acordo com Álvaro Roquette.

"Estas obras são um luxo. Diria que são a coqueluche do século XVI e do século XVII. Portugal trouxe para o mundo coisas que o mundo não conhecia. Trouxe a tartaruga, trouxe o marfim trabalhado, trouxe as pedras preciosas, as porcelanas, toda uma série de elementos que o mundo cultural e artístico desconhecia. Fomos responsáveis por uma série de coisas novas no mundo ocidental", descreveu o galerista.

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