Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 19º

Retrospetiva dedicada a António Ole revela obra menos conhecida

A exposição retrospetiva dedicada a António Ole, um dos mais destacados artistas angolanos, vai revelar a obra de filmografia, menos conhecida do público, a partir de 17 de setembro, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Retrospetiva dedicada a António Ole revela obra menos conhecida
Notícias ao Minuto

14:58 - 09/09/16 por Lusa

Cultura Gulbenkian

De acordo com a entidade, a exposição, com curadoria de Isabel Carlos e de Rita Fabiana, intitula-se 'Luanda, Los Angeles, Lisboa', e dá a conhecer a obra multifacetada de António Ole em diálogo permanente com a cidade, em especial Luanda.

Pintura, desenho, escultura, colagem, instalação e fotografia produzidos ao longo de várias décadas vão estar reunidos na exposição, que revela também uma produção menos conhecida do artista, a filmografia, iniciada após a independência de Angola (1975) e que se prolongou nas décadas de 1980 e 1990.

Figura tutelar de uma geração de artistas contemporâneos do seu país, Ole descende de duas culturas, africana e europeia, herança que assumiu quando se estabeleceu em Los Angeles para estudar e trabalhar na área do cinema, recorda a Gulbenkian.

Nascido em Luanda em 1951, onde vive e trabalha atualmente, Ole formou-se em cinema no American Film Institute de Los Angeles (1975), e em Cultura Afro-Americana na Universidade da Califórnia -- Center for Advance Film Studies (1981-1985).

Realizou a sua primeira exposição internacional no Museum of African American Art de Los Angeles, iniciando uma reflexão sobre a escravatura e o colonialismo.

"Se em Luanda, enquanto jovem artista, admirava sobretudo a arte ocidental, a distância tornou visíveis as marcas deixadas pela vastidão de África, levando-o em busca das suas próprias raízes", refere a Gulbenkian num texto sobre a mostra.

As temáticas que percorrem a sua obra - o mar, a ilha, a cidade, a arquitetura, as paredes - surgem de uma consciência social, tendo o artista abordado temas incómodos ou mesmo tabu, como a escravatura, com o objetivo de não serem esquecidos e para que o futuro fosse perspetivado de uma nova maneira.

O interesse pela arquitetura dos bairros de lata nos limites de Luanda, os musseques, esteve na base de um trabalho fotográfico realizado antes da independência de Angola que o levou a captar imagens de pessoas anónimas e das suas casas feitas da justaposição de materiais diversos, como restos de madeira ou chapas de lata.

Mais tarde, Ole incorporou essa dinâmica no seu trabalho, fazendo as suas próprias ´assemblages´ a partir de materiais recolhidos nas ruas.

"A minha arte acabou por estar sempre muito ligada à ideia da sobrevivência. Não era só a minha sobrevivência mas a sobrevivência de uma quantidade imensa de pessoas que vivia em más condições", nas palavras do artista, citado pela organização.

Com exposições em várias instituições internacionais, António Ole participou em 2013 na 55ª Bienal de Veneza, onde voltou a estar presente em 2015, no Pavilhão de Angola, lado a lado com outros jovens artistas angolanos.

Recebeu diversos prémios em Angola, Portugal e Cuba, e a sua obra encontra-se presente em inúmeras coleções públicas em Portugal, Angola, África do Sul, Estados Unidos da América, Alemanha e Cuba.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório