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Cinema português? "Vivemos 50 anos a cultivar o analfabetismo"

'Cartas da Guerra', filme de Ivo Ferreira aplaudido no Festival de Berlim, fez a sua antestreia em Portugal. O realizador lamenta que o cinema português seja muito mais reconhecido no estrangeiro do que em Portugal.

Cinema português? "Vivemos 50 anos a cultivar o analfabetismo"
Notícias ao Minuto

08:00 - 27/08/16 por João Oliveira e Marina Gonçalves

Cultura Filmes

É já dia 1 de setembro que chega às salas portuguesas uma produção nacional que recebeu aplausos e vénias em conceituados festivais de cinema como o Berlinale. Falamos de 'Cartas da Guerra', um filme de Ivo M. Ferreira, inspirado nas cartas escritas por António Lobo Antunes à mulher enquanto este servia Portugal na Guerra do Ultramar.

O Notícias ao Minuto esteve presente na antestreia do filme, que decorreu na passada quarta-feira, no cinema São Jorge, em Lisboa, e falou com o realizador, que viu na obra de Lobo Antunes uma inspiração ao nível estilístico, mas sobretudo temática. "A segunda guerra colonial era um assunto que eu queria tratar, mas não sabia como ia abordar o tema. Quando tive contacto com as cartas [de Lobo Antunes], percebi que era assim que eu queria fazer", contou Ivo Ferreira.

Esta obra, refira-se, foi uma das candidatas - na categoria de longa metragem - ao prémio máximo do Festival de Berlim, o Urso de Ouro. Este reconhecimento, ainda assim, serviu para impulsionar a divulgação de 'Cartas da Guerra', mas só a nível internacional.

"Foi um trampolim para tudo. Para festivais e vendas. É muito difícil internacionalizar um filme em geral, e ainda mais um filme português. Mas nós vemos, apesar de tudo, o sucesso que tem tido o cinema português lá fora. Portugal é super bem conceituado no estrangeiro. Este filme vai ser distribuído em França, na Alemanha, no Luxemburgo, Bélgica, Espanha e Holanda. Vai estar nas salas, não vai passar uma vez na Cinemateca", descreve o realizador ao Notícias ao Minuto, conformado com a inexistência de uma "cultura de ir ao cinema" em Portugal.

É por essa "cultura" cinematográfica inexistente no país que Ivo Ferreira lamenta a falta de reconhecimento nacional sobre o cinema português, cuja culpa atribui aos anos de atraso intelectual do país causados pelo Salazarismo.

"Somos um país muito pequeno. Há vários casos em que a bilheteira em Portugal é completamente irrisória e que em Paris tem um sucesso relativo. Esta malta parece que vê o cinema como uma coisa de nicho. Só que também vivemos num país com 50 anos a cultivar o analfabetismo. Há um lado pouco triste no país", termina.

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