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Poetisa Judith Teixeira 'regressa' a Viseu

A poetisa vanguardista Judith Teixeira "regressou" hoje a Viseu, onde nasceu em 1880, com o lançamento da edição 'Obras completas - Lírica' e de um prémio de poesia em sua homenagem.

Poetisa Judith Teixeira 'regressa' a Viseu
Notícias ao Minuto

21:28 - 31/05/16 por Lusa

Cultura Homenagem

Durante a cerimónia de apresentação do livro e do prémio, a vereadora da cultura na Câmara de Viseu, Odete Paiva, frisou a "vontade determinada de fazer justiça a Judith Teixeira", que é praticamente desconhecida em Portugal.

"Foi numa reunião em que falávamos de Aquilino Ribeiro que o Martim (de Gouveia e Sousa) disse que seria uma boa oportunidade trazer de volta a Viseu Judith Teixeira", contou Odete Paiva, acrescentando que a ideia foi bem acolhida por Teresa Adão, da Edições Esgotadas.

A escolha do dia de hoje prende-se com o facto de maio ter sido o mês da morte da poetisa, em 1959, em Lisboa.

O regulamento do prémio de poesia bienal -- no valor de três mil euros - está, a partir de hoje, disponível no sítio da Internet da autarquia.

Odete Paiva explicou que entre 16 de agosto e 30 de setembro deste ano poderão ser entregues os trabalhos de poesia inéditos em língua portuguesa.

Teresa Adão congratulou-se por este reconhecimento do valor de Judith Teixeira "que, talvez pelo seu modo de vida, a sociedade renegou e escondeu ao longo dos anos", mas que é muito conhecida no Brasil, onde há mais trabalhos sobre ela do que em Portugal.

Judith Teixeira chegou a ser apelidada de desavergonhada e de lésbica, enxovalhada publicamente e caricaturada em revistas.

"Temos todos os ingredientes para podermos ter o arauto de Judith Teixeira e não o deixar por mãos alheias", frisou, referindo-se a Martim de Gouveia e Sousa como um especialista na poetisa reconhecido a nível mundial.

Martim de Gouveia e Sousa lembrou que o livro "Decadência" (1923) de Judith Teixeira foi apreendido pela polícia, na mesma altura que "Canções" de António Botto e "Sodoma Divinizada" de Raúl Leal, por serem considerados "imorais".

"As obras de Raúl Leal e de António Botto vieram a ser defendidas por Fernando Pessoa, que revelou misoginia ao omitir o nome da poetisa", contou.

Segundo Martim de Gouveia e Sousa, para além de poetisa, ficcionista, ensaísta e conferencista, Judith Teixeira foi também tradutora e cronista e dirigiu a revista Europa.

"Obras completas - Lírica" será o primeiro de, pelo menos, quatro volumes que serão lançados dedicados a Judith Teixeira.

Martim de Gouveia e Sousa lançou o repto à autarquia de integrar o nome da poetisa na toponímia da cidade e colocar "uma pequena estátua" em sua homenagem, por exemplo, na Viela de S. Francisco, onde nasceu.

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