Autobiografia da declamadora Germana Tânger é apresentada amanhã
A declamadora e pedagoga Germana Tânger, de 96 anos, publica as suas memórias, "Vidas numa vida", que são apresentadas terça-feira às 18:30, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
© Wikimedia Commons
Cultura D. Maria II
A autobiografia é apresentada pelo economista António Macieira Coelho, autor do prefácio, e pelo ator Guilherme Filipe.
Germana Tânger é atriz, encenadora, declamadora, destacou-se na divulgação da poesia e, durante 25 anos, lecionou "Arte de Dicção" no Conservatório Nacional, em Lisboa.
Estudou no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, de onde é natural, depois, nos anos de 1940, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo feito parte do respetivo grupo de teatro e, mais tarde, em Paris, estudou com George Le Roy, e foi titular de estudos camonianos na Universidade Sorbonne, segundo informação do investigador Duarte Ivo Cruz.
Germana Tânger marcou presença nos programas culturais da RTP, nomeadamente "Ronda da poesia", e também na antiga Emissora Nacional e, depois, na sua herdeira, a RDP.
Como declamadora levou a poesia portuguesa a várias entidades no estrangeiro, ligadas ao ensino da Língua e da Cultura portuguesas, e às comunidades portuguesas.
No prefácio de "Vidas numa vida", António Macieira Coelho, amigo da declamadora, afirma acerca da obra: "Passada a década dos noventa, com o vigor mental que sempre a conduziu e a memória espantosa a transformar tudo em tempo presente, contempla-nos com a longa história da sua vida, desdobrada saborosamente por muitas vidas, escrita com doçura e simplicidade e organizada com o apoio de uma das grandes amizades do seu convívio, Sara Oliveira".
Sobre a autobiografia afirma Macieira Coelho que é "cheia de curiosas surpresas e referências às origens familiares mais remotas, alguns episódios de uma sinceridade e humor desconcertantes são recordados".
"Sempre presentes estão essas recordações que perpassam nas suas lembranças e enriqueceram a sua longa vida", refere ainda Macieira Coelho, que não pôde recusar o convite de Germana Tânger para o prefaciar, pois "seria ferir a sua sensibilidade, e as sensibilidades da Maria Germana são um dos mais raros atributos da sua personalidade", atesta.
O gosto pela palavra dita terá sido inculcado pelo pai, a quem dedica o livro, que "gostava muito de teatro" e que, em pequeno, tinha vendido os programas do Nacional D. Maria II.
"Num dos serões [o pai] começou a construir um teatro. Era, para mim, um deslumbramento. Tinha vários cenários, atores vestidos com papel de lustro, um pano de palco que subia e descia. O meu pai fazia as vozes das várias personagens", conta Germana Tânger.
Quanto ao livro, afirma Germana Tânger: "Aos que vivem com a maldade que anda no ar e bem recheada de mentira, de injustiça e de rancor, este livro não lhes diz respeito. À alma dos que me construíram e dos grandes amigos que me cerca com a verdade, a justiça, a força da vida e, sobretudo, com o amor, sim, a esses dedico este livro".
A declamadora despediu-se dos palcos, em 1999: "Passados 40 anos de ter dito pela primeira vez em público, na íntegra e de cor, a 'Ode Marítima', [de Álvaro de Campos] fiz a minha despedida artística no mesmo Teatro da Trindade, desta vez com a ajuda do meu querido João Grosso [ator, um dos discípulos de Germana Tânger], nas partes mais violentas", escreve.
A declamadora, na obra, recorda os muitos recitais que fez pelo país, um treino que considera essencial para, em 1959, ter dito "Ode Marítima" na íntegra e de cor. "Foi para mim um grande 'feito', que me lançou no mundo da poesia", remata.
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