A 'curta' aborda a prática comum em Portugal do uso de sapos de cerâmica, por parte de lojistas e proprietários de cafés e restaurantes, de forma a evitarem a entrada nesses estabelecimentos de membros da comunidade cigana, que têm várias superstições ligadas ao animal.
Leonor Teles, que tem raízes ciganas por parte do pai, diz que o filme "não apresenta só uma problemática mas tenta, de certa forma, combatê-la", uma vez que a própria realizadora sentiu a "urgência" de destruir vários desses sapos em frente à câmara.
"Achei que, neste filme, não podia estar simplesmente a apresentar uma problemática mas também tinha de tentar inserir um pouco daquilo que pode vir a ser a resposta em relação a este comportamento xenófobo", explicou a realizadora, em declarações à agência Lusa, em Berlim.
A cineasta já se tinha focado nesta comunidade no primeiro filme, "Rhoma Acans", e confessou que a impotência sentida na primeira película inspirou-a a desenvolver uma nova abordagem, em "Balada de um Batráquio".
"Havia esse sentimento de frustração em relação ao filme anterior, que tinha uma personagem a quem não consigo mudar a vida. E é ingénuo da minha parte achar que poderia fazer isso. Essa ideia de querer fazer alguma coisa, em vez de estar apenas a ilustrar, era tão forte, era uma urgência. Neste filme decidi: não vamos ficar com frustrações, vamos intervir, vamos partir a loiça toda!", explicou a realizadora.
O filme vai a concurso pelo urso de ouro, na secção de curtas-metragens do Festival de Cinema de Berlim, juntamente com outras 24 películas, incluindo uma outra portuguesa, "Freud und Friends", de Gabriel Abrantes.
A 66.ª edição do festival de cinema de Berlim, que encerra no próximo domingo, contou com a presença de oito filmes de produção portuguesa, três dos quais na competição oficial.