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"Perdeu-se um grande criador de música e um manipulador"

David Ferreira, antigo diretor da EMI -- Valentim de Carvalho, lamentou hoje a morte do músico britânico David Bowie, considerando que se perdeu um "grande criador de música" e um "grande manipulador".

"Perdeu-se um grande criador de música e um manipulador"
Notícias ao Minuto

10:47 - 11/01/16 por Lusa

Cultura David Bowie

"David Bowie, além de ter sido um grande criador de música, foi também um grande manipulador", disse David Ferreira à agência Lusa, após ter conhecimento hoje da morte do músico britânico, que na passada sexta-feira completou 69 anos e lançou o álbum "Blackstar", o 25.º da carreira.

David Ferreira justificou o facto de David Bowie ter sido "um grande manipulador", lembrando que o público não fazia ideia de que o músico britânico lutava contra um cancro, conseguindo afastar a imprensa do assunto.

"Pensando no que deve ter sido horrível estes 18 meses, em que não fazíamos ideia de que ele lutava contra a doença, esta última grande manipulação ele ganho-a. Não venceu a doença, mas venceu a curiosidade doentia de muita imprensa, sobretudo em Inglaterra, onde a imprensa tabloide é doentia, foi praticamente cruel no caso do cancro de Jorge Harrison, há 15 anos", lembrou.

David Ferreira, que editou Bowie em Portugal, sublinhou que o músico britânico, ao manter no privado a doença que lhe causou a morte, "venceu a imprensa, que não merece esse nome".

O editor lembrou que aquele a que muitos chamaram de "Camaleão" foi, sem dúvida, "um dos maiores vultos da música pop", acrescentando que na noite noite passada, curiosamente, esteve a ler um artigo de uma revista de música inglesa, um top dos 200 melhores álbuns da história votados por críticos de música, no qual surgem sete do músico britânico.

"Sete dos 200 são de David Bowie, salvo erro, todos na década de [19]70. É impressionante, dá-lhe um peso nessa década apenas comparável ao peso dos Beatles na década anterior. Na lista dos artistas mais votados, que os críticos também fizeram, à frente de Bowie aparecem precisamente apenas os Beatles e depois Bob Dylan. Rolling Stones e muitos outros aparecem depois de Bowie", sublinhou.

David Ferreira adiantou que, aos sete discos de Bowie que aparecem na lista dos 200 melhores, "muitos outros se poderiam acrescentar", já que o músico britânico era uma figura "obrigatória e recorrente" para quem ouvia música.

"No final da década de 70, quando veio o impacto do 'punk' e depois a 'new wave', há o anúncio de um disco que resume muito o que as pessoas pensavam de Bowie. Dizia assim: 'Há a velha vaga (old wave) e a nova vaga (new wave). E há David Bowie'. Este anúncio era muito feliz, porque resumia a dificuldade em categorizar a obra dele", destacou.

Para David Ferreira, David Bowie foi capaz de "impor permanentemente novidade e experimentação, tanto ao nível da música, como da imagem".

O cantor britânico David Bowie morreu, aos 69 anos, após uma batalha de 18 meses contra o cancro, noticiou hoje a BBC, citando o filho do músico.

Na conta oficial de David Bowie no Twitter, a última entrada, datada de 10 de janeiro de 2016, refere que o músico "morreu pacificamente e rodeado da sua família, após uma corajosa batalha de 18 meses contra um cancro".

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