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Novo álbum "é aberto ao mundo, não esquecendo matriz fadista"

Ana Moura afirma que o seu novo álbum, a editar na sexta-feira, "é aberto ao mundo, fazendo pontes entre diferentes tradições musicais, não esquecendo a matriz fadista", de a artista onde partiu.

Novo álbum "é aberto ao mundo, não esquecendo matriz fadista"
Notícias ao Minuto

14:55 - 26/11/15 por Lusa

Cultura Ana Moura

O álbum intitula-se "Moura", tema que a poetisa Manuela de Freitas lhe ofereceu e que canta na melodia tradicional do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro, mas, pela primeira vez, a fadista canta autores como José Eduardo Agualusa, numa música de Toty Sa'Med, Samuel Úria, Jorge Cruz, Edu Mundo, Carlos Tê e Kalaf, numa composição de Sara Tavares.

"Andava ansiosa por ter músicas novas e, ao longo das digressões internacionais, comecei logo a trocar ideias com o [produtor] Larry Klein", que também produziu o álbum anterior, "Desfado".

Em declarações à Lusa, a fadista afirmou que "não queria um 'Desfado dois', que foi tão 'fora da caixa', queria voltar a fazer uma coisa diferente", relativamente ao álbum anterior, que qualificou como "mais cru".

"Este CD, o 'Moura', é "mais atento aos detalhes e aos pormenores". O primeiro 'single' é "Dia de folga", com letra e música de Jorge Cruz.

Ana Moura, em entrevista à Lusa, afirmou que sente "a necessidade de surpreender, fazer apostas, arriscar", pois só assim se sente "segura".

"O facto de fazer sempre a mesma coisa cria-me ansiedade; fazer coisas sempre diferentes é que me dá força e é assim que funciona comigo", sentenciou.

Neste álbum, Ana Moura afirmou que interveio mais que no anterior, pediu aos músicos novas melodias e outras apareceram-lhe, como a de Carlos Tê, que Manuela Azevedo, dos Clã, lhe mostrou e a "encantou". O tema de Tê intitula-se "O meu amor foi para o Brasil".

"O Carlos Tê, curiosamente, foi o primeiro compositor/autor que cantei, não como profissional", recordou.

O CD, editado pela Universal Music, é composto por treze temas e dois temas bónus, "Lilac wine" (James Shelton) e "Eu entrego" (Edu Mundo), cantado apenas por Ana Moura, canção que, aliás, faz parte do alinhamento do CD, mas numa interpretação partilhada com a cubana Omara Portuondo.

A fadista reconhece que vive "um momento feliz" na carreia e que 2015 foi "uma maratona" de concertos, que ainda não terminou.

Este novo álbum, aliás, só vai começar a ser apresentado em palco a partir do próximo ano, "depois de bem ensaiadas as bases", e Ana Moura não enjeita a possibilidade de levar para palco "coisas novas no fado", como um computador ou uma "loop station".

"Acho isso espetacular, por que não usar?", interrogou-se a criadora de "Búzios".

"Quero colocar em palco a atmosfera que conseguimos criar no disco, que é rico de pormenores, em que 'reamplificámos' a guitarra portuguesa do Ângelo Freire, etc. etc.", disse.

Além do Fado Cravo, a outra melodia tradicional que interpreta é o Fado Carlos da Maia de Sextilhas, no qual interpreta um poema de Maria do Rosário Pedreira, "Ninharia".

"Estas duas melodias representam o meu cerne, a minha essência fadista, e depois há um rasgo e a minha perene necessidade de me transformar, de nunca ser igual. Essa é a minha identidade, nunca acreditei em estereótipos", afirmou a intérprete.

"O meu canto é muito mais interior que exterior, vive muito mais de uma profundidade e de uma interioridade do que propriamente de uma estética vocal ensaiada", disse a fadista que em seguida sublinhou que nunca ensaia, além do essencial, "para que todos tenham as bases e estejam confiantes, mas é muito importante o improviso em palco".

"Moura" foi produzido por Larry Klein, que também faz parte do leque de músicos, nos teclados adicionais.

O grupo com que Ana Moura gravou é constituído por Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Dan Lutz, no baixo e baixo elétrico, Dean Parks, nas guitarras elétrica e acústica, e no bandolim, Pedro Soares, na guitarra clássica, Pete Korpela, na percussão, Pete Kuzma, no órgão Hammond B-3, piano, piano elétrico Wurlitzer, harmónio Estey e Vinnie Colaiuta, em bateria, e ainda Tim Palmer, em mellotron, e Thomas Dybdahl, em guitarra elétrica e piano.

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