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Autores desmistificam conceitos no Festival Literário Internacional

Viagens, reais e imaginárias, e a afirmação dos jovens escritores foram os temas centrais das duas primeiras mesas de autores do último dia do Folio -- Festival Literário Internacional, que durante onde 11 dias levou centenas de criadores a Óbidos.

Autores desmistificam conceitos no Festival Literário Internacional
Notícias ao Minuto

16:48 - 25/10/15 por Lusa

Cultura Óbidos

"A literatura de viagens é um equívoco entre quem escreve, quem lê e quem promove" afirmou Pedro Rosa Mendes, numa conversa com José Luis Peixoto, em que os dois autores desmistificaram alguns conceitos ligados a este tipo de literatura.

"Os rótulos têm esse problema, simplificam e deturpam", afirmou por seu lado José Luis Peixoto, sublinhando a ironia de ambos os escritores serem associados à literatura de viagem mas nenhum dos dois concordar com essa catalogação.

"No meu caso [a obra Uma Viagem na Coreia do Norte] não é literatura de viagens, é jornalismo de turismo", género que "não o inferioriza em nada" afirmou José Luis Peixoto, para quem "se se pode dizer que na literatura de viagens cabe tudo, o mesmo se pode dizer em relação ao romance".

O mesmo defende Pedro Rosa Mendes, sobre o livro Baía do Tigres que "tem elementos sobre a guerra civil e a realidade em Angola" que transcendem a narrativa de uma viagem integrando "mecanismos narrativos para compreender os sítios onde passei muito tempo".

Outros conceitos, como o de "jovem escritor", foram também desmistificados, durante a manhã, numa mesa de autores que reuniu os escritores Valério Romão, Bruno Vieira Amaral e João Paulo Cuenca.

Todos a rondar os 40 anos e considerados novos valores na literatura portuguesa e brasileira, os autores contestaram a catalogação que consideram "uma forma de menorização" que pode levar a pensar que sejam "não um escritor mas um projeto de escritor", considerou Bruno Vieira Amaral, vencedor do Prémio José Saramago pelo seu romance de estreia, As Primeiras Coisas.

Numa conversa em que se discutia a afirmação dos novos valores literários os três autores partilharam com os leitores os autores que os inspiraram em início de carreira e os rituais que fazem o seu dia-a-dia de escritores, partilhado, no caso de Bruno Amaral e Valério Romão, com "um emprego para equilibrar a conta bancária".

Já João Paulo Cuenca, desde 2002 sem emprego fixo, acumula a escrita de livros com a colaboração em jornais, participação em festivais e a escrita de textos publicitários.

Cuenca, o primeiro autor convidado a realizar uma residência literária em Óbidos, lançou hoje, na casa criativa Josefa d'Óbidos, onde está instalado, o livro "Descobri Que Estava Morto", que parte de uma situação real em que o autor foi informado de que estava morto pelas autoridades que asseguraram até ter uma certidão de óbito a confirmá-lo.

Mas afinal, a notícia da morte de Cuenca "foi em exagero" aproveitado pelo autor que, escreve atualmente uma "história de fantasmas", inspirada da vila de Óbidos.

A última mesa de escritores do Folio - Festival Literário Internacional juntará responsáveis por quatro editoras (Porto Editora, Leya, Abysmo e Tinta da China) a discutirem o negócio da edição em Portugal e a forma como a concentração está a afetar a produção literária.

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