"Ainda não há datas, mas há boas perspectivas, com a saída da Polícia de Segurança Pública e a extinção do Governo Civil de Lisboa", que ocupam espaços adjacentes ao Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC), disse hoje aos jornalistas.
O responsável falava durante uma visita guiada à exposição permanente, que é inaugurada na quarta-feira, às 18h30.
A apresentação de uma parte importante do acervo do museu - que percorre sobretudo a criação de pintura e escultura portuguesa desde 1850 a 1975 - era uma das prioridades do director do MNAC para este ano.
Quanto às obras representativas dessa última época até à actualidade, que o museu também acolhe, serão mostradas em exposições temporárias ao longo do ano, como é o caso da obra 'Projecto Bidonville' (2002), de Maria Lusitano, que também será inaugurada na quarta-feira, na sala polivalente.
"O Estado criou esta colecção de arte a partir dos anos 1980 que é nosso dever mostrar publicamente", justificou o director, lamentando a exiguidade do espaço.
A ampliação do Museu do Chiado tem sido o desejo dos vários directores da entidade, que tomou forma no projecto do Quarteirão das Artes, envolvendo também a Faculdade de Belas Artes, através da Reitoria da Universidade de Lisboa, e outras tutelas, nomeadamente a Secretaria de Estado da Cultura e o Ministério da Administração Interna (MAI).
Ao longo da história e das sucessivas direcções, o Museu do Chiado - que acolhe uma colecção de arte, sobretudo portuguesa, desde 1850 até à actualidade, com 4500 peças - foi alvo de sucessivos momentos de renovação.
O mais importante foi levado a cabo a seguir ao incêndio no Chiado, que não afectou o museu, mas obrigou à retirada da colecção.
Quanto à nova exposição permanente, Paulo Henriques, em declarações à agência Lusa, destacou o principal objectivo: mostrar, ao público português e aos turistas estrangeiros, "uma colecção poderosa, com um alcance de representatividade da arte portuguesa, sem igual no país".
Decidiu, com a equipa do museu, colocar no hall da entrada do MNAC um conjunto relevante da escultura portuguesa, com obras de Jorge Vieira, Soares dos Reis, Diogo de Macedo e Canto da Maia, entre outros.
Ao todo, cerca de uma centena de obras e outros tantos artistas, sobretudo de pintura e escultura, fazem um percurso da arte portuguesa em nove núcleos, iniciado nos períodos do Romantismo e Pré-Naturalismo, passando depois pelo Simbolismo e o Modernismo, o Neorrealismo, o Surrelaismo, a Abstração e as Neo Vanguardas.
No piso onde está instalada a exposição permanente, o público é recebido com duas obras de pintura de grandes dimensões: 'O Grupo do Leão' (1885), de Columbano Bordalo Pinheiro, e 'Amor e Psyché' (1891), de José Veloso Salgado.
Entre ambas, o tempo viaja para a actualidade, através da obra 'Suite', do artista Pedro Cabrita Reis.
A partir dessa entrada, o público irá percorrer então 125 anos da arte portuguesa, através de peças de criadores como Francisco Augusto, Miguel Lupi, Alfredo Keil, Silva Porto, Marques de Oliveira, José Malhoa, António Carneiro, Amadeo Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Mário Eloy, Nadir Afonso, Cruzeiro Seixas, Paula Rego, Lurdes Castro, Ângelo de Sousa, Fernando Calhau e Jorge Pinheiro, entre outros.
