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Oliva Creative Factory inaugura nova mostra sobre a "beleza que aterroriza"

O Núcleo de Arte da Oliva Creative Factory inaugura sexta-feira uma nova mostra de Arte Bruta e Singular com 90 obras em que a "reviravolta" operada no belo e no monstruoso revela uma estética "tão excessa que aterroriza".

Oliva Creative Factory inaugura nova mostra sobre a "beleza que aterroriza"
Notícias ao Minuto

13:48 - 14/07/15 por Lusa

Cultura Núcleo

Esse equipamento de S. João da Madeira apresenta assim ao público uma segunda seleção do espólio de 600 peças da Coleção Treger e Saint Silvestre, que os seus proprietários cederam ao município para constituição daquela que é a única exibição permanente de Arte Bruta na Península Ibérica.

Reunindo obras de 55 autores e coletivos artísticos, a exposição intitula-se 'I'm a beautiful monster / Eu sou um belo monstro' e é comissariada pela italiana Antonia Gaeta, que defende que aí se poderá conhecer o "prazer estético" da monstruosidade.

"A mostra constrói-se na relação entre o belo e o monstruoso. A forma, a ordem, a harmonia - finita, determinada, medida, equilibrada - são postas de parte para dar lugar ao desequilíbrio, à desproporção, à incoerência", explicou a curadora à Lusa.

"Esta monstruosidade extravasa todas as formas e, nesse sentido monstruoso (segundo o significado latino original do termo 'monstrum'), é assim um prodígio, uma maravilha, tudo o que não é natural, algo que assusta, uma beleza tão excelsa que aterroriza", acrescenta.

Para Antonia Gaeta, a nova seleção das obras que Richard Treger e António Saint Silvestre recolheram um pouco por todo o mundo reflete "uma reviravolta da hierarquia estética tradicional e uma transformação que permite escapar à tirania do belo consequente e sem traumas".

Resultando de caprichos, fantasias sem normas e uma criatividade "que não preestabelece finalidades nem é submissa à razão", a arte agora exibida na Oliva materializa-se em representações como a de corpos, animais, sexo, criaturas fantásticas, seres alienígenas ou deuses entre a figura humana e a animal.

"O resultado é um conjunto de obras que introduzem no subconsciente a rutura com imagens dificilmente equiparáveis a alguma coisa em particular e que, a cada olhar, reinventam de maneira inesperada a perceção de coisas comuns", conclui Antonia Gaeta.

A exposição "I'm a beautiful monster" é inaugurada às 18:30 de sexta-feira e estará depois patente ao público até ao final do ano.

A designação oficial da mostra toma de empréstimo o título do livro de poesia, prosa e provocação editado em 1940 por Francis Picabia, numa escolha irónica com que a curadora italiana pretendeu "desmistificar ideias erróneas sobre este tipo de trabalho artístico".

Em causa estão dois géneros ainda pouco familiares ao grande público: a Arte Bruta, que designa o trabalho por criadores que não foram sujeitos a qualquer influência dos chamados estilos oficiais e que muitas vezes mantiveram esse estado de pureza devido a alienação psiquiátrica ou social; e a Arte Singular, que, enquanto subgénero da primeira, poderá revelar alguma influência e maior intencionalidade, mas continuará a expressar-se de forma peculiar e não convencional.

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