Este museu junta dois nomes da arte e arquitetura nacionais, o pintor Nadir Afonso e Álvaro Siza Vieira, que projetou o edifício.
O presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, afirmou hoje que o edifício está pronto e deverá abrir nos próximos meses, depois de concluída a exposição inaugural e de conciliar agenda com o Presidente da República.
"Queremos que o senhor Presidente da República seja o primeiro cidadão a entrar no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso", afirmou o autarca, que falava após a assinatura de um protocolo com a Fundação Nadir Afonso para formalização da constituição do acervo do artista.
António Cabeleira afirmou que o "potencial deste edifício é muito grande". "Colocará chaves no roteiro da arte contemporânea mundial", sustentou.
Este será mesmo, de acordo com o autarca, o "segundo ícone" de Chaves, depois da ponte romana construída há cerca de 2000 anos.
"Estamos perante dois ícones. Um da antiguidade clássica que é a ponte romana e este edifício do 'prémio Nobel da Arquitetura' Álvaro Siza Vieira, com o acervo do Nadir Afonso", salientou.
Laura Afonso, presidente da Fundação Nadir Afonso, defendeu também que o museu vai ser "uma grande mais-valia" para Chaves e todo o Alto Tâmega.
A responsável adiantou que a vasta coleção do 'mestre' Nadir, entre centenas de estudos, mais de cem telas e um enorme conjunto de documentos pessoais manuscritos, serão cedidos ao museu, onde serão expostos ou disponibilizados para estudiosos e investigadores.
O edifício dará a conhecer Nadir Afonso principalmente como "artista e como filósofo", podendo ainda fazer uma referência à arquitetura, apesar de esta não ser a "sua paixão".
O museu representa um investimento de, segundo o presidente, "cerca de sete milhões de euros", comparticipados em 85% por fundos comunitários.
A este investimento irá acrescer ainda os custos de manutenção do imóvel.
"Se só se fizessem coisas que dão lucro, não sei se em Portugal haveria algum museu. A cultura não se avalia pelo lucro que dá no espaço que está a ser gerido. Aqui o espaço vai gerar défice, não tenho a menor dúvida disso, e vai gerar défice durante muitos anos", referiu.
António Cabeleira destacou, no entanto, o "lucro indireto" para Chaves com o "aumento do turismo", que irá beneficiar a hotelaria, restauração e comércio local.
As obras de construção do museu, situado numa das margens do rio Tâmega começaram em 2011.
O imóvel vai dispor de salas de exposição, auditório, biblioteca, arquivo, espaços para acolher o espólio do artista e um ateliê, que estará disponível para acolher temporariamente artistas provenientes de todo o mundo.
Nadir Afonso, pintor e arquiteto, cuja obra figura entre as grandes referências da história da arte portuguesa do século XX, faleceu aos 93 anos.
Nascido em Chaves, o artista licenciou-se em arquitetura e chegou a trabalhar com os arquitetos Le Corbusier e Óscar Niemeyer.