Com o tema 'For The Time Being' ('Por Enquanto', em tradução livre), esta edição da bienal tem curadoria do artista indiano Nikhil Chopra, do projeto multidisciplinar de Goa HH Art Spaces, e contará com 66 artistas e coletivos de mais de 20 países, segundo a Fundação Bienal de Kochi.
"O nosso convite aos participantes foi trabalhar com o clima, as condições e a realidade dos recursos" da cidade portuária de Kochi, no estado de Kerala, num apelo à necessidade de coexistência, afirma a equipa curatorial em comunicado.
Mónica de Miranda, "alinhada com o tema da Coexistência da Bienal", apresentará o projeto 'Earthworks', que "revive as práticas de ligação à terra através de uma instalação única", explica a artista na memória descritiva publicada no seu 'site'.
"Inspirado por Vandana Shiva", a académica indiana, feminista, ativista antiglobalização, defensora do ambiente e da soberania alimentar, o projeto de Mónica de Miranda "explora o solo como agente histórico, enfatizando o seu papel descolonizador e regenerador", num prolongamento da investigação da artista sobre "ecologias de pertença e o papel do território como espaço de memória e de identidade".
'Earthworks' é também o nome da instalação que Mónica de Miranda apresenta este mês em Londres, na Somerset House, onde a Feira de Arte Africana Contemporânea 1-54 se realiza nos dias 16 a 19.
Na capital britânica, a partir do conceito de "comunidades terrestres" do filósofo camaronês Achille Mbembe, a artista propõe uma reflexão sobre a interdependência entre seres humanos e não humanos, sobre o cuidado partilhado e a sobrevivência coletiva.
Numa conceção específica para a Somerset House, 'Earthworks' transforma a sua praça central num "espaço público como um arquivo vivo, coletivo e sensorial, numa articulação de esculturas cénicas e jardins verticais, que acolhe performances, diálogos e ações comunitárias".
A prática artística de Mónica de Miranda tem sido marcada pela interrogação das memórias coloniais e pós-coloniais, pela atenção aos lugares marginais e pela construção de narrativas de resistência que se movem entre o pessoal e o coletivo.
Nascida no Porto, em 1976, Mónica de Miranda, artista, curadora e investigadora que vive e trabalha entre Lisboa e Luanda, tem vindo a abordar as áreas da arqueologia urbana, política, identidade de género, memória e geografias pessoais.
Em 2024, em cocuradoria com Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, representou oficialmente Portugal na 60.ª Bienal de Arte de Veneza com o projeto 'Greenhouse' ('Estufa'), um "jardim crioulo" instalado no Palazzo Franchetti, que reunia uma instalação sonora, esculturas e uma programação de dança, 'workshops', leituras e atividades participativas.
A artista está representada em coleções públicas e privadas como o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o Arquivo Municipal de Lisboa, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e a Fundação Calouste Gulbenkian. Participou, entre outras, na Bienal de Dacar, no Senegal, em 2016, e nos Encontros Fotográficos de Bamako, no Mali, em 2015.
A Bienal de Kochi-Muziris, que também se apresenta como "a maior exposição de arte contemporânea do Sul da Ásia", conta com 50 novos projetos que vão ocupar espaços públicos e património histórico dos bairros da cidade portuária, como a Casa Aspinwall, a Casa da Pimenta e o Durbar Hall, antigo tribunal do marajá.
Entre as dezenas de artistas da bienal contam-se Marina Abramovic, Abul Hisham, Dima Srouji e Piero Tomassoni, Faiza Hasan, Lionel Wendt e Ratna Gupta.
Nikhil Chopra, responsável pela curadoria desta edição, fundou a HH Art Spaces, em 2014, em Goa, com o artista Romain Loustau.
Na sua prática artística combina arte ao vivo, desenho, fotografia, escultura e instalação, tendo participado em mostras internacionais como a Documenta, em Kassel, na Alemanha, a Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, a Bienal de Havana e a Bienal de Veneza.
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