Noa Kirel, representante de Israel no Festival Eurovisão da Canção em 2023, lamentou a possibilidade de a emissora estatal israelita KAN ser impedida de participar na edição do próximo ano, que decorre em Viena, na Áustria, e disse que espera que as pessoas "vejam o lado bom" do seu país.
"Foi um dos pontos altos da minha carreira, foi uma experiência incrível para mim", afirmou a artista israelita, de 24 anos, sobre a sua participação na Eurovisão, citada pela Sky News.
Apesar de reconhecer que está "muito diferente" desde que representou Israel "há dois anos", Noa Kirel disse esperar que o seu país não seja excluído da Eurovisão.
"Não se trata de política. Nunca foi assim e devia continuar assim, com o foco na música", justificou.
"Quem vota compreende que a política não tem nada a ver com esta competição. Espero que as pessoas entendam isso, respeitem isso e vejam o lado bom… e não o mau", acrescentou.
Noa Kirel, sublinhe-se, foi convocada para as Forças de Defesa de Israel (IDF) em fevereiro de 2020 e serviu durante cerca de dois anos na divisão de entretenimento.
Em maio de 2023, representou Israel na 67.ª edição do Festival Eurovisão da Canção - que decorreu em Liverpool, no Reino Unido - e obteve o 3.º lugar com 'Unicorn', ficando apenas atrás da Finlândia e da vencedora Suécia.
Vários países pedem expulsão de Israel da Eurovisão
Sublinhe-se que, ao longo das últimas semanas, a Irlanda, Países Baixos, Espanha, Eslovénia e Islândia apelaram à UER para a expulsão do país do Médio Oriente devido à ofensiva na Faixa de Gaza.
A emissora estatal dos Países Baixos, a AVOTROS, afirmou que "não pode justificar mais a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza".
Já a emissora pública da Irlanda, a RTÉ, afirmou também que o país "não participará no Festival Eurovisão da Canção 2026 se a participação de Israel for concretizada".
A posição mais recente foi a de Espanha, com o Conselho de Administração da RTVE a anunciar que iria boicotar o Festival Eurovisão da Canção em 2026 se Israel participar.
"Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame", escreveu José Pablo López, presidente da RTVE, na rede social X.
España se retirará de Eurovisión si Israel continúa en el certamen
— José Pablo López (@Josepablo_ls) September 16, 2025
La medida se ha tomado a propuesta del presidente de RTVE, por mayoría absoluta del órgano de administración de la Corporación, con 10 votos a favor, 4 en contra y una abstenciónhttps://t.co/z1EHLNAOfP a… pic.twitter.com/ayR8JsaLgT
A posição de Espanha ganha maior relevo por se tratar do primeiro país dos 'Big 5' a anunciar o boicote. Entre os 'Big 5', além de Espanha, está o Reino Unido, França, Alemanha e Itália, que têm as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e, assim, para a organização do Festival Eurovisão da Canção.
Participação de Israel na próxima edição da Eurovisão será votada em novembro
Face aos apelos, a UER anunciou, na semana passada, que decidiu antecipar para novembro a reunião para discutir e votar a participação de Israel na 70.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, que decorrerá em maio em Viena, Áustria. A discussão estava prevista para dezembro durante a Assembleia Geral.
Numa carta enviada aos países-membros e divulgada pelo jornal austríaco Kronen Zeitung, a presidente da UER, Delphine Ernotte, afirmou que o Conselho Executivo reconhece que "existe uma diversidade de opiniões sem precedentes" relativamente à participação da emissora israelita KAN.
"O Conselho acredita que a União defende a inclusão e um diálogo cultural aberto que reflita os valores da Comunicação Social Pública. No entanto, o Conselho reconheceu que não seria possível chegar a uma posição consensual sobre a participação da KAN", afirmou Ernotte.
Assim, destacando que a UER "nunca enfrentou uma situação de divisão como esta", a responsável adiantou que Conselho Executivo concordou que a participação de Israel "merece uma base democrática mais ampla para uma decisão, na qual todos os membros deveriam ter uma palavra a dizer".
Neste sentido, será realizada uma sessão extraordinária da Assembleia Geral, no início de novembro, "para que os membros votem sobre a questão da participação no Festival Eurovisão da Canção de 2026".
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