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'A balada da criada Zerline' estreia-se no Centro de Artes de Lisboa

A peça "A balada da criada Zerline", a partir de Hermann Broch, é a próxima criação da companhia de teatro Primeiros Sintomas, a estrear-se no dia 09 de outubro, no Centro de Artes de Lisboa (CAL), foi hoje anunciado.

'A balada da criada Zerline' estreia-se no Centro de Artes de Lisboa

© Getty Images

Lusa
29/09/2025 18:28 ‧ há 1 dia por Lusa

Cultura

Teatro

Com encenação e dramaturgia de Bruno Bravo, diretor artístico da Primeiros Sintomas, e protagonizada por Ana Brandão, a peça centra-se na criada Zerline, personagem central do quinto capítulo da novela "Os inocentes", do escritor austríaco do século XX, que foi considerado por especialistas "um dos maiores modernistas de todos os tempos".

 

Zerline é uma velha criada, figura central num capítulo daquela obra de Broch (1886-1951), na qual o autor faz uma "compilação de poemas e narrativas sobre a degradação de valores da aristocracia decadente e da burguesia ascendente, na Alemanha, entre guerras, que antecipa a ascensão do fascismo e do totalitarismo na Europa", refere a Primeiros Sintomas.

"O vigor literário deste capítulo cinco, que coloca em primeiro plano a personagem de uma velha criada e a sua história, contada a um interlocutor constrangido e praticamente mudo, deu origem a um monólogo já clássico", numa "inesperada história de amor".

Uma história de amor que, para a filósofa Hannah Arendt, "é uma das mais belas de toda a literatura" e a sua "preferida", de uma mulher que é uma criada.

A ação da peça estabelece-se num "triângulo amoroso, levemente inspirado nas personagens de Don Giovanni", em que "o enigma de Zerline são as palavras ditas por quem não as tem de direito", refere uma nota da Primeiros Sintomas.

"Uma mulher que é velha e nova, livre e submissa, vítima e carrasco. O mal não anda longe. Descolada do livro original, esta é uma história envolta em sombras, presságios e futuros sombrios", acrescenta a companhia dirigida por Bruno Bravo.

Zerline está "distante da matriz dos instintos para quem a estratégia erótica se transformou em estratégia discutiva", lê-se numa sinopse de "A criada Zerlina", publicada pela Difel em 2002.

"Mas o corpo e discurso são ambos modos, embora diferentes, de conhecimento e o exercício de Zerlina consiste justamente na laboriosa tradução do conhecimento instintual em conhecimento intelectual", acrescenta a apresentação.

"Entre um e outro, como única mediadora, está a sua linguagem, em cuja 'rudimentaridade' procura a sistematização de valores que assistem à sua conversão de 'ser erótico' em 'ser ético'. Como resíduo desta transformação, emerge o valor axial do seu movimento: a culpa".

Não a culpa de Zerline, que "permanece sempre exterior ao mundo que observa e relata -- mas a de uma sociedade que a ela se exime, justamente porque aceita assimilar e inscrever corpo e culpa".

E é precisamente a exterioridade ao sistema que investe Zerline "da capacidade de ser juiz e carrasco", assumindo uma posição "extrema, absoluta" rudimentar e limite como a sua linguagem.

"Ambas decorrem de um valor maior e primeiro: a intensa transferência das vivências, que na sua intensidade só podem ser inocência", concluiu a apresentação do livro editado pela antiga Difel.

No CAL, "A balada da criada Zerline" vai estar em cena até 19 de outubro, com sessões de segunda-feira a sábado, às 21:00, e, ao domingo, às 19:00, exceto nos dias 14 e 17 de outubro.

Com música de Sérgio Delgado e desenho de luz de António Vilar, na assistência de encenação estão os estagiários João Bravo e Margarida Lopes Batista.

Escrita em 1950, "Zerlina" já foi protagonizada por Eunice Muñoz, numa encenação de João Perry estreada em 1988 no Teatro da Trindade em coprodução com o Teatro Nacional D. Maria II, que também a acolheu em 1993.

Em fevereiro de 2019, o realizador João Botelho encenou o texto de Broch, protagonizado por Luísa Cruz, com cenografia e figurino de Pedro Cabrita Reis. A peça esteve em cena no Centro Cultural de Belém e teve como ponto de partida o trabalho elaborado nos anos 1980 para o Teatro Nacional D. Maria II, por António S. Ribeiro e José Ribeiro da Fonte, a partir da tradução de Suzana Muñoz.

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