O bailado 'Os Maias', que cruza a intensidade dramática do universo de Eça de Queirós (1845-1900) com a expressividade da criação coreográfica, terá um total de nove apresentações até dia 26 de outubro, segundo informação da Companhia Nacional de Bailado (CNB), enviada à agência Lusa.
A companhia nacional também já tem presença confirmada no Lódz Ballet Festival, naquela cidade da Polónia, onde irá apresentar este novo bailado no Dia Mundial da Dança, 29 de abril, e no dia 30 de abril, no Teatro Wielki w Lodzi, indica a companhia.
Com coreografia do diretor da CNB, Fernando Duarte, a peça tem curadoria musical de Andrea Lupi, cenografia de José Manuel Castanheira e figurinos de José António Tenente, num espetáculo que contará com um elenco de mais de trinta bailarinos.
A CNB subirá ao palco do Teatro Camões acompanhada pelo pianista António Rosado e solistas da Orquestra de Câmara Portuguesa.
"A ideia não é competir com o livro, porque o livro ganhará sempre, mas antes impulsionar a sua (re)leitura, quer para quem já o conhece, quer para quem poderá ficar desperto para o fazer", afirma Fernando Duarte, citado num comunicado da CNB sobre a abertura da nova temporada.
Uma das obras mais conhecidas do escritor Eça de Queirós, publicado em 1888, 'Os Maias' narra a história de três gerações da família, centrando-se na mais recente, com a história de amor entre Carlos e Maria Eduarda, dois dos personagens que parecem estar à mercê de um destino que os conduz à perdição.
O bailado "evoca, reinterpreta e dá vida a personagens singulares e a questões intemporais, perspetivadas pela sagaz ironia queirosiana", projetando a dança como linguagem capaz de "contar e emocionar, como poucas outras, dialogando entre o tempo passado e presente", assinala o texto da CNB.
Há um ano, quando assumiu o cargo de diretor da companhia, depois de selecionado por concurso, Fernando Duarte revelou em entrevista à Lusa que a adaptação de clássicos da literatura portuguesa à dança estava entre os desígnios do seu projeto para a CNB.
Na Companhia Dança em Diálogos, que fundou em 2018, com a bailarina Solange Melo, o coreógrafo adaptou para dança 'O Primo Basílio' (1878), de Eça de Queirós, e 'O Memorial do Convento' (1982), de José Saramago (1922-2010).
"Houve uma adesão imensa do público, e em quase todos os espetáculos as pessoas reconheciam a história, ficavam saciadas naquilo que era a ideia criada no seu imaginário", recordou, ressalvando que estas adaptações "não são, nem pretendem ser uma transformação do livro original, mas uma releitura".
A curadoria musical de 'Os Maias' está a cargo de Andrea Lupi, que optou por compositores como o belga César Franck, contemporâneo de Eça, e a austríaca Maria Theresia Von Paradis, que viveu a viragem do século XVIII para o seguinte, estabelecendo uma linha através do tempo da ação.
A dançar nos papéis principais estarão, para Afonso da Maia, os bailarinos Francisco Morais, Mário Franco, Aeden Pittendreigh e Christian Schwarm; de Pedro da Maia serão Francisco Gomes, Frederico Loureiro, Maria Monforte, Inês Ferrer e Filipa de Castro; no papel de Carlos da Maia serão Frederico Loureiro, Lourenço Ferreira, Diogo Bettencourt e João Costa, e no papel de Maria Eduarda da Maia, estarão as bailarinas Raquel Fidalgo e Patrícia Main.
Além da programação artística prevista, a CNB irá apresentar uma programação paralela, através do Programa de Aproximação à Dança, com ateliês e conversas pré e pós espetáculo, com artistas, especialistas e público.
Nos fins de semana anteriores à estreia, dias 04, 05, 11 e 12 de outubro, a companhia irá promover ateliers de dança para crianças e famílias, com conceção da bailarina Sílvia Santos, em co-criação e co-orientação com a bailarina Filipa Pinhão.
Os ateliês partem do imaginário queirosiano e exploram as várias personagens de 'Os Maias', explicando o bailado para promover o gosto pela dança.
Durante os ateliês estão previstos momentos performáticos com interpretação dos bailarinos Maria Girardin, Maria João Pinto, Francisco Couto e João Pedro Freitas, e uma segunda parte de exploração de movimento e dança, orientada por Sílvia Santos e Filipa Pinhão.
Leia Também: Festival de dança e música histórica anima Tomar em setembro
