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Festival de cinema Olhares do Mediterrâneo volta para semear resistências

O festival Olhares do Mediterrâneo, dedicado ao cinema feito por mulheres, regressa a Lisboa a 28 de outubro, com 63 filmes, de 29 países da Bacia Mediterrânica, determinado a "Semear Resistências, Cultivar Utopias", anunciou a associação que o promove.

Festival de cinema Olhares do Mediterrâneo volta para semear resistências

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Lusa
14/09/2025 12:35 ‧ há 2 semanas por Lusa

Cultura

Cinema

A estreia de 'Mulheres, Terra, Revolução', de Rita Calvário e Cecília Honório, e a exibição em Portugal de 'Where the Wind Comes From', da realizadora tunisina Amel Guellaty, na abertura do festival, fazem parte da programação que inclui 12 produções portuguesas, indica a associação cultural Olhares do Mediterrâneo.

 

'Guardadoras de Histórias, Guardiãs da Palavra', de Raquel Freire, em que escritoras de países do universo afro-luso-brasileiro "falam de criação, memórias, periferias, resistências literárias e culturais", e 'The Brink of Dreams', da dupla egípcia Nada Riyadh e Ayman El Amir, melhor documentário no Festival de Cannes de 2024, estão entre as propostas.

Questões ambientais, assédio sexual e violência de género, a ocupação israelita da Palestina, a luta pela independência das mulheres saharauis, histórias de mulheres curdas e yazidis, refugiados e migrações forçadas, racismo e colonialismo são temas que este ano atravessam o festival, a decorrer até 06 de novembro, em seis locais de Lisboa: Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Museu do Aljube, Casa do Comum, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa e Goethe-Institut.

Com duração de dez dias, mais dois do que no ano passado, a 12.ª edição do Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival inclui 33 estreias nacionais, quatro mundiais, três europeias e uma internacional, num total de 41 filmes inéditos em Portugal, numa programação global que abrange documentário, ficção, cinema de animação e experimental, "para dar voz e visibilidade às histórias contadas por mulheres", oriundas de países do Sul da Europa, Norte de África e Médio Oriente, em redor do Mediterrâneo, "na sua multiplicidade de temas e estilos, e privilegiando narrativas não estereotipadas".

"O mundo está em chamas, metaforicamente e literalmente, e faz cada vez mais sentido programar filmes que nos abram os olhos, nos façam pensar e nos levem à ação", afirma o coletivo feminino que organiza o festival.

O Museu do Aljube acolhe a primeira sessão, com o documentário 'Mulheres, Terra, Revolução', e o debate que suscita, em 28 de outubro, mas a sessão oficial de abertura realiza-se dois dias depois no Cinema São Jorge, com o filme 'Where the Wind Comes From', longa-metragem de estreia de Amel Guellaty, que esteve nos festivais de Sundance e de Roterdão.

O filme, uma viagem através da Tunísia, "em busca de liberdade", cujo título também é um verso de um poema de A.A. Milne, criador de Winnie-the-Pooh, resulta da vontade da realizadora de falar de "uma juventude atormentada pela falta de emprego, infraestruturas e cultura, que vê a emigração como única solução", sem no entanto fazer "um drama social sombrio e difícil", antes uma comédia, aceitando o desafio de "encontrar leveza em tempos de desespero".

Na Cinemateca Portuguesa, de 03 a 06 de novembro, serão exibidos quatro filmes de duas cineastas - a bósnia Jasmila Zbanic e a sérvia Mirjana Karanovic -, centrados na violência, nos genocídios da Guerra Civil Jugoslava (1991-2001), e nos rastos que deixou na vida das pessoas.

As duas realizadoras, que estarão em Lisboa, têm trabalhado em conjunto, facto evidente nos filmes a exibir: 'Esma's Secret', protagonizado por Mirjana Karanovic, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2006, 'On The Path' (2010), e 'Quo Vadis, Aida?' (2020), de Jasmila Zbanic; e 'A Good Wife' (2016), de Karanovic, produzido por Zbanic.

Quanto às quatro secções competitivas, vão mostrar 53 filmes, entre os quais os portugueses 'Mulheres, Terra, Revolução', de Rita Calvário e Cecília Honório, e 'Isto não é um Jardim', de Marta Pessoa, na competição de longas-metragens; e, nas curtas-metragens, 'Amanhã Não Dão Chuva', de Maria Trigo Teixeira, 'As Minhas Sensações São Tudo o Que Tenho Para Oferecer', de Isadora Neves Marques, 'Há Ouro em Todo o Lado', de Rita Morais, e 'O Jardim em Movimento', de Inês Lima.

A Secção Especial Travessias, para filmes sobre migrações, racismo e colonialismo, inclui títulos como 'My Sweet Land', de Sareen Hairabedian, cineasta baseada nos Estados Unidos, 'Palestine Islands', produção francesa de Nour Ben Salem e Julien Menanteau, e 'This Home is Ours', da palestiniana Shayma' Awawdeh.

A Competição Começar a Olhar, dedicada a filmes de escola, soma 13 produções, cinco delas portuguesas, assinadas por Ainá Xisto, Carolina Vaz Rebelo, Irina Oliveira, Marina Schneider e Luísa Villas-Boas.

No encerramento das secções competitivas, será projetado 'O Homem de Argila' ('The Dreamer'), da realizadora francesa Anaïs Tellenne, selecionado para o Festival de Veneza, eleito Melhor Filme de 2024 pela União dos Críticos de Cinema Franceses.

A programação do Olhares do Mediterrâneo inclui ainda "sessões para famílias", com filmes para o público mais novo, debates após as projeções e 'workshops'.

"O que está por trás da programação e do nosso trabalho", afirmam as organizadoras no texto de apresentação do festival, "é a obstinação em acreditar que vale a pena fazer cultura, fazer filmes independentes", reunir pessoas numa sala de cinema para pensar "no mundo que existe e no mundo que queremos, contra a onda crescente do fascismo internacional e da crescente limitação da liberdade de expressão e de pensamento crítico".

O festival é uma iniciativa da Olhares do Mediterrâneo - Associação Cultural com o CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Leia Também: Israel não faz parte da Europa, mas participa na Eurovisão. Porquê?

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