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Paisagem do Parque Natural de Montesinho abraça música erudita

Pela primeira vez, a aldeia de Cova de Lua, Bragança, em pleno Parque Natural de Montesinho, recebeu, hoje, meia dúzia de músicos que espalharam a arte e fizeram-na sentir a quem vive mais isolado.

Paisagem do Parque Natural de Montesinho abraça música erudita

© Global Imagens

Lusa
06/09/2025 22:59 ‧ há 23 horas por Lusa

Cultura

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No evento 'Música na Paisagem', notas musicais iam-se misturando com o som do vento e o cântico dos pássaros. A melodia dos violinos ecoava na paisagem, embalando as dezenas de pessoas que escolheram a tarde deste sábado para se conectarem com a natureza através da música, à sombra dos carvalhos do Santuário de Nossa Senhora da Hera, algumas com mantas no chão.

 

Maria de Lurdes admitiu, à Lusa, ter ficado surpreendida quando percebeu que vários músicos, de outras zonas do país, iriam tocar música erudita na aldeia onde mora. "Muito bonito, foi uma surpresa, porque nós nem sabíamos, gostei muito. É uma maravilha, é o que devem continuar a fazer, as aldeias estão a ficar muito isoladas", afirmou.

Consigo levou o neto, Francisco, de 13 anos, para quem foi uma estreia. "É a primeira vez. Foi muito bonito, muito giro. Mais pessoas deviam vir", referiu.

Criado pelo Teatro Municipal de Bragança, o evento tem como objetivo "descentralizar a cultura" e levá-la a sítios "emblemáticos" do concelho, nomeadamente onde as pessoas não têm acesso à arte. 

Carlos Rocha foi uma das cerca de 80 pessoas que marcaram presença. Também morador de Cova de Lua, não deixou escapar a felicidade de ver que o santuário onde se casou foi agora escolhido para abraçar esta iniciativa. "Nas aldeias os acessos à cultura são poucos e estes eventos são muito importantes para o meio rural", disse à Lusa. 

Ao longo de uma semana, artistas de vários cantos do país ou até do mundo instalam-se na aldeia de Montesinho, onde vivem a comunhão entre arte, paisagem e comunidade. Depois visitam outras aldeias do parque natural e proporcionam momentos "especiais".

A violinista Matilde Loureiro há algum tempo que deixou a sua terra, Cascais, e se instalou com a família no concelho de Bragança. Tem trazido músicos com quem já trabalhou para participarem no "Música na Paisagem". 

À Lusa contou que é um "desafio" tocar ao ar livre, devido ao vento, mas, por outro lado, reconhece que pode ser uma vantagem.

"Havia um passarinho a cantar, o vento assobiava e, por exemplo, no segundo andamento de Mozart começou a soprar levemente, quase a embalar-nos. Também sinto que as pessoas ao ar livre têm uma presença diferente", disse. 

Matilde Loureiro confessou ainda que este tipo de sessões permitem "entrar mais no íntimo" das pessoas, o que torna "mais especial".

"Eu acho que as pessoas estavam bastante presentes. Sentimos no final de cada andamento um respirar conjunto e isso é muito especial", destacou.

Além das pessoas da aldeia de Cova de Lua, também houve quem tivesse saido de propósito da cidade de Bragança para apreciar música erudita. Foi o caso do casal Ana Flores e Paulo Flores.

"Gostei muito, o recinto é espetacular, muito muito bom", realçou Ana, acrescentando que "para as pessoas que vivem em Bragança é bom terem um sítio para irem à tarde, ouvir música ao vivo, na natureza".

Já Paulo Flores, que é brigantino, sublinhou a importância que este tipo de eventos podem ter para a região.

"A aldeia também se torna mais conhecida e mais visível. É uma forma de divulgar o Parque Natural de Montesinho e todas as zonas, que são lindíssimas e há dezenas e centenas destes locais que podem ser explorados", disse. 

O Santuária Nossa Senhora da Hera é usado para as festas populares e religiosas da aldeia de Cova de Lua, pertencente à freguesia de Espinhosela.

No entanto, o presidente da junta, Otávio Reis, considera que é preciso "inovar", uma vez que "muita gente da aldeia não conhece" este tipo de música.

"Vemos que as pessoas se interessam cada vez mais e gostam destes eventos", referiu o autarca. 

É a quarta vez que a freguesia de Espinhosela recebe o evento 'Música na Paisagem' e o autarca quer que assim continue. "Dá dinâmica e é uma descentralização", apontou. 

Para o diretor do Teatro de Bragança, esta iniciativa é uma forma de desligar dos estímulos tecnológicos.

"Nos dias que correm, numa sociedade cada vez mais tecnológica e virtual, as pessoas esquecem-se que o mundo real é muito mais interessante, esta comunhão com a natureza e a arte, com as pessoas, para mim faz todo o sentido que se dê um passo atrás para voltar ao elementar, que é isto", sublinhou.

Este domingo será a aldeia de Montesinho a receber o último dos quatro espetáculos desta sétima edição.

Leia Também: Festival 'A Gente (Não) Lê' tem início em Manhouce decidido a "Resistir"

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