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Produtora quer mais reconhecimento para pioneiras no cinema de terror

A produtora norte-americana Gale Anne Hurd, que vai estar em Lisboa no festival de cinema de terror MOTELX, diz que falta mais reconhecimento para as mulheres no cinema e admite apostar em projetos em Portugal.

Produtora quer mais reconhecimento para pioneiras no cinema de terror

© Getty Images

Lusa
06/09/2025 16:19 ‧ há 1 dia por Lusa

Cultura

Gale Anne Hurd

Gale Anne Hurd, 69 anos, produtora de 'O Exterminador Implacável' (1984), 'Aliens' (1986), 'Armaggedon' (1998), 'O incrível Hulk' (2008) e da série 'Walking Dead' (2021), entre outros títulos, vai receber o Prémio Noémia Delgado para Mulheres Notáveis no Terror, criado pelo festival MOTELX, que começa no próximo dia 09, terça-feira.

 

O prémio de carreira é-lhe atribuído por uma "trajetória irrepetível", e Gale Anne Hurd, em entrevista à agência Lusa, reconhece a importância de "distinguir as mulheres que foram pioneiras", em particular as que trabalham dentro do género de terror, horror, ficção científica, fantasia, muitas vezes ultrapassadas em relação a outros géneros cinematográficos.

"Este género ainda é relevante e isso vê-se nas bilheteiras, onde a popularidade é o que mantém o negócio dos cinemas a andar e a entusiasmar os fãs. [...] E se olharmos para as audiências dos filmes de terror e horror, os espectadores são maioritariamente mulheres", sublinhou a produtora.

Gale Anne Hurd, que está a poucas semanas de completar 70 anos, começou a trabalhar em cinema nos anos 1970, em funções ligadas à produção, tendo como mentores o realizador e produtor Roger Corman e a produtora Debra Hill.

Em 1984, estreou um dos primeiros sucessos de carreira como produtora, "O Exterminador Implacável", um filme futurista e apocalíptico realizado por James Cameron, protagonizado por Arnold Schwarzenegger, Michael Biehn e Linda Hamilton.

Gale Anne Hurd lembra que, na altura, a intenção deste filme, no qual já se falava de inteligência artificial e sobre o fim da Humanidade, "era mostrar o lado negro da tecnologia", um tema que hoje é ainda mais pertinente.

"Temos de ter cuidado, temos de perceber que lá porque algo é novo e torna a nossa vida mais fácil, não deixa de ser perigoso. Precisamos de regras e de pessoas que atuem como os médicos, com o juramento de Hipócrates, de não fazer o mal. Isso deve aplicar-se também na tecnologia", defendeu a produtora.

Gale Anne Hurd descreve-se a si própria como "alguém que se especializou em projetos apocalípticos" e que quer "celebrar culturas que são pacíficas, em que as pessoas sabem estar umas com as outras".

Um dos mais recentes projetos de Gale Anne Hurd, além da produção de horror 'Walking Dead', foi um documentário sobre a plataforma Youtube, 'The Youtube Effect' (2022).

"Os algoritmos nas plataformas estão desenhados para radicalizar, para nos dividir, para nos tornarmos pessoas zangadas. E a forma como monetizam as plataformas é zangarem-nos e lucrarem com isso. [...] Atualmente é importante mantermos ligações uns com os outros. Estamos tão separados, nas redes sociais, na política. Tudo que nos possa unir é importante", disse.

É por isso que diz adorar convenções de cultura pop, de festivais, concertos, nos quais há essa interação.

Na próxima semana vai estar pela primeira vez no MOTELX, mas não será uma estreia para Gale Anne Hurd em Lisboa, onde tem um apartamento há quatro anos.

"Não tenho tido a oportunidade de usufruir dele tanto quanto queria, mas acho que é um dos meus sítios favoritos do mundo e já estive em muitos", disse a produtora, elogiando Portugal como "um dos países mais pacíficos do mundo".

Gale Anne Hurd considera que muito do seu trabalho é produzir histórias que são alertas sobre a Humanidade e os instintos humanos e que tem "alguns projetos" que espera conseguir concretizar em Portugal, no Canadá, México ou na Austrália.

A produtora constata que nos Estados Unidos há menos filmes a serem feitos, há cada vez menos financiamento e há menos estúdios, porque foram alvo de aquisições.

"A diferença dos Estados Unidos para outros países é que não temos financiamento federal para as artes. O que existia antes foi abolido por esta administração. E nunca há dinheiro para cinema, por isso quando se financia um filme, só há interesse comercial", disse.

Gale Anne Hurd, que é distinguida na primeira edição do Prémio Noémia Delgado, vai estar a 12 de setembro na Cinemateca Portuguesa, para uma 'masterclasse' onde falará sobre cinema e sobre os mais de 40 anos de carreira.

A 19.ª edição do MOTELX está prevista entre os dias 09 a 15 de setembro, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

Leia Também: MOTELX abre com 'The Long Walk' baseado no 1.º romance de Stephen King

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