Festival de Veneza vai exibir 'Aniki-Bobó' de Manoel de Oliveira

O filme 'Aniki-Bobó', primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, vai ser exibido no Festival de Cinema de Veneza, entre agosto e setembro, num programa dedicado a "obras-primas restauradas", anunciou hoje a organização.

Homenagem ao cineasta Manoel de Oliveira na Assembleia da República

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Lusa
11/07/2025 11:59 ‧ há 8 horas por Lusa

Cultura

Cinema

'Clássicos de Veneza' é um programa recente do festival, criado em 2012, e tem curadoria do próprio diretor artístico, Alberto Barbera, que, em comunicado, explicou que o objetivo é celebrar "as grandes obras-primas e os mestres incontestáveis da história do cinema" e "descobrir - ou redescobrir - filmes e cineastas que foram injustamente relegados para a sombra".

 

Este ano, entre os 18 filmes escolhidos está 'Aniki-Bobó' (1942), de Manoel de Oliveira, restaurado pela Cinemateca Portuguesa.

Produzido por António Lopes Ribeiro e estreado a 18 de dezembro de 1942, 'Aniki-Bobó' é hoje um clássico do cinema português, mas não teve a receção esperada por parte do público.

O filme é a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira e foi rodada na zona ribeirinha do Porto, cenário da curta-metragem de estreia do cineasta, 'Douro, Faina Fluvial' (1931).

'Aniki-Bobó' baseia-se no conto 'Meninos milionários', de Rodrigues de Freitas, e centra-se num grupo de crianças, como Carlitos, Teresinha e Eduardinho, que personificam, ainda que do ponto de vista da infância, os dilemas do ser humano, o ciúme, o amor, a escolha entre o bem e o mal.

O filme foi protagonizado por Fernanda Matos (Teresinha), Horácio Silva (Carlitos) e António Santos (Eduardinho).

Luís de Pina, antigo diretor da Cinemateca Portuguesa, escreveu que 'Aniki-Bobó' é um "filme essencialmente poético" que não deve ser considerado para crianças, embora seja protagonizado por elas.

"Trata-se de uma visão adulta do mundo infantil e não de uma história adaptada à mentalidade infantil", afirmou.

Manoel de Oliveira, que nasceu no Porto em 1908 e viveu mais de um século acompanhando a própria história do cinema, chegou a ser o mais velho realizador do mundo em atividade. Em 2004, então com 95 anos, recebeu o Leão de Ouro de carreira no Festival de Cinema de Veneza.

'Douro, Faina Fluvial', uma curta-metragem documental sobre a vida nas margens do rio Douro, foi o primeiro filme que rodou, aos 23 anos, com uma câmara oferecida pelo pai. O último filme, 'O Velho do Restelo' (2014), já foi filmado no jardim próximo de casa, no Porto, com quatro atores de eleição: Luís Miguel Cintra, Ricardo Trepa, Diogo Dória e Mário Barroso.

Após a morte de Manoel de Oliveira, em 2015, foi exibido o filme 'Visita ou memórias e confissões', que o cineasta rodou em 1982, para ser mostrado publicamente só depois de morrer.

A filmografia de Manoel de Oliveira inclui obras como 'O Acto da Primavera' (1962), 'Amor de Perdição' (1978), 'Francisca' (1981), 'Non, ou a Vã Glória de Mandar' (1990), 'Vale Abraão' (1993) e 'Viagem ao Princípio do Mundo' (1997).

No âmbito do programa 'Clássicos de Veneza' será atribuído um prémio ao melhor restauro de filme, escolhido por um júri composto por estudantes de cinema.

A 82.ª edição do Festival de Cinema de Veneza está marcada de 27 de agosto a 06 de setembro e vai abrir com o novo filme do italiano Paolo Sorrentino, intitulado 'La Grazia'.

Leia Também: Novo filme de Paolo Sorrentino vai abrir Festival de Veneza em agosto

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