Escritor Boualem Sansal distinguido em França. Está detido em Argel

O escritor Boualem Sansal, detido na Argélia há seis meses, foi galardoado hoje com o Prémio Mundial Cino del Duca, distinção literária francesa que homenageia autores que defendem a liberdade de expressão.

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Lusa
21/05/2025 10:27 ‧ há 7 horas por Lusa

Cultura

Boualem Sansal

Dotado de 200 mil euros pela Fundação Simone e pela Cino Del Duca (editora franco-italiana), o prémio presta homenagem "à força" do escritor que, além das fronteiras e da censura, continua a fazer ouvir uma voz livre e profundamente humanista. 

 

Premiado pelo conjunto da obra, Boualem Sansal, junta-se, no mesmo prémio, a autores como Andrei Sakharov, Léopold Sédar Senghor, Jorge Luis Borges, Milan Kundera e Kamel Daoud.

Boualem Sansal, 80 anos, nascido na Argélia, estreou-se na literatura com 'Le Serment des Barbares', em 1999, no qual descreve a influência crescente dos fundamentalistas numa sociedade argelina marcada pela violência, o medo e a corrupção.

O primeiro romance foi bem recebido em França, mas na Argélia, onde a divulgação da literatura em língua francesa está a diminuir, Boualem Sansal continua a ser pouco conhecido do grande público.

Entre as obras publicadas contam-se 'Le Village de l'Allemand', censurado na Argélia por estabelecer um paralelo entre o islamismo e o nazismo, e 'Rue Darwin'.

Em 2013, a Academia Francesa atribuiu a Sansal o Grande Prémio da Francofonia.

Em 2015, foi-lhe atribuído o Grande Prémio do Romance pela obra '2084', inspirada no livro do britânico George Orwell '1984'.

O livro '2084' encontra-se publicado em Portugal.

O escritor franco-argelino está preso na Argélia desde novembro de 2024, após ter sido detido no aeroporto de Argel.

Sansal, foi condenado a 27 de março a cinco anos de prisão por uma entrevista publicada em França em que afirmava que a Argélia tinha anexado territórios que pertenciam a Marrocos durante a colonização francesa.

O julgamento do recurso apresentado pelo advogado de defesa está previsto para 24 de junho sendo que o caso agravou as tensões diplomáticas entre a Argélia e a França.

Argel considera que a justiça seguiu o curso normal, enquanto Paris apela a um "gesto de humanidade" em relação ao escritor que sofre de cancro.

Os pormenores da cerimónia de entrega do prémio ainda não foram definidos.

Por outro lado, desde o verão de 2024, a Argélia e a França enfrentam uma crise diplomática considerada uma das mais graves desde a independência da Argélia em 1962.

Esta crise tem sido marcada pelo congelamento de toda a cooperação entre os dois países e, recentemente, por uma nova série de expulsões de funcionários de ambas as partes.

Leia Também: França defende "firmeza" com a Argélia em mais um "surto de tensões"

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