Monopólio? Bordalo II acusado de plágio: "Negar semelhança é incoerente"

Após a difusão de 'Provoc', os internautas apressaram-se a notar os pontos em comum entre as obras.

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© Bordalo II

Daniela Filipe
07/05/2025 20:20 ‧ ontem por Daniela Filipe

Cultura

Bordalo II

Depois de a Câmara Municipal de Lisboa (CML) ter dado conta de que a obra 'Provoc', instalada por Bordalo II na Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, danificou a calçada portuguesa do local, eis que a polémica com o Monopólio da crise da habitação se adensou. Artur Bordalo está a ser acusado de plagiar uma artista que, em 2023, criou o projeto ‘Lisbonopoly: O Jogo da Crise Habitacional’.

 

A obra de Mafalda, conhecida como Fartadaa, foi apresentada na associação Prisma Estúdio, propondo-se a lançar “luz sobre a crise habitacional em Lisboa através de uma adaptação satírica do jogo Monopólio”, lê-se no site da entidade.

“O projeto foi inspirado por uma notícia que revelava o número assombroso de casas vazias em Lisboa – quase 48.000 – em que a Câmara Municipal diz querer encontrar uma forma de convidar os donos destas casas ‘a entrar no jogo’. A artista por detrás de ‘Lisbonopoly’ viu isso como um jogo da vida real, onde os que estão no poder muitas vezes não conseguem entender a gravidade do problema, deixando as pessoas comuns e pobres incapazes de jogar. Por meio de um jogo interativo feito inteiramente de materiais reciclados, ela mostra a interconexão da crise imobiliária com questões como salários, impostos e outras circunstâncias”, detalhou a associação.

Após a difusão de ‘Provoc’, os internautas apressaram-se a dar conta das semelhanças entre as obras, acusando Bordalo II “de copiar à cara podre outra artista portuguesa”.

“Muito triste artistas com mais fama roubarem os trabalhos dos outros. Já há dois anos tinha a Fartadaa feito este trabalho. Roubado descaradamente”, atirou outro utilizador.

Ainda que Mafalda tenha reconhecido que o uso do jogo de tabuleiro para abordar a crise da habitação não é nova, a artista deu conta de que Bordalo II aplaudiu a sua obra publicamente e em privado. Disse-lhe, também, que tinha uma ideia semelhante, mas que não concretizaria por respeito.

"O que eu acho que está errado aqui é a atitude dele, enquanto artista conceituado. Em vez de me dar a mão e perguntar se eu queria colaborar com ele no seu projeto ou, de alguma forma, mencionar o meu nome, o que fez foi passar por cima", confessou, em declarações à SIC Notícias.

"A atitude dele mudou completamente. Falou-me como se estivesse acima de mim"

Contactada pelo Notícias ao Minuto, Fartadaa complementou que, na sua ótica, a reação da equipa do artista plástico às acusações de plágio "é profundamente hipócrita".

"O que me leva a voltar ao tema é a forma como tudo se desenrolou e, especialmente, a maneira como a equipa do Bordalo reagiu às acusações de plágio. Publicamente, ele afirma que a inspiração foi o trabalho do Banksy em 2011, e nega semelhanças entre os dois trabalhos. No entanto, quando o confrontei em privado, a primeira coisa que me respondeu foi: 'Foi boa inspiração.' Isto, para mim, é profundamente hipócrita", lamentou.

Mafalda salientou ainda que "inspiração é uma coisa", mas reconhecer o seu trabalho, "afirmar que não o vai replicar, sair um projeto semelhante e depois negar qualquer semelhança ou influência, isso é outra, e é, no mínimo, incoerente".

"A questão está em ele ter reconhecido e elogiado o meu projeto na altura, inclusive comentando numa publicação minha, e em privado ter dito que não faria nada semelhante por respeito. Dois anos depois, aparece com uma peça numa escala muito maior, e quando o confrontei de forma respeitosa, apenas porque achei que merecia um aviso prévio, a atitude dele mudou completamente. Falou-me como se estivesse acima de mim, menosprezando o reconhecimento que me tinha dado anteriormente", disse.

A equipa do artista negou, à SIC Notícias, qualquer semelhança entre os projetos, e realçou que outros, entre eles Banksy, também trataram o tema desta forma.

De facto, Bordado II partilhou, na terça-feira, uma screenshot do trabalho oferecido pelo artista britânico ao movimento Occupy London, em 2011, que retratava a mascote do Monopólio, ‘Rich Uncle Pennybags’, de cartola estendida, a pedir dinheiro.

“Verdadeira inspiração desde 2011”, escreveu.

O Notícias ao Minuto contactou a equipa do artista mas, até à data de publicação desta notícia, não foi possível obter resposta.

Notícias ao Minuto
© Bordalo II

[Notícia atualizada às 21h41]

Leia Também: CML remove obra de Bordalo II e diz que calçada portuguesa foi danificada

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