A escolha resulta de um concurso internacional, aberto em maio, para seleção do sucessor do atual diretor, António Jorge Pacheco, exigindo "uma vasta experiência de gestão em instituições culturais, com preferência na área da música", capacidade para "integrar uma rede substancial de artistas, agências musicais e de líderes de opinião no domínio da música, bem como ter proximidade ou interesse pela língua e cultura portuguesas", entre outros parâmetros.
De acordo com o comunicado hoje divulgado, "François Bou apresentou na sua candidatura uma visão clara do que pode ser o programa artístico da Casa da Música e, em grande medida, essa visão coincide com as linhas estratégicas definidas pela instituição: um lugar aberto à sociedade e às questões do presente e futuro, um agente de qualificação da cidade e de profissionalização do trabalho artístico em Portugal, um meio valorizador da região e do país capaz de afirmar a cultura e as instituições portuguesas nos meios internacionais".
Para o conselho de Administração da Casa da Música, François Bou "demonstrou uma forte preparação para conduzir a instituição nos próximos anos, trazendo para os espaços de trabalho, os auditórios e os programas públicos da Casa da Música, uma voz musical, compreensível e mobilizadora".
Citado pelo comunicado, François Bou confessa "uma grande alegria e honra assumir a direção artística de uma instituição tão prestigiada e única como a Casa da Música no Porto".
"Esta instituição icónica é reconhecida internacionalmente pela sua programação emocionante, pelos seus magníficos conjuntos musicais, pela sua arquitetura marcante e pelo seu programa educativo dinâmico", prossegue François Bou, que garante: "Procurarei impulsionar esta nova etapa através de uma cada vez maior abertura ao repertório e à criação portuguesa e internacional, bem como reforçar o lugar da Casa da Música no panorama cultural nacional e internacional."
François Bou, nascido em França em 1960, iniciou estudos superiores em canto, comédia musical e arte lírica, no Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris, depois de um bacharelato em Letras e de estudos de Direito.
O "gosto pela organização" levou-no à gestão e administração das artes performativas, tendo trabalhado na Orquestra de Ópera de Lyon, sob a direção do maestro britânico John Eliott Gardiner, e no Ensemble Intercontemporain do compositor e regente francês Pierre Boulez.
No currículo de François Bou estão também cargos de programação e gestão de produção em estruturas como a Ópera du Rhin, em Estrasburgo, a Ópera de Rouen e a Ópera-Comique de Paris.
Em 1999, ingressou na Orquestra Nacional de Lille, de que viria a ser nomeado diretor-geral em 2014, depois de ter exercido funções similares na Orquestra Sinfónica de Barcelona i Nacional de Catalunya.
François Bou foi ainda administrador da Organização Europeia de Salas de Concerto (ECHO) e membro do conselho de administração da Associação Espanhola de Orquestras Sinfónicas. É vice-presidente da Associação Francesa de Orquestras e pertence à administração das Forces Musicales, sindicato profissional das óperas e orquestras da França.
O conselho de administração da Casa da Música, no comunicado hoje divulgado, disse que "ponderou a escolha a partir da 'short list' alcançada pela comissão de recrutamento", tendo em conta "fatores estratégicos cruciais para o êxito da instituição e, para além das competências, experiência e capacidade de liderança necessárias", assim como "capacidade para motivar e envolver nas suas ideias artísticas e pedagógicas os colaboradores e fundadores da Casa da Música".
Segundo os termos do concurso, o cargo é limitado a um mandato inicial de quatro anos, com possibilidade de prorrogação.
O atual diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, desempenha estas funções desde janeiro de 2009, quando sucedeu ao pianista Pedro Burmester.
Na altura, António Jorge Pacheco era já coordenador da programação da Casa da Música, estando associado à criação da instituição. Coordenou a programação musical da Capital Europeia da Cultura Porto 2001 e desempenhou interinamente as funções de diretor artístico da Casa da Música entre novembro de 2005 e março de 2006.
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