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Pianista cria associação com visão alternativa para educação musical

A pianista macaense Catarina Amaral, a estudar em Nova Iorque, criou com outros dois músicos a associação de artistas Opus One, que quer contribuir para criar um ambiente "mais saudável" na educação musical em Macau.

Pianista cria associação com visão alternativa para educação musical
Notícias ao Minuto

07:47 - 22/04/24 por Lusa

Cultura Música

A razão que levou Catarina Amaral a partir há quase dez anos para os Estados Unidos, para estudar Música, é praticamente a mesma que a fez criar, em outubro de 2021, a associação de artistas Opus One.

Em Macau, onde nasceu, sentia falta de uma comunidade artística. E a educação musical tinha ainda muito caminho pela frente.

"Está muito melhor do que antes, porque pessoas que estudaram fora voltaram para Macau e existem mais alunos a tocar muito melhor tecnicamente", diz em entrevista à Lusa a macaense de 24 anos.

No entanto, nota a pianista, com a "cultura de competição que se mantém entre os alunos" do território, que "sentem muita pressão", a qualidade da música local acaba por ser "muito afetada".

Ao nível do currículo do ensino superior, considera, faltam programas interessantes, até "porque música não é só tocar": "Tens muito mais do que só isso: artes, tens a história, a teoria, está tudo relacionado e Macau ainda não está a pôr estes pontos juntos. Ainda falta, mas está a começar".

A Opus One, constituída por Catarina e dois amigos, também pianistas de Macau, Peter Chan e Shuyan Wong, quer trazer algum equilíbrio a quem está a dar os primeiros passos neste mundo, através, por exemplo, de "mais educação via concertos, 'masterclasses' e outros eventos", gratuitos ou de custo reduzido.

"Em vez de tudo ser competição, em vez de se ter de pagar para as aulas, nós queremos mesmo que os alunos comecem a apreciar a música que eles próprios ouvem, que eles próprios veem, que não sejam só mandados praticar, mandados gostar de música", explica.

Um recital com a russa-americana Olga Kern, única mulher a alcançar nos últimos 50 anos o ouro na competição internacional de piano Van Cliburn, ou com o pianista canadiano Avan Yu, que deu ainda uma 'masterclass' a quatro crianças de Macau, foram algumas das atividades organizadas até agora pela Opus One.

Todas com dinheiro do próprio bolso, já que a associação não conseguiu angariar fundos para apoiar as iniciativas.

"Estes eventos, que começam por ser grátis ou a um preço baixo, ou a oportunidade [que as crianças têm] de conhecerem estes artistas e tocarem para estes artistas, pode influenciar os jovens a gostarem ainda mais de música. Pode até trazer um ambiente mais saudável para Macau", reforça.

Catarina Amaral concluiu a licenciatura e mestrado em Música na Manhattan School of Music, em Nova Iorque, e frequenta agora um segundo mestrado, em Educação, na Columbia University. Diz que, para o futuro, o que "queria mesmo era ensinar professores como ser professores".

"Não é só dizer aos alunos o que fazer, mas dizer aos alunos para explorarem o que eles querem fazer", reforça.

Para já, esta macaense, de origem portuguesa e chinesa, vai ficar nos Estados Unidos para um fazer o doutoramento. O regresso a Macau está nos planos, diz, até porque sente que quer dar algo de volta à comunidade.

Quanto à associação, dedicada numa fase inicial mais à música e ao piano, a ideia passa por contactar com outros instrumentos e artes. Pintura e moda são algumas das áreas de interesse e com "talentos não descobertos".

"Macau tem muito talento, tem muitas pessoas com muito talento e que não são faladas, não são dadas a conhecer ao público. Por isso são também comunidades que queremos incluir", diz.

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