Meteorologia

  • 30 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 11º MÁX 19º

25 Abril. Dança em Diálogos estreia 'Requiem' em Leiria

A companhia Dança em Diálogos junta música de Fernando Lopes-Graça, textos de Cláudia Lucas Chéu, Ondaki e Elmano Sancho e um mote de Julião Sarmento na nova produção 'Requiem', que estreia no dia 13 de abril em Leiria. 

25 Abril. Dança em Diálogos estreia 'Requiem' em Leiria
Notícias ao Minuto

10:51 - 05/04/24 por Lusa

Cultura Revolução dos Cravos

Enquadrado nos 50 anos do 25 de Abril, o novo espetáculo vai buscar o subtítulo a uma frase do artista plástico Julião Sarmento (1948-2021):

"Há uns anos, numa entrevista, [Julião Sarmento] mencionou esta questão fundamental: 'A única censura que devia existir é censurar a censura', porque é um ato de perigo. A partir do momento em que alguém censura, potencia a liberdade de outras censuras poderem vir a acontecer e depois estamos nesse efeito dominó de censura", afirmou à agência Lusa Fernando Duarte, coreógrafo que, com Solange Melo, é um dos diretores artísticos da Dança em Diálogos. 

A frase de Sarmento é, com 'Requiem pelas vítimas do Fascismo em Portugal', obra de Fernando Lopes-Graça estreada em 1981, ponto de partida para um espetáculo de dança contemporânea que "traz em si mesmo a dimensão e o peso da memória". 

Fernando Duarte realça, por um lado, o "grande valor musical" de Lopes-Graça, bem como o papel do compositor enquanto "figura proeminente no combate antifascista antes do 25 de Abril".

Para a produção que celebra meio século de democracia, Dança em Diálogos convidou ainda três escritores para escreverem "sobre o que eles sentem que pode refletir, significar, exprimir o 25 de Abril". 

Cláudia Lucas Chéu, Ondjaki e Elmano Sancho contribuíram com "uma perspetiva pessoal", que se projeta em "quadros narrativos distintos". 

"No caso da Cláudia Lucas Chéu, é um texto autobiográfico, que se baseia numa situação complexa dos próprios avôs - a avó foi vítima de violência doméstica -, uma realidade que infelizmente ainda se verifica nos dias de hoje", antecipa o coreógrafo.

Já Elmano Sancho traz "um diálogo a três mulheres, com visões diferentes do que o 25 de Abril pode significar", tanto antes como depois da revolução.

Ondjaki ofereceu 11 haikus que "trazem a dimensão poética porque, no fundo, a poesia é um veículo de esperança e o 25 de Abril, mais do que tudo, dá-nos sempre a esperança de que as coisas podem e devem ser mudadas quando não estão bem", afirma Fernando Duarte.

Em palco, Dança em Diálogos pretende oferecer "várias visões do que pode significar o tema de liberdade", através de quadros e metáforas.

"Mais do que tudo, temos de sentir-nos atores e participantes dessa celebração", frisa o responsável pela companhia que, paralelamente e a partir dos mesmos textos e do conceito de "Requiem", tem andado pelo país a apresentar em escolas o espetáculo para a infância "50x25_coeficiente de Liberdade" e as residências artísticas 'Desassossego de Abril'.

Numa dessas sessões, em Alpiarça, distrito de Santarém, recentemente uma das crianças disse aos elementos da companhia: "A liberdade é uma palavra sem emoção negativa". 

A frase tocou Fernando Duarte, para quem "a liberdade só será plena quando todos nós tivermos uma emoção positiva sobre o que é a liberdade".

"E hoje em dia nem toda a gente consegue sentir-se positivo com a emoção que se extrai dessa palavra tão forte". 'Requiem' é a reação e a resposta da Dança em Diálogos a isso.

O espetáculo tem antestreia marcada para domingo, às 18h, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. A estreia oficial é no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, no dia 13 de abril, às 21h30, no âmbito do 42.º festival Música em Leiria. 

Depois, o espetáculo entrará em digressão por Loulé, Alcanena, Bragança, Famalicão, Torres Novas e Coimbra.

Leia Também: 'Terminal (O Estado do Mundo)' estreia-se no sábado em Ourém

Recomendados para si

;
Campo obrigatório