O segundo filme da saga de ficção científica, que desdobrou em dois o primeiro título da série de Frank Herbert, estreia-se hoje em Portugal e na sexta-feira nos Estados Unidos, com o ator Timothée Chalamet no papel principal de Paul Atreides.
"Quando Frank Herbert escreveu o primeiro livro, queria que fosse visto como uma história cautelar, um aviso contra figuras messiânicas", disse Villeneuve. "Ele queria que Paul fosse um anti-herói", continuou, algo que não ocorreu.
"Sabendo disso, tentei aproximar esta adaptação das intenções iniciais. O filme é um aviso, não uma celebração de Paul", sublinhou Villeneuve. "Paul torna-se algo que antes condenava".
O novo épico do realizador canadiano, que além de Chalamet tem Zendaya, Javier Bardem, Austin Butler e Rebecca Ferguson no elenco, "é muito mais ambicioso" que o primeiro capítulo, que Villeneuve caracterizou como mais contemplativo. "É um filme de guerra e sabia que ia ter um ritmo diferente, que seria mais musculado".
Uma das cenas marcantes envolve Paul Atreides a enfrentar um gigantesco verme de areia, imagens que ficaram "exatamente" como Villeneuve as tinha sonhado.
"Foi a coisa mais complexa que alguma vez tentei fazer", admitiu o realizador. "Deu muito trabalho, mas eu queria que tivesse um nível de realismo", continuou. "Queria que a minha mãe acreditasse que é possível montar um verme de areia. Queria que fosse arriscado, elegante, perigoso, entusiasmante".
O filme traz de volta elementos-chave da equipa do primeiro 'Duna' (2021), incluindo o diretor de arte Patrice Vermette, o diretor de fotografia Greig Fraser, o editor Joe Walker e a diretora de guarda-roupa Jacqueline West.
Outro aspeto relevante foi a expansão da língua falada pelos Fremen, os habitantes de Arrakis, que o linguista David Peterson (cujo currículo inclui 'Guerra dos Tronos') trabalhou com base nos livros.
"O David expandiu a língua de acordo com os diálogos que eu e o Jon Spaihts escrevemos para o filme", disse Villeneuve, que já tinha abordado questões linguísticas em "O Primeiro Encontro", de 2016. "Criou uma língua inteira, com vocabulário, sintaxe, estrutura gramatical e lógica".
Os atores aprenderam a falar esta língua e foram treinados na pronúncia correta, para que soubessem o que estavam a dizer nas cenas. "Foi comovente para mim ver como todos levaram isto a sério", contou o realizador. "Quando os ouvimos, parece tratar-se de uma língua real. Porque é mesmo".
Apesar de ter uma forte componente tecnológica e efeitos visuais, houve um esforço para filmar nos locais, usar luz natural e fazer o máximo possível na câmara.
"É um filme que tem mais energia e um ritmo mais rápido", disse Villeneuve. "Greig, tal como eu, não queria comprometer visualmente o filme".
Greig Fraser usou um 'software' específico para prever o ângulo onde a luz do sol ia bater nas zonas do deserto onde queriam filmar, para saber a que horas tinham de posicionar-se. O calendário de filmagens "era um puzzle" baseado na luz e sombra.
Com banda sonora de Hans Zimmer, 'Duna: Parte 2' é um filme concebido para ser visto na sala de cinema, onde a brutalidade do som e das imagens é ampliada.
"Estou absolutamente apaixonado pela experiência da sala de cinema e tento o melhor que posso para fazer filmes que encontram lá o seu poder total", disse Villeneuve. "A televisão está a ficar melhor e há a experiência de realidade virtual", disse, "mas nunca terão a definição ou o som que a sala de cinema, onde é preciso espaço e oxigénio para criar a pressão e impacto".
"Trabalho muito com a minha equipa para trazer a máxima noção de espetáculo possível".
As previsões de bilheteira são elevadas, apontando para um encaixe de 170 milhões de dólares em todo o mundo no primeiro fim de semana.
Inicialmente previsto para novembro de 2023, a Warner Bros. adiou o lançamento por causa das greves que abalaram Hollywood no ano passado.
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