Maria João Lopo de Carvalho cria história para série 'Os Cinco'

A escritora Maria João Lopo de Carvalho publica esta semana o livro 'Os Cinco e o quadro desaparecido', que dá continuidade à série de aventuras de Enid Blyton, com o aval da editora britânica que detém os direitos da autora.

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Lusa
10/11/2023 17:25 ‧ 10/11/2023 por Lusa

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'Os Cinco' é uma das mais conhecidas e bem-sucedidas séries literárias para crianças e jovens da autora britânica Enid Blyton, está publicada e traduzida em vários países e deu origem a outras histórias, com as mesmas personagens, escritas por diferentes autores noutros países, como Sarah Bosse (Alemanha) e Claude Voilier (França).

Esta série literária de aventuras, escrita por Blyton entre 1942 e 1963, tem agora continuidade em Portugal pela mão da autora Maria João Lopo de Carvalho, pela Oficina do Livro (grupo Leya), a editora que detém os direitos e publicou os 21 volumes da coleção.

Em declarações à agência Lusa, Maria João Lopo de Carvalho explicou que foi feito um acordo entre o grupo Leya e o grupo britânico Hachette para ter uma autorização e dar continuidade a 'Os Cinco', mediante algumas condicionantes, para manter a intemporalidade do tipo de narrativa e das personagens.

"A casa oficial que detém os direitos da Enid Blyton mandou-me uma 'guideline' de certos temas que não podemos abordar, não podemos falar de questões de racismo, sexuais, questões religiosas, 'bullying'. Não podemos focar-nos nesses assuntos. Não me custa nada fazer um livro tal e qual como a Enid Blyton fazia sem tocar em temas que são mais sensíveis e com os quais concordo absolutamente", explicou Maria João Lopo de Carvalho.

Em 'Os Cinco e o quadro desaparecido', as famosas personagens criadas por Blyton -- os adolescentes Júlio, David, Ana, Zé e o cão Tim -- vão tentar resolver o mistério do desaparecimento de uma pintura de William Turner, durante as férias de Natal.

"O que me interessa é criar a mesma atmosfera de aventura. [...] O que interessa, o fio condutor, é fazer com que os miúdos gostem de ler e criem o gosto pela leitura. Como é que isso se faz? Criando uma história emocionante, com as mesmas cinco personagens intemporais naquele mesmo cenário que a nós tanto nos motivava, e fazer com que os miúdos se prendam à leitura", sublinhou a autora portuguesa.

Maria João Lopo de Carvalho tem 61 anos, foi professora de Português e Inglês, criou uma escola de língua inglesa, trabalhou em publicidade e na Câmara Municipal de Lisboa e tem mais de 70 livros publicados, entre obras para adultos e para os mais novos.

Além de 'Os Cinco e o quadro desaparecido', a autora ficará responsável por novas histórias na mesma coleção, embora não tenha indicado a cadência e regularidade de publicação.

Segundo a Oficina do Livro, que publica 'Os Cinco' desde 2011, a coleção já vendeu mais de 380.000 exemplares em Portugal.

Há ainda uma coleção intitulada 'Os mini Cinco', com histórias ilustradas para crianças, e adaptações em banda desenhada, somando mais de 200.000 exemplares, segundo contas partilhadas com a Lusa.

"'Os Cinco' foi um marco importantíssimo, falo por mim e pelas pessoas da minha geração, que nos iniciou à leitura, seguindo depois para obras muito mais complexas. 'Os Cinco' foi um marco inquestionável e incontornável. [...] Pôr-me na pele da Enid Blyton, que era o meu ídolo na altura, é estranho, é uma enorme responsabilidade, é como se ela estivesse a espreitar por cima do ombro a ver se estou a fazer bem", disse Maria João Lopo de Carvalho.

Enid Blyton nasceu em Londres em 1897 e morreu em 1968, deixando cerca de 700 livros, resultado de uma prolífica produção literária -- consta que chegava a escrever diariamente cerca de 10.000 palavras.

'Os Cinco', 'Os Sete', 'Noddy', a coleção 'O Mistério', 'O colégio das quatro torres' e 'As Gémeas' -- que teve continuidade em Portugal com a escritora Sara Rodi -- são outras obras publicadas por Enid Blyton.

Esta extensa produção não afastou Enid Blyton das críticas de sexismo, racismo e outros simplismos e que levaram, por exemplo, a britânica BBC a não emitir a sua obra, por a considerar "de segunda" e "sem valor literário".

O que a escritora portuguesa não concorda "é que se mudem os livros antigos da Enid Blyton porque fere sensibilidades": "Não concordo, está escrito, está feito, foi numa determinada altura e é uma obra de um autor".

Questionada pela Lusa, fonte da Oficina do Livro referiu que 'Os Cinco e o quadro desaparecido' "poderá vir a ser traduzido e publicado noutros países", à semelhança do que aconteceu, por exemplo, com 'Mais aventuras no Colégio de Santa Clara', da coleção 'As Gémeas', escrito por Sara Rodi.

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