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Seis concertos a não perder na 'festa de anos' de Paredes de Coura

O elenco deste ano inclui nomes bem conhecidos, com a neozelandesa Lorde a protagonizar o cartaz, mas há também muitos concertos que poderão surpreender os muitos festivaleiros que vão ao Alto Minho à descoberta de nova música.

Seis concertos a não perder na 'festa de anos' de Paredes de Coura

A Praia Fluvial do Taboão acolhe a partir desta quarta-feira uma festa de aniversário bem redonda: 30 anos de música em Paredes de Coura, com mais um cartaz fiel à identidade do festival no que toca a trazer nomes que, sendo menos conhecidos, estão a um passo de percorrem os ouvidos do mundo.

Embora o promotor do festival tenha admitido, em entrevista ao Notícias ao Minuto, que falta um grande nome no topo da lista ao lado de Lorde para “iluminar” o resto do elenco, a história diz-nos para não ignorar o que passa pelo anfiteatro natural do 'Couraíso', pois nunca sabemos que estrelas poderão lá nascer.

Está, assim, criada mais uma vez a expectativa de, daqui a uns anos, podermos olhar para os Grammys, para o Coachella ou outros grandes eventos da indústria musical e pensar: “Aquela banda esteve em Paredes de Coura há uns anos quando ainda ninguém os conhecia” (um argumento que ganha cor ao olharmos para as primeiras passagens de Arcade Fire, Coldplay, Nick Cave, Queens of the Stone Age, Kaiser Chiefs ou The National).

Passamos propositadamente por cima dos nomes mais reconhecidos do cartaz, como Lorde (que é uma estrela desde a adolescência), Little Simz (que veio ao Primavera Sound do Porto em 2022 e já canta com os Gorillaz), ou a sequência de nomes clássicos do rock como os The Walkmen, Yo La Tengo e Wilco, e partilhamos dicas sobre os artistas mais improváveis que poderão deixar uma marca em Paredes de Coura que dure durante muitos anos.

O Vodafone Paredes de Coura volta à Praia Fluvial do Taboão entre os dias 16 e 19 de agosto, depois de quatro dias do festival Sobe à Vila no centro da localidade.

A garota não
17 de agosto - 18h00 - Palco Yorn

O festival é português e, por isso, só faz sentido começar com um nome português. E que 2023 teve A garota não (assim mesmo, em minúsculas). O projeto de Cátia Oliveira não é propriamente recente, mas ganhou sem dúvida uma notoriedade muito maior ao longo do último ano, após o lançamento de ‘2 de Abril’, um dos melhores álbuns portugueses de 2022.

As músicas de A garota não são viagens políticas, são manifestos democráticos em prol de uma sociedade mais inclusiva, mais justa e que, aliadas à voz forte e incisiva de Cátia Oliveira, se refletem em concertos cuja intensidade é difícil de encontrar na música portuguesa atual.

A garota não é também uma herdeira da canção de protesto, uma setubalense que grita a liberdade e, apesar da sua força, também consegue ser uma fonte de delicadeza. A hora marcada não é a melhor - no palco secundário, às 18 horas, numa altura em que muitos ainda estão na praia ou a pensar no jantar -, mas fica o incentivo para que a rotina do segundo dia seja alterada para não se perder um nome que será, sem dúvida, muito repetido na cultura nacional nos próximos anos.

Domi & JD Beck
18 de agosto - 20h25 - Palco Vodafone

Se a música fosse um desporto de alta competição, não havia quem não pedisse a Domi Louna e a JD Beck para fazerem testes de doping. Aos cinco anos, a francesa Domi já estava num conservatório a estudar piano e jazz; e aos dez, o texano JD já tocava bateria e era um portento da percussão, tocando com membros da banda de Erykah Badu. Juntos, já trabalharam com nomes como Thundercat, Anderson .Paak, Herbie Hancock, Ariana Grande, Bruno Mars, etc..

Conclusão: estamos na presença de autênticos prodígios do jazz de fusão, com um potencial incomensurável. Os dois, sozinhos em palco (uma espécie de Snarky Puppy condensados), são capazes de encher qualquer sala, e são incontáveis os vídeos de músicos e compositores a ficarem de queixo na cave ao vê-los tocar.

O concerto é ao início da noite, uma altura do dia marcado por bons concertos de outros nomes que se dividem entre o jazz e o rock alternativo (recordamos BADBADNOTGOOD, há uns anos). É fundamental, portanto, não perder a atuação do duo enigmático e convém levar palitos para colocar nos olhos, à ‘Mr.Bean’, não vá um piscar de olhos deixar escapar um dos muitos solos esperados.

Jessie Ware
16 de agosto - 00h30 - Palco Vodafone

Jessie Ware esteve recentemente em Portugal, no MEO Kalorama, e já está de volta com aquele que será o seu melhor álbum até aqui. Agora, tem o caminho aberto para abrir a pista de dança do Vodafone Paredes de Coura, que se vai encher de luz e de positivismo depois de vazar a maré de rock da sequência de Dry Cleaning, Yo La Tengo e Frank Carter & The Rattlesnakes.

‘That! Feels Good’ é um hino à dança, ao disco pop queer. É um álbum poderoso, positivo e colorido, uma bomba de energia que Jessie Ware resume eximiamente em dois versos na faixa inaugural do disco: "Freedom is a sound, and pleasure is a right. Do it again."

Paredes de Coura é um festival de rock, de música alternativa, que, como muitos outros festivais, tem percebido que os ouvidos do ‘festivaleiro alternativo’ também sabem acolher reggaeton, funk e, sim, também disco. Jessie Ware irá quase certamente fazer da relva do anfiteatro de Coura uma pista para que todas, todos e todes se soltem, se divirtam e se sintam à vontade para existir na sua plenitude.

Tim Bernardes
17 de agosto - 18h40 - Palco Vodafone

No extremo quase oposto do espectro está Tim Bernardes, que lançamos como o concerto perfeito para ver sentado. A música do brasileiro é ‘terna’ (o trocadilho é intencional) e, com o pôr do sol a bater nas costas do palco, a atuação às 18h30 tem tudo para ser a dose perfeita de acalmia, de tranquilidade e de bem-estar antes de uma noite de festa.

Tim já veio a Portugal vezes suficientes para sabermos o que esperar, seja a solo ou com O Terno, a banda de indie rock brasileira que lidera. De voz doce e jeito simpático, o paulista é uma injeção de bondade e apresenta uma música brasileira que vai ganhando cada vez mais destaque, mesmo quando bossa nova ainda domina as preferências musicais de muitos.

‘Mil Coisas Invisíveis’ é carregado de mensagens e de sentimentos nos quais muitos jovens se irão rever, traduzindo com delicadeza o medo do amanhã, do estar sozinho, do mundo lá fora, mas também a beleza na vida e na simplicidade que o amor muitas vezes traz.

Ouvir o álbum é a porta de entrada mais fácil de abrir, mas a interpretação de Tim Bernardes das músicas de Gal Costa é talvez uma montra ainda melhor para os momentos bonitos que esperam o público de Paredes de Coura.

Lee Fields
19 de agosto - 18h00 - Palco Vodafone

O último dia promete uma enchente bem cedo graças a Lorde, o que antecipa condições perfeitas para Lee Fields atuar. Quem se lembra de Paredes de Coura de 2018, lembra-se do fantástico concerto de Myles Sanko, às 18h00, em frente ao público que esperava por Arcade Fire, e aqui deverá acontecer uma história semelhante.

Lee Fields é um monstro do soul, começando a sua carreira no final dos anos 60 e mantendo-se ativo ainda hoje. Os críticos (e até o próprio) comparam-no rapidamente a James Brown, devido às semelhanças vocais, mas o estilo de Fields é bem diferente, mais complexo, mais gutural e mais intemporal.

Aos 73 anos, o cantor continua com uma enorme presença em palco e a sua representação da música e cultura negra norte-americana tornam o concerto, marcado para o início do dia, imperdível, esperando-se o mesmo tipo de emoções e de nostalgia que Charles Bradley deixou nas margens do rio Coura.

Explosions In The Sky
19 de agosto - 21h10 - Palco Vodafone

O último nome sugerido é uma batota assumida, depois da prometida exclusão de nomes grandes e/ou clássicos. Mas Explosions In The Sky são o tipo de banda que merece um destaque isolado, não só pelo tipo de música que praticam, mas pela experiência sensorial e etérea que oferecem nas suas performances ao vivo.

A banda do Texas é elogiada por críticos praticamente desde que nasceu, e por bons motivos. O seu post-rock instrumental, marcado por grandes composições, cairá como uma luva a uma grande porção do público de Paredes de Coura, habituado ao indie alternativo, ao shoegaze e às ondas de som que preenchem o recinto e transbordam pela noite fora.

Se já ficou de alma cheia com bandas como Mogwai ou Slowdive (que não são instrumentais, mas têm esta característica semelhante de nos deixar presos ao chão e de olhos fixados no horizonte a receber a música), então este concerto será sem dúvida o indicado para si.

O oitavo álbum dos Explosions In The Sky, ‘End’, será lançado em setembro deste ano. É o primeiro disco em sete anos, portanto será também de esperar pelo menos uma amostra do próximo trabalho do grupo.

Menções honrosas

Excluímos Black Midi e Sleaford Mods da lista final por mera uma questão de preferência (ou, neste caso, de falta dela) pela declamação punk e experimental de ambos os conjuntos britânicos, mas, com o sucesso crescente da prosa britânica aliada ao rock - um estilo protagonizado pelos irreverentes e poderosos IDLES -, ambas as atuações poderão ser ‘highlights’ do festival.

Kokoroko merecia um lugar nas sugestões, após o lançamento do seu primeiro LP em 2022. O seu crescimento ainda agora começou, portanto talvez seja cedo para pedir um maior destaque - o grupo de jazz misturado com afrobeat atua às 18h40 -, mas é uma questão de tempo até Kokoroko serem um nome constante nos festivais de verão por aí fora.

Por fim, Dry Cleaning é aquela banda que parece que tem uma carreira de décadas, mas ainda agora começou a mostrar todo o seu potencial. O grupo liderado por Florence Shaw vai abrir o palco principal logo no primeiro dia, aproveitando o entusiasmo que marca o início de cada Paredes de Coura.

Eis os horários para a edição deste ano do Vodafone Paredes de Coura:

Dia 16:

Palco Vodafone

18h45 - Dry Cleaning

20h35 - Yo La Tengo

22h40 - Frank Carter & The Rattlesnales

00h30 - Jessie Ware

02h10 - Bicep (Live)

Palco Yorn

17h10 - Evols

18h00 - Calibro 35

19h45 - Snail Mail

21h55 - Julie

23h50 - Squid

03h05 - Special Interest

04h00 - Nuno Lopes

Dia 17:

Palco Vodafone

18h40 - Tim Bernardes

20h15 - The Brian Jonestown Massacre

22h00 - The Walkmen

00h00 - Loyle Carner

01h40 - Fever Ray

Palco Yorn

18h00 - A Garota Não

19h25 - Avalon Emerson & The Charm

21h00 - Sudan Archives

23h00 - Desire

02h40 - Joe Unkown

03h30 - Sofia Kourtesis DJ Set

Dia 18:

Palco Vodafone

18h40 - Kokoroko

20h25 - Domi & JD Beck

22h15 - Yung Lean

00h15 - Black Midi

01h45 - Little Simz

Palco Yorn

18h00 - Chinaskee

19h40 - Expresso Transtlântico

21h25 - Thus Love

23h15 - The Last Dinner Party

02h45 - MADMADMAD

04h00 - Kenny Beats

Dia 19:

Palco Vodafone

18h00 - Lee Fields

19h30 - Sleaford Mods

21h10 - Explosions in the Sky

23h00 - Wilco

01h00 - Lorde

Palco Yorn

17h30 - indignu

18h50 - Yin Yin

20h30 - Crack Cloud

22h10 - Les Savy Fav

02h20 - Ascendant Vierge

03h25 - Antal

Leia Também: Anunciados horários para o 30.º aniversário do Vodafone Paredes de Coura

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