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Correspondência entre Camus e Maria Casarès ganha leitura encenada

Correspondência amorosa entre Albert Camus e a atriz Maria Casarès dão o mote às leituras encenadas que A Barraca realiza de 3 a 18 de dezembro, paralelamente à peça "O mal entendido", de Camus, em cena no Cinearte, em Lisboa.

Correspondência entre Camus e Maria Casarès ganha leitura encenada
Notícias ao Minuto

09:53 - 24/11/22 por Lusa

Cultura A Barraca

As leituras de "Camus & Casarès -- Correspondência amorosa" partem da edição de 2017, feita pela francesa Gallimard, do volume "Albert Camus Maria Casarès -- Correspondance 1944 -- 1959", um volume prefaciado e organizado pela filha do Nobel da Literatura, Catherine Camus, que dá conta de uma relação amorosa entre o escritor e a atriz, refere A Barraca.

Filha de um republicano espanhol no exílio, e também ela exilada com a mãe em Paris, Maria Casarès nasceu na Corunha, tendo-se cruzado a primeira vez com Camus em 19 de março de 1944. Ela tinha 22 anos, ele 30.

Maria Casarès estreou-se no Théâtre des Methurins, na altura em que Camus publicava "O estrangeiro" na Gallimard, numa época em que o escritor fazia parte da Resistência à ocupação nazi e vivia em Paris, afastado da mulher, a professora de matemática e pianista Francice Faure, que vivia na Argélia.

"Impressionado com o talento da atriz, Albert Camus confia-lhe o papel de Marta na sua peça de teatro 'O mal entendido', em junho de 1944", lê-se na apresentação das leituras divulgada por A Barraca, acrescentando que o escritor e a atriz "se tornaram amantes na noite do desembarque na Normandia", no que foi "apenas o prelúdio de uma grande história de amor, que só virá a começar verdadeiramente em 1948".

Até à morte acidental do escritor, em janeiro de 1960, Camus e Casarès nunca pararam de escrever um ao outro, sobretudo durante os tempos em que estiveram separados, por motivos profissionais.

A relação entre ambos, e a correspondência em particular, foi abordada pela própria atriz na sua autobiografia, "Résidente privilégiée", publicada em 1980.

Com uma carreira de mais de meio século, Maria Casarès foi uma intérprete constante das peças de Camus e uns dos nomes maiores do Festival d'Avignon, da Comédie-Française - de que foi a primeira atriz não francesa - e do Théâtre National Populaire, dirigidos por Jean Vilar.

A atriz estreou-se no cinema em 1945, no filme de Marcel Carné "Les enfants du paradis", e entrou igualmente noutros grandes clássicos, como "Les dames du Bois de Boulogne", de Robert Bresson, e "Le Testament d'Orphée", de Jean Cocteau.

Casarès obteve a nacionalidade francesa em 1975. Morreu em 22 de novembro de 1996, um dia depois de completar 74 anos.

A atriz e encenadora Rita Lello, que traduziu as cartas para "Camus & Casarès -- Correspondência amorosa", organiza, coordena e encena as leituras, e também será Maria, enquanto Ruben Garcia será Camus e, Samuel Moura, o leitor.

As leituras decorrem no contexto da apresentação da peça de Camus "O mal entendido", em cena no Cinearte, por A Barraca, com encenação de Maria do Céu Guerra.

As leituras de "Camus & Casarès" terão sessões aos sábados, às 19:30, e, aos domingos, às 15:30.

A cenografia é de Miguel Figueiredo, o guarda-roupa de Marta Iria, o desenho de luz de Vasco Letria e a sonoplastia e operação de som de Ricardo Silva.

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