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Casa da Música rejeita ter beneficiado indevidamente mecenas

A Fundação Casa da Música rejeitou hoje o benefício indevido de mecenas, do qual foi acusada numa denúncia anónima divulgada 'online', salientando que tem sido "absolutamente transparente" quanto ao tratamento dado aos seus mecenas.

Casa da Música rejeita ter beneficiado indevidamente mecenas
Notícias ao Minuto

19:38 - 20/10/22 por Lusa

Cultura Casa da Música

Num comunicado enviado à imprensa, o Conselho de Administração da Fundação Casa da Música destacou que "tem sido absolutamente transparente a este propósito, como o demonstra o facto de explicitar, em documentos como o 'Plano de Atividades e Orçamento', o tratamento dado aos seus mecenas e apresentar as medidas tomadas para atrair mais mecenas e manter os já existentes".

A Fundação Casa da Música é acusada, numa denúncia noticiada hoje pelo jornal Público, de violar o Código de Contratos Públicos e o Estatuto do Mecenato ao oferecer supostos benefícios comerciais aos seus mecenas.

A denúncia, intitulada "Casa da Música: uma rapsódia só", está exposta num 'site' com o nome "Fugas da Casa", que descreve formas usadas por empresas privadas para, "aproveitando o seu duplo estatuto de mecenas e membros dos órgãos de gestão da Fundação Casa da Música (financiada pelo Estado com 10 milhões de euros anuais), retirarem benefícios próprios ilegais que ascendem a muitos milhares de euros por ano".

Ao longo de sete secções - cinco "fugas" e dois "episódios" -, são expostos alguns dos negócios que terão, alegadamente, beneficiado empresas representadas no conselho de administração e no conselho de fundadores da Casa da Música.

Segundo a denúncia, estes negócios representam "o incumprimento de legislação em, pelo menos, dois domínios: o Estatuto do Mecenato, que proíbe os benefícios comerciais e publicitários em troca de apoio mecenático, e o Código dos Contratos Públicos, que obriga as instituições com financiamento estatal maioritário a procedimentos transparentes na contratação de serviços a partir de 5.000 euros".

"Os casos aqui expostos representam negócios bem acima deste valor", lê-se na denúncia que é acompanhada da digitalização de centenas de faturas e, em alguns casos, de correspondência comercial e comunicações internas da fundação.

De acordo com o texto, a informação em causa foi enviada, no ano passado, ao Tribunal de Contas, à Inspeção-Geral de Finanças, ao Ministério Público e à Polícia Judiciária.

A Fundação Casa da Música argumenta que "as contratações referidas na denúncia não constituíram, para as empresas em causa, um benefício indevido, uma vez que apenas foram remuneradas pelos fornecimentos realizados e serviços efetivamente prestados, a valores competitivos, não tendo a Fundação, também por essa razão, suportado qualquer prejuízo económico na contratação dos fornecimentos e serviços".

Além disso, recorda a sua "singularidade jurídico-institucional, que reclama uma forte relação com o setor privado, quer na composição dos seus órgãos sociais, quer no estabelecimento de relações de mecenato e de patrocínio", destacando que "as relações mecenáticas que certas empresas estabelecem com a Fundação ou o exercício de cargos corporativos por certas pessoas não podem servir como fundamento para as afastar -- pessoas e empresas -- de prestarem serviços ou de fazerem fornecimentos à Casa da Música, tanto mais que, em certos casos, isso significaria tornar os mercados concorrenciais mais exíguos ou mesmo afastar alguns dos melhores operadores do mercado".

No comunicado, a fundação dá conta de que tinha conhecimento da informação divulgada no 'site' "Fugas da Casa", "uma vez que deu origem a uma denúncia, do mesmo teor e também anónima, da qual a fundação foi notificada, para efeitos de pronúncia, pelo Tribunal de Contas, no final do ano de 2021, e reportada a factos pretensamente ocorridos no período 2009-2021".

A fundação refere ainda não ter sido, "até ao momento, notificada de qualquer diligência do Ministério Público a respeito da mesma informação".

Quanto ao processo aberto pelo Tribunal de Contas, a Casa da Música disse ter-se pronunciado "sobre os vários casos que foram apresentados", tendo prestado "todos os devidos esclarecimentos" e juntado "a documentação de suporte à contratação de fornecimentos e serviços, bem como às relações de patrocínio e mecenato que mantém".

Para a fundação, "os esclarecimentos prestados demonstram a improcedência das acusações feitas e agora renovadas junto da Comunicação Social, evidenciam erros técnicos de análise, incorreto enquadramento jurídico e desconhecimento de factos relevantes da atividade da Casa da Música".

Considera a fundação "estar absolutamente demonstrado que a determinação dos seus fornecedores e prestadores de serviços partiu de escolhas e análises concorrenciais e de eficiência económica, e sempre tendo como princípio norteador a defesa dos interesses da Casa da Música".

A Fundação Casa da Música aguarda "com absoluta serenidade, a mesma com que atuará quando e se for notificada pelo Ministério Público a respeito destes mesmos temas", a decisão do Tribunal de Contas.

A Casa da Música, no Porto, é o primeiro edifício construído em Portugal exclusivamente dedicado à Música. O investimento do Estado português para a sua construção foi de 111 milhões de euros, disponibilizando ainda um financiamento público anual, que foi de 10 milhões de euros em 2021.

Leia Também: Denúncia anónima acusa Casa da Música de favorecer mecenas

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