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Portugal tem 168 mil documentos sonoros "em grande risco" de degradação

Portugal tem pelo menos 168.000 documentos sonoros "muito importantes e em grande risco" de degradação, e que serão os primeiros a serem digitalizados pelo Arquivo Nacional do Som, revelou hoje Pedro Félix, responsável pela instalação do projeto.

Portugal tem 168 mil documentos sonoros "em grande risco" de degradação
Notícias ao Minuto

16:23 - 15/12/21 por Lusa

Cultura PRR

"Não há tempo a perder. A partir de 2025 vai ser muito difícil extrair informação contida em suportes de som, pela degradação dos materiais, mas sobretudo pela obsolescência tecnológica", afirmou o antropólogo, numa sessão de apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a Cultura, em Lisboa.

No âmbito do PRR, está previsto o investimento de dois milhões de euros, no final de 2024, para a concretização do Arquivo Nacional do Som, que ficará instalado em Mafra.

"Ao longo de 2022 vamos dedicar o esforço à construção da infraestrutura arquivística", estando prevista a aquisição dos equipamentos em 2024, disse Pedro Félix.

"O objetivo do investimento no contexto do PRR é dotar o país de uma infraestrutura, adequada, eficaz e sustentável para permitir a preservação" do património sonoro português, cujo universo ultrapassa as 600.000 unidades de som.

Segundo o antropólogo, 67% dos 600.318 bens sonoros documentais portugueses contabilizados estão sob tutela direta ou indireta do Estado.

Pedro Félix sublinhou que "é urgente" tratar e digitalizar cerca de 168.000 documentos sonoros (28% do universo total) no espaço de uma década.

"A vida útil dos suportes é limitada. A digitalização é determinante. Até agora, muitas das ações de preservação têm sido marcadas por uma certa inconsistência", lamentou.

O Arquivo Nacional do Som será "uma estrutura arquivística focada nos documentos sonoros" em qualquer "suporte, sistema, ou formato hoje conhecidos ou a ser inventados", lê-se na página oficial.

A principal função do arquivo será criar, reunir, catalogar, preservar e tornar acessíveis documentos áudio, que tenham uma relação com um contexto português ou com a língua portuguesa. Esse documento pode ser um discurso, uma conversa, uma música, uma paisagem sonora.

A primeira vez que em Portugal se falou da necessidade de criar um arquivo nacional para o som, tal como existe para as imagens em movimento, para os livros ou para a fotografia, foi em 1935, com a criação da antiga Emissora Nacional.

Em julho de 2020, a UNESCO publicou os resultados de um estudo que alerta "para uma situação dramática: A partir de 2025 os suportes magnéticos muito dificilmente poderão ser lidos", sublinhou Pedro Félix.

"Temos de intervir. A janela de intervenção é muito curta. Estimamos que entre 10 a 15 anos é o tempo de oportunidade para intervir na preservação deste conteúdo", reforçou.

O Arquivo Nacional do Som ficará instalado em Mafra, mediante um protocolo assinado a 03 de dezembro entre o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal.

A autarquia vai disponibilizar um imóvel para a instalação do Arquivo, bem como executar o programa preliminar e o projeto de arquitetura, num trabalho concertado entre a equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som e a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas.

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