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"Acho que vivemos a melhor era de sempre em relação ao público de jazz"

Sandro Norton inaugurou recentemente a Atlantic Music Performance Institute, em Matosinhos, projeto que demorou "seis anos" a conseguir colocar de pé. Uma novidade que foi o grande destaque desta conversa com o Notícias ao Minuto.

"Acho que vivemos a melhor era de sempre em relação ao público de jazz"
Notícias ao Minuto

09:45 - 26/11/21 por Marina Gonçalves

Cultura Sandro Norton

Músico de jazz internacional, Sandro Norton é natural da cidade do Porto e foi o Norte do país o destino escolhido para lançar um projeto muito especial: a Atlantic Music Performance Institute.  

Em conversa com o Notícias ao Minuto, o artista falou abertamente sobre a academia de música, em Matosinhos, tendo comentado também a relação do público português no que ao jazz diz respeito. 

E o que é que Portugal dá de melhor e de pior aos artistas? Esta foi outras das questões respondidas por Sandro Norton. 

Inaugurou recentemente a Atlantic Music Performance Institute. O que distingue esta academia de outras?

Esta academia conta com um método de ensino único e inovador. Além das parcerias com duas universidades britânicas e americanas, onde desenvolvemos no instituto métodos de instrumentos com mais de 25 anos de experiência, contamos com um método único de ensino com resultados muito satisfatórios nos últimos 20 anos. Mais de 200 alunos ingressaram no ensino superior de música nacional e internacional, graças aos métodos propostos.

Pedra a pedra ir construindo o castelo, já Fernando Pessoa o dizia. Demorei seis anos para construir a escola

Já tem muitas inscrições? Pretende expandir este projeto?

Temos tido muita adesão, sim! Temos números limitados para cada instrumento uma vez que nos focamos em cada aluno enquanto projeto. As parcerias irão desenvolver-se, sim, em outras cidades, mas por agora estamos a otimizar os nossos serviços no Porto.

Um sonho antigo que conseguiu agora concretizar… Como foi o caminho até chegar à inauguração?

Pedra a pedra ir construindo o castelo, já Fernando Pessoa o dizia. Demorei seis anos para construir a escola. Fizemos o chão, teto, isolamento acústico, isolamento térmico, isolamento sonoro. No fundo criar todas as condições de raiz para que o aluno possa desfrutar das melhores condições de aprendizagem musical. Usei referências internacionais, nomeadamente os institutos onde tive a oportunidade de estudar e mais tarde lecionar.

Paixão, Paciência, e Perseverança. Sem estes três elementos nada se consegue na vida

A abertura da escola foi exatamente como idealizou?

Foi muito bonito ter chegado ao dia zero. Sem dúvida um marco importante, pois as dificuldades que foram aparecendo foram mais que muitas. Desde as certificações internacionais, até à abertura de portas. Gostei de rever as pessoas que fizeram parte do processo, os professores e os meus amigos. Não poderia ter desejado melhor abertura.

Quais os principais valores e aprendizagens que quer transmitir aos alunos da Atlantic Music Performance Institute?

A teoria dos 3 p's - Paixão, Paciência, e Perseverança. Sem estes três elementos nada se consegue na vida. Aqui no nosso universo temos as melhores condições físicas e de metodologias, mas os alunos têm que ser eles a trabalhar no duro, porque vida profissional de músico requer um compromisso muito grande com a arte.

Vivemos a melhor era de sempre em relação ao público de jazz

Conta com docentes internacionais e nacionais, entre eles Rui Reininho, Mário Barreiros ou a cantora Maria João. Como foi o processo de seleção destes docentes?

Muito tranquilo já que eles acreditaram desde muito cedo no projeto. É uma mais valia para o instituto ter o know how do Mário, da Maria João, do Rui, e também de outros professores que temos disponíveis. Temos a elite de professores de música concentrada no instituto.

Com todos estes anos de carreira, e com experiências lá fora, o que é que Portugal dá de melhor e de pior aos artistas?

Portugal dá excelentes condições de trabalho. A meu ver, o problema resume-se a falta de continuidade com qualidade. Conseguimos ter cinco a dez excelentes concertos nacionais por ano. Falo no meu lado erudito. Obrigatoriamente tenho que tocar no Japão, Alemanha e Estados Unidos para equilibrar a agenda de concertos.  Obviamente, os cachets que se praticam deveriam ser repensados, mas estamos num círculo onde muitos precisam de ganhar dinheiro, e fica difícil satisfazer todas as partes.

Falando mais especificamente sobre o jazz, como é visto em Portugal? Sente que há muito público apreciador deste estilo musical?

Acho que vivemos a melhor era de sempre em relação ao público de Jazz. Nota-se que as pessoas estão muito mais familiarizadas com o estilo.

Mais algum projeto em carteira para concretizar num futuro próximo?

Sim, estou a gravar um disco novo nos Estados Unidos, que conta com a produção de Steve Rodby (meu herói de infância), Paul Wertico na bateria e Makoto Ozone no piano. Um quarteto de luxo, e que me tem dado muito prazer. É fantástico ter a oportunidade de colaborar com estes músicos fabulosos!

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