'Outras Paragens' reúne textos de viagem de Eça de Queirós
A obra 'Outras Paragens' reúne alguns escritos de viagem e sobre viagem, de Eça de Queirós, um autor cuja obra "está marcada pela omnipresença da viagem", afirma o escritor Francisco José Viegas na nota de abertura.
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A obra 'Eça de Queirós. Outras Paragens. Uma Pequena Antologia. A Arte de Viajar Para Conhecer o Mundo dos Outros' é publicada na coleção 'Terra Incógnita', da Quetzal, dedicada à Literatura de viagens.
Como realça Viegas no seu texto, as personagens de Eça viajam, no presente ou no passado, "o autor viaja" e vários romances seus são "atravessados por viagens e evocações de viagens", de Lisboa até Sintra, de Lisboa a Paris, da capital francesa até Tormes, no Douro, ou de Oliveira de Azeméis e Ovar até Lisboa.
Sobre esta antologia, dividida entre textos de ficção e, uma outra, que inclui textos jornalísticos, crónica e correspondência, Viegas adverte que não inventaria o universo das viagens na obra queirosiana, "mas parte do princípio de que o seu gosto pela viagem, ou a sua demanda de exotismo quanto de cosmopolitismo, não pode ler-se independentemente do seu olhar sobre as civilizações, os outros povos e nações, a vida das cidades, as crises diplomáticas, o conhecimento da história e das minudências da política".
Na obra de Eça, a viagem, sublinha Viegas, "não é um suplemento de cor" ou "um recorte puramente literário", "mas uma condição da sua própria existência".
Viegas recorda que José Maria Eça de Queirós (1845-1900) "na maior parte das vezes viajou por necessidade e não como turista". Eça foi diplomata, com colocações em Bristol e Newcastle, no Reino Unido, Havana, em Cuba, e Paris, onde morreu.
"A importância da viagem para a formação literária [de Eça de Queirós] é nítida", defende Francisco José Viegas na nota de abertura, que intitula: "Sem Viagem não Teríamos Eça", referindo que a viagem "libertou" o escritor.
"Se acreditarmos no poder transformador das viagens, como acreditavam iluministas e os primeiros românticos", elas influenciaram Eça de Queirós, como o notou a investigadora Maria Filomena Mónica, segundo quem "o exotismo real matou, em Eça, o rebuscado literário".
Na opinião de Viegas, a viagem proporciona a Eça "os subtis instrumentos para [a sua] inflexão de estilo", e "um modo de olhar que não fica refém do provincianismo literário coimbrão ou lisboeta".
Esta antologia inclui excertos da 'Correspondência de Fradique Mendes'(1900), 'Os Maias' (1888), 'A Cidade e as Serras', e 'A Relíquia' (1887).
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