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"As pessoas entraram em piloto automático, não param para refletir"

Agatha Arêas, vice-presidente de Learning Experience do Rock in Rio, fala sobre o Humanorama, um "festival de conversas" onde a música é outra: vários artistas, portugueses e brasileiros, vão conversar entre si sobre variados temas, num evento totalmente digital e gratuito.

"As pessoas entraram em piloto automático, não param para refletir"

Esta terça-feira, foram anunciados mais nomes para o Humanorama, o novo projeto do Rock in Rio que juntará várias vozes portuguesas e brasileiras, entre os dias 14 e 17 de setembro, para um exercício de diálogo com o ser humano no centro. Quem quiser fazer parte da conversa, só precisa de preencher um formulário de inscrição, uma vez que o evento é totalmente digital e gratuito.

"Nós somos apaixonados por gente", disse, ao Notícias ao Minuto, Agatha Arêas, vice-presidente de Learning Experience do Rock in Rio, explicando assim a ideia por trás do Humanorama. "Construir memórias afetivas, inspirar as pessoas, criar um ambiente seguro para as pessoas se poderem expressar, se poderem conectar: isto é o que nos move, sempre".

O Humanorama, explica, é a nova face de um projeto que já tinha sido criado em 2018, mas com outro âmbito, o Innovation Week. Depois de dois anos de evento-boutique e de um ano de pandemia, que obrigou à migração obrigatória para o digital, chegou também a necessidade de reformular o conceito. "Percebemos que havia um monte de eventos que falavam de inovação tecnológica, mas nenhum a falar sobre aquilo que viemos a apelidar de inovação humana", indicou Agatha Arêas.

Com a migração para o online, abriram-se novas possibilidades. "Como o Rock in Rio é muito orgulhoso da ponte que sempre existiu entre Brasil e Portugal, decidimos que esta primeira edição, neste formato, iria assentar muito sobre esta ponte. Temos metade da programação composta por brasileiro e metade composta por portugueses, estando sediados em Portugal, no Brasil e noutras nacionalidades. Como a logística é mais simples, também pudemos fazer o projeto gratuito", sublinhou.

Acho que muito do ambiente polarizado que estamos a viver no mundo inteiro - esta dinâmica de antagonização e polarização - é porque as pessoas entraram em  piloto automático

Embora os últimos dois anos tenham sido dominados pela crise de saúde pública causada pelo novo coronavírus, estava já em andamento uma outra mutação, de ordem social, que transformou a forma como as pessoas se relacionam com a política e até entre si. Estas alterações sociais, diz-nos Agatha Arêas, não passaram ao lado. "Eu acho que muito do ambiente polarizado que estamos a viver no mundo inteiro - esta dinâmica de antagonização e polarização - é porque as pessoas entraram em piloto automático. As pessoas não param para refletir, para usar essa capacidade humana incrível que é pensar".

A responsável também sublinha a importância da empatia. "Também é necessário desenvolver um olhar empático sobre as coisas. Criou-se muito a ideia de que ou estás comigo ou contra mim. É preciso conversar. Ainda que não concordemos com uma opinião ou com uma decisão - temos esse direito -, pelo menos vamos entender, minimamente, como é que aquela pessoa chegou ali. E vamos poder dialogar. E queremos muito promover isso. Por isso é que, no Humanorama, não temos palestras, temos conversas. É um festival de conversa".

Notícias ao Minuto Agatha Arêas é vice-presidente de Learning Experience do Rock in Rio© Reprodução  

E quem estará à mesa? O festival já anunciou nomes como Gabriel o Pensador, Marisa Liz, Fábio Porchat, Gilberto Gil, Capicua, Sam The Kid, Monja Coen, Isabel Silva, a escritora Rosana Hermann, o músico Preto Zeze, Christian Rôças (Crocas), CEO da Porta dos Fundos, ou Gisela Oliveira, Talent Acquisition Manager na Blip.

As conversas serão divididas pela organização, que escolherá os intervenientes, e quem quiser poderá assistir, desde que se inscreva, podendo até fazer uso da sala de mensagens do direto (nas conversas em que se aplique) para dar a sua opinião. O formato de conversa não foi escolhido ao acaso. "É mais dinâmico, mais interessante e estamos, também, a tentar trazer pessoas diferentes para a mesma mesa de conversa. Nunca uma só a falar sozinha. Essas pessoas terão sempre backgrounds, etnias, projetos de vida diferentes. Histórias diferentes. Para que se possa, realmente, treinar de novo a empatia".

Nunca nada voltará a ser como antes

E o Rock in Rio, voltará a ser como era antes? "Nunca nada voltará a ser como antes. No mundo, espero, que temos aprendido muitas coisas, muitos véus caíram e todos nós estamos a ter oportunidade de aprender. Espero que saiamos com saldo positivo a nível humano", começou por dizer Agatha Arêas.

Ainda que estejam a ser feitas as adaptações necessárias, garante a responsável, a espinha dorsal do Rock in Rio será sempre o evento presencial. "Continuamos a acreditar muito na convivência, nas milhares de pessoas reunidas, no Brasil ou em Portugal, na Cidade do Rock. Estamos, obviamente, atentos a todas as medidas e o que tiver de ser mudado vamos mudar para que todas as pessoas estejam em segurança. Ao mesmo tempo, temos estudado ferramentas de como criar universos paralelos, para estender o Rock in Rio da Cidade do Rock ao mundo digital, mas que, para nós, serão sempre universos paralelos ao nosso grande evento. Porque o evento presencial, para nós, é o momento da construção dessa troca humana".

Leia Também: Gilberto Gil, Capicua e Sam The Kind no Rock in Rio Humanorama

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