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Nova temporada do Teatro São Carlos desenhada "com prudência"

A próxima temporada do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) aposta nos artistas portugueses, foi desenhada "com prudência", por causa da pandemia, e com limitações no coro e na orquestra sinfónica, revelou à Lusa a diretora artística, Elisabete Matos.

Nova temporada do Teatro São Carlos desenhada "com prudência"
Notícias ao Minuto

09:39 - 29/07/21 por Lusa

Cultura Teatro

Segundo Elisabete Matos, a programação completa da nova temporada será anunciada em setembro, mês em que deverá também ser revelado quem sucederá a Joana Carneiro, maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, que já tinha anunciado a saída, aprazada para o final do ano.

"Há uma escolha feita, está praticamente decidido e será comunicado atempadamente, sobretudo pelo que significa a presença de Joana Carneiro nesta casa", disse.

A próxima temporada foi desenhada com 1,4 milhões de euros de orçamento, "exatamente igual" ao da temporada anterior, e abrirá, na vertente sinfónica, a 12 de setembro com uma atuação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com direção de Joana Carneiro e o pianista Artur Pizarro. Será interpretado o Concerto Si bemol Maior, para piano e orquestra de cordas, de Armando José Fernandes, um dos mais raros, nas programações ao vivo, a par da versão para ensemble do Concerto para Orquestra, de Béla Bartók.

A temporada lírica arrancará a 29 de setembro, no TNSC, com a ópera "Iolanta", de Tchaikovski, com a soprano russa Zarina Abaeva.

Será uma versão de concerto desta ópera, com o coro e a orquestra sinfónica, porque o teatro lírico não tem ainda autorização para utilizar o fosso de orquestra, por causa das medidas de restrição da covid-19.

"É uma temporada prudente, não na qualidade, porque temos já bastantes convidados, bastantes pessoas de fora, mas prudência porque ainda não ultrapassámos esta pandemia. Por isso é que decidimos, embora a programação esteja preparada até junho [de 2022], decidimos só anunciar de setembro a dezembro, para saber como é que se desenvolve" a pandemia, disse a diretora artística, em entrevista à agência Lusa.

Em novembro haverá uma versão 'semi-encenada' de 'Ariodante', de Handel, que transita da programação anterior, por impedimentos relacionados com a covid-19. A estreia está marcada para 02 de novembro, no São Carlos, com encenação de Mario Pontiggia, direção musical de Antonio Florio, o maestro e musicólogo italiano, fundador de La Cappella de Turchini. A interpretação conta com Cecilia Molinari, no papel de Ariodante, Ana Quintans, como Ginevra, e Yury Minenko, em Polinesso.

Para dezembro, foi programada a apresentação, em concerto, da última ópera de Mozart, 'La clemenza di Tito', com Airam Hernández, como protagonista, Susana Gaspar, em Vitellia, e Anne Stephany, em Sesto, com direção de Antonio Pirolli.

Da temporada coral-sinfónica, Elisabete Matos destacou o concerto de homenagem a cantores portugueses, a 13 de novembro no TNSC, com a participação das sopranos Dora Rodrigues, Carla Caramujo, da meio-soprano Cária Moreso, do tenor Luís Gomes, do barítono Luís Rodrigues e do baixo João Oliveira.

Elisabete Matos lamenta que a utilização dos corpos artísticos esteja ainda limitada pela covid-19, e lembra a "sensação incómoda" de trabalhar com distanciamento, mas sublinha que a pandemia reforçou a intenção de convocar mais artistas portugueses.

"Sempre foi intenção minha, antes da pandemia, de valorizar os nossos artistas. Dentro da qualidade exigida, sempre que houver possibilidade de ter um cantor português com as mesmas qualidades de um cantor estrangeiro, evidentemente que vou escolher um cantor português. É muito importante manter este pensamento de que os nossos músicos e cantores precisam de trabalhar", disse à Lusa.

Da programação agendada para 2022, Elisabete Matos disse que será recuperada a ópera 'La Bohème', cuja vida em palco foi afetada em 2019 pela greve dos trabalhadores do TNSC, da Orquestra Sinfónica Portuguesa e da Companhia Nacional de Bailado.

No próximo ano deverá estrear-se ainda uma nova composição de Nuno Côrte-Real, encomendada por Elisabete Matos.

Quanto ao orçamento para programar a atual temporada, a diretora artística disse que obrigou "a fazer muitas contas".

"A qualidade tem que entrar dentro do orçamento que nós temos. Quanto mais tivermos, evidentemente que podemos alargar um bocadinho na escolha de nomes. Não quer dizer que não se possam fazer as coisas com a mesma qualidade com pessoas com menos nome. (...) Às vezes é preciso apostar naqueles que começam na carreira", disse.

Sobre a temporada passada, Elisabete Matos recorda que a programação esteve limitada pelo confinamento, pelas restrições em sala, e com natural receio do público.

"Sentimos o medo do público em vir para os locais fechados, que progressivamente está a desaparecer. Agora começamos a sentir que as pessoas vêm com mais confiança, porque sabem que a cultura é segura. Mas houve uma restrição muito grande e diminuição de receita nas entradas do público", disse à Lusa.

Segundo dados do TNSC, em 2020 foram contabilizados 17.267 espectadores em espetáculos, no projeto pedagógico e nas visitas ao edifício, no centro histórico de Lisboa.

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