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Teatro S. Luiz programa duas peças que abordam ameaças à democracia

Uma sociedade distópica na qual um fungo põe fim à democracia é o tema central da peça "Cordyceps", que, no sábado e no domingo, sobe ao palco da sala Mário Viegas do Teatro S. Luiz, em Lisboa.

Teatro S. Luiz programa duas peças que abordam ameaças à democracia
Notícias ao Minuto

13:49 - 09/07/21 por Lusa

Cultura Teatro

A distopia alimenta igualmente uma segunda peça a apresentar nesta sala, nos dias 20 a 25 de julho, no encerramento da temporada, "Democracy has been detected", em que um sistema de vigilância por inteligência artificial, visa o que sai da norma.

A primeira, "Cordyceps", concebida e interpretada por Eduardo Molina, João Pedro Leal e Marco Mendonça -- jovens nascidos nos anos 1990 -, foi buscar o título ao nome de um fungo que existe na realidade, e que se alimenta do hospedeiro até o matar.

"E se hoje [o dia do espetáculo] fosse o último da democracia no mundo?", foi a questão de que os criadores partiram para a construção da peça, na qual fazem uma reflexão sobre política e livre pensamento, disse Eduardo Molina à agência Lusa.

"Um fungo ideológico que é um inimigo invisível, mas que está no meio de nós", acrescentou um dos autores e dos intérpretes da peça.

O espetáculo centra-se muito na memória e como esta determina o modo como se vive e se perceciona o mundo. Pensado antes da pandemia, acabou por mobilizar os três antigos colegas do Conservatório de Lisboa, que começaram a trabalhar juntos depois de se formarem.

"Cordyceps" trata-se de uma peça "política", mas onde a política "é tratada com descontração e humor", porque esta "não tem de ser uma coisa sempre assim tão séria", observou Molina à Lusa.

Fala também de uma sociedade onde "creio que nenhum de nós conseguia viver, já que todos vivemos em democracia", acrescentou.

Estreada em fevereiro de 2020, em Guimarães, a peça que chega agora ao S. Luiz também já foi representada em Coimbra.

Em setembro entrará em nova digressão, que deve passar por S. Miguel, Açores, Guarda, Loulé e Porto, no Teatro Carlos Alberto, onde, em finais de outubro, terá duas representações.

A interpretar "Cordyceps" está também Mestre André, que assina a música original e a sonoplastia do espetáculo, que tem cenografia de Fernando Ribeiro.

A democracia é igualmente o tema da peça que encerra esta temporada de teatro no S. Luiz, "Democracy has been detected", que estará em cena na sala Mário Viegas, de 20 a 25 de julho, e cuja equipa artística é também composta por jovens nascidos no pós-25 de Abril de 1974.

Nesta criação de Diogo Freitas e Filipe Gouveia, que também assina a dramaturgia, a ação central passa-se em Vila Cheia, a capital de um país ficcionado, onde não existem muros ou barreiras que impeçam a entrada.

As ruas são, contudo, vigiadas por robots da Força de Inteligência Artificial, ao serviço do Partido de Inteligência Artificial, que governa o país.

Com este espetáculo, os criadores pretendem discutir um possível caminho para o futuro, numa altura em que a democracia se encontra ameaçada e em que as novas informações e a tecnologia aumentam a uma velocidade alucinante, disse Diogo Freitas à agência Lusa.

É, portanto, um "grito de uma geração" e "um apelo à vivência plena da democracia, não a tomando como garantida ou assunto de outros", frisou.

"Estamos a passar por um caminho perigoso, em que a democracia está a ser posta em causa", frisou o ator, a propósito do espetáculo que agora chega ao S. Luiz e que se estreou em fevereiro de 2020, em Famalicão.

Com interpretação de Ana Lídia Pereira, Daniel Silva, Diogo Freitas, Gabriela Leão e Joana Martins, "Democracy has been detected" tem composição musical e interpretação de Paulo Pires, cenografia de Maria Manadas e figurinos de Matilde Ramos,

O desenho de luz é de Pedro Abreu e, o desenho de som e sonoplastia, de Rafael Maia e Bernardo Bourbon.

De 17 a 25 de julho, na sala Luis Miguel Cintra, o S. Luiz terá em cena "O Cerejal", de Tchekhov, com encenação e conceção plástica de Sandra Faleiro.

A interpretar a derradeira peça escrita por Tchekhov (1860-1904), cujo pano de fundo é o fim de um ciclo político, incluindo a ascensão da burguesia e o declínio da aristocracia, estão Ana Valentim, Cristina Carvalhal, Cucha Carvalheiro, Inês Castro Dias, Joana Campelo, José Leite, Nuno Nunes, Paulo Pinto, Pedro Lacerda, Vítor d'Andrade e Sandra Faleiro.

O desenho de luz é de Rui Monteiro e a sonoplastia de Sérgio Delgado.

Os horários podem ser consultados nas páginas do Teatro S. Luiz.

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