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Nova temporada da Seiva Trupe põe em palco 'Rap Global'

O livro de poemas 'Rap Global', do sociólogo e escritor Boaventura de Sousa Santos, vai ser adaptado para teatro pela companhia Seiva Trupe, e é um dos destaques da temporada 2021/2022, avançou hoje à Lusa o diretor artístico.

Nova temporada da Seiva Trupe põe em palco 'Rap Global'
Notícias ao Minuto

23:30 - 28/06/21 por Lusa

Cultura Seiva Trupe

Em entrevista telefónica à agência Lusa, no âmbito da apresentação da temporada 2021/2022 da Seiva Trupe:Teatro Vivo, o diretor artístico desta estrutura, Jorge Castro Guedes, destacou a estreia, em maio de 2022, da peça "Rap Global: E como, se?", espetáculo baseado no livro de poemas "Rap Global", publicado por Boaventura de Sousa Santos sob o pseudónimo de Queni N. S. L. Oeste.

"Deste surpreendente texto poético, de sonho, dor e fúria, se parte para a ideia de uma encenação que, também ela, pretende ser global, recorrendo aos mais variados géneros performativos e a uma miscigenação estética", refere Jorge Castro, na nota de imprensa entregue à comunicação social, explicando que em palco vão estar músicos-rapers a interpretar versos do "longo poema cénico, vindos de Norte, Sul, Leste e Oeste, para lá das fronteiras de Portugal".

Boaventura de Sousa Santos, reconhecido internacionalmente como um intelectual contemporâneo de referência no que se refere à análise da globalização, cultura e política, incorpora no livro "Rap Global" um jovem 'rapper', denominado por ele de Queni N.S.L. Oeste, que nasceu no Barreiro, bairro da periferia de Lisboa, e que converte em 'rap' a sua indignação diante da realidade.

"A raiva é saliva da alma", diz Queni no livro.

Na interpretação da peça da Seiva Trupe vão estar os atores Alexandre Sá, Castro Guedes, Linda Rodrigues, Miguel Branca e Paulo Lages.

Na temporada 2021/2022, Jorge Castro Guedes destacou também a estreia da peça "Éramos todas Azucenas", um texto de Zinaida Gambaro, com tradução, encenação e espaço cénico assinados pelo próprio diretor.

"O texto escolhido reporta-se a uma 'Mãe de Maio', que vem fazer uma comunicação sobre o célebre movimento argentino de luta contra a ditadura e de reclamação dos filhos, irmãos, maridos, pais, netos desaparecidos. A sua perturbação com a evocação das memórias, fazem-na situar-se quer no palco, onde assumidamente está, quer num tribunal, quer em frente ao palácio presidencial, quer no mundo onírico de Buenos Aires e da sua infância", lê-se no dossiê de imprensa.

A estreia está marcada para o final da próxima semana, a 09 de julho, às 19h00, no Teatro Sá da Bandeira, e vai ficar patente naquela sala de espetáculo do Porto até dia 18 de julho sem interrupção, ficando depois disponível para digressão.

Outro dos destaques para a próxima temporada é "O Crime de Aldeia Velha", um coprodução com a Câmara Municipal de Matosinhos, com texto de Bernardo Santareno e encenação de Júlio Cardoso.

A peça "O Crime de Aldeia Velha" vai estrear-se no próximo dia 26 de agosto, às 21:00, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, distrito do Porto, repetindo nos dias 27, 28 e 29 de agosto, no mesmo horário.

"Inspirado no crime de Soalhães, ocorrido em 1933, em que foi queimada uma jovem acusada de estar possuída pelo demónio, o texto de Bernardo Santareno retrata um Portugal atávico e de forte repressão sexual, num moralismo, ele-mesmo, ultra-sexualizado. As peças do próprio processo estão documentadas e comentadas num trabalho de jurisprudência, e factual, cujo anterior e falecido presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, tratou com Pereira Coutinho", explica a nota da Seiva Trupe.

O elenco é constituído por Aurora Gaia, Bernardo Sarmento, Carlos Batista, Clara Nogueira, Fernando Soares, Filomena Gigante, Joel Sines, Jorge Loureiro, Linda Rodrigues, Luciana Sanhudo, Rafael António Pereira, Romi Soares, Rute Miranda, Teresa Costa, Teresa Mónica, Teresa Vieira.

O espaço cénico é da responsabilidade de José Carlos Barros, a direção de guarda-roupa, de Filipa Carolina e, a sonoplastia, de José Prata. O desenho de luz tem assinatura de Júlio Filipe e, na assistência de encenação, está Daniel Pinheiro.

A Seiva Trupe tem também planificadas várias atividades complementares, como, por exemplo, as "Encenações Imaginárias" sob o item genérico "Quando os objetos são personagens", e que está previsto acontecer de janeiro a julho, nas primeiras terças-feiras de cada mês, na Casa Comum da Universidade do Porto.

A temporada 2021/2022 da Seiva Trupe estende-se até 31 de agosto de 2022, e o apoio financeiro do governo está garantido até ao final de 2022.

"Depois dessa data é uma incógnita para todas as companhias e todos os grupos portugueses. Não há ninguém que possa dizer que vai ter, ou não, apoio financeiro, porque o processo decisório, a partir de 2023, só é concluído, segundo as palavras da senhora ministra [Graça Fonseca], até ao final do primeiro semestre de 2022 (...). Nessa altura, mal saibamos, daremos notícias da programação e, se calhar até por um período de tempo mais longo e não apenas de uma temporada", disse à Lusa Jorge Castro, admitindo que tem ideias sobre o que apresentar, nos próximos quatro ou cinco anos.

Por causa da pandemia da covid-19 e da possibilidade de limitações sanitárias e consequente nova retração de programações de acolhimento, as indicações de digressão são apenas intenções e não um compromisso, indicou a Seiva Trupe, reconhecendo que pode não ser possível fazer digressões.

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