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Governo disponível para alterar Estatuto dos Profissionais da Cultura

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, reforçou hoje, no Parlamento, a disponibilidade do Governo para fazer alterações ao Estatuto dos Profissionais da Cultura, que está em consulta pública até ao próximo dia 17.

Governo disponível para alterar Estatuto dos Profissionais da Cultura
Notícias ao Minuto

19:25 - 02/06/21 por Lusa

Cultura Estatuto dos Profissionais da Cultura

"Estamos disponíveis para ajudar, alterar. Estamos todos muito a tempo de introduzir alterações. Temos em Portugal um momento histórico para aprovar um estatuto global para o setor da cultura. Trabalhemos em conjunto em vez de trabalhar para o espelho", afirmou Graça Fonseca no plenário da Assembleia da República, em Lisboa, no âmbito de uma interpelação do Bloco de Esquerda (BE) ao Governo, sobre política cultural.

O Estatuto dos Profissionais da Cultura, aprovado em Conselho de Ministros a 22 de abril, entrou em consulta pública em 05 de maio e, de acordo com a ministra da Cultura, o Governo já recebeu vários contributos.

O estatuto foi um dos assuntos abordados no debate parlamentar de hoje, com a oposição a questionar o documento aprovado em Conselho de Ministros.

Na abertura do debate, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou a tutela de "profundo desrespeito" pelos profissionais do setor e reivindicou um "estatuto decente" para acabar com as "flagrantes ilegalidades" na Cultura.

Em consonância com a intervenção da coordenadora do BE, Mariana Silva, do Partido Ecologista Os Verdes, questionou se a ministra da Cultura "está apostada em contribuir para a continuidade do modelo de precariedade" neste setor, considerando que "é isso que consagra" o estatuto.

Ana Mesquita, pelo PCP, recordou que os "baixos salários ou desregulação dos horários" não começaram em março de 2020, com a chegada da pandemia, foi apenas "tudo agravado".

A deputada comunista defendeu que a proposta do Governo para a regularização do trabalho no setor "não pode ser um verdadeiro estatuto", salientando que "a Cultura é trabalho e o trabalho tem que ser com direitos".

No debate entraram também outras temáticas, como a Lotaria do Património, que está à venda desde 18 de maio, com o deputado do PSD Ricardo Batista Leite a abordar um relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) que define o perfil dos portugueses que apostam em 'raspadinhas'.

Segundo o relatório, que destacava um aumento no jogo patológico, os compradores de 'raspadinhas' são maioritariamente mulheres, em idade ativa, sendo que um terço ganha menos de 500 euros por mês e metade menos de mil euros mensais.

Para o deputado, a criação da Lotaria do Património "não é mais do que uma raspadinha para tentar cumprir as obrigações do Estado na gestão e preservação do património cultural".

"Ao menos o Robin dos Bosques roubava aos ricos para dar aos pobres; aqui vemos o Governo tirar aos mais pobres, aos mais vulneráveis, tornando-os ainda mais vulneráveis, para cumprir aquilo que é a obrigação do Estado", sustentou.

Por isso, questionou se o Governo está disposto a "deixar cair" esta ideia. A ministra da Cultura disse, mais tarde, que a questão levantada pelo deputado do PSD dizia respeito a todas as lotarias deste tipo, desafiando-o a contestar o modelo, e não apenas a Lotaria do Património.

Os apoios de emergência criados no último ano para o setor também foram abordados durante o debate, com a deputada comunista Ana Mesquita a alertar que o "apoio social extraordinário da Cultura no valor de um IAS acabou, na melhor das hipóteses", mas "para muitas pessoas" não chegou a começar, já que "foram excluídas por critérios injustos ou porque todo o tipo de barreiras burocráticas lhes foram colocadas".

Por isso, a eleita questionou se a tutela vai "corrigir as situações de exclusão" do apoio em questão e se apoios consequentes contemplariam o valor total de 83 milhões de euros inscrito no Orçamento do Estado para 2021.

Graça Fonseca anunciou que o Governo pagou cerca de 10 mil apoios sociais extraordinários para os profissionais da Cultura, referentes a março, abril e maio deste ano, acrescentando não estar previsto um prolongamento desta medida.

Este apoio social extraordinário, no valor de 438,81 euros, correspondente a um Indexante dos Apoios Sociais (IAS), foi anunciado em 14 de janeiro como sendo "universal e atribuível a todos os trabalhadores" independentes, com atividade económica no setor cultural, para fazer face à crise provocada pela pandemia da covid-19.

Inicialmente tinha uma prestação única, referente a março, mas acabou por ser estendido até maio.

Durante este processo, vários representantes dos trabalhadores revelaram que a atribuição estava a ser demorada tendo em conta o contexto de emergência e paralisação no setor em tempo de confinamento, e que dezenas de pedidos estavam a ser considerados inválidos por erros nas bases de dados. A tutela admitiu, em abril, que os erros seriam corrigidos e que alguns dos pedidos considerados inválidos seriam reavaliados.

A tauromaquia entrou no debate pela mão da deputada Ana Rita Bessa, do CDS-PP, que questionou a ministra sobre o eventual fim das transmissões televisivas de corridas de touros na RTP.

A resposta foi dada pelo Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media.

Segundo Nuno Artur Silva, a proposta de revisão do contrato de concessão da RTP não prevê a proibição de exibição de touradas.

"Apenas prevê que os serviços de programas da RTP promovam e respeitem os direitos humanos, a sustentabilidade ambiental e o bem estar animal", disse.

Ainda a propósito da RTP, questionado pelo deputado Jorge Costa do BE, Nuno Artur Silva garantiu que "não haverá qualquer desequilíbrio orçamental" nas contas da estação pública de rádio e televisão, mas admitiu que "é fundamental que haja condições financeiras para concretizar o contrato" de concessão.

"Não há nem haverá buraco nenhum, o que cabe ao Governo, com o conselho de administração que terá que assinar o futuro contrato, é encontrar as condições financeiras para cumprir o projeto", disse, dando como exemplo instrumentos aos quais a tutela poderá recorrer.

"A contribuição audiovisual é um instrumento imediato, mas num ano de particulares dificuldades financeiras, é com muita cautela que temos de pedir aos portugueses um esforço adicional. Ele está previsto, [com] a atualização à taxa de inflação. E está previsto o aumento de capital social que é devido à RTP. Há instrumentos que podemos recorrer e que certamente, no âmbito do próximo Orçamento do Estado, nós faremos", disse.

Paulo Rios de Oliveira, do PSD, criticou a prestação do Governo no setor da Cultura, defendendo que "ao fim de seis anos de governo PS, a Cultura não é eixo central". "Também na Cultura este não é o Governo que Portugal precisa", disse.

Por outro lado, os deputados do PS, partido do Governo, salientaram a prestação do executivo, com a deputada Sara Velez a defender que "há neste governo uma política cultural a ser implementada" e a recordar que "não se investiu tanto em Cultura em Portugal como nos últimos anos".

Leia Também: BE acusa Governo de "profundo desrespeito" por profissionais da Cultura

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