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Historiadores internacionais denunciam abandono de convento em Viana

Um grupo internacional de especialistas em história denunciou hoje "o estado de total negligência em que se encontra o convento de São Francisco do Monte, em Viana do Castelo, alertando para uma "rápida intervenção de salvaguarda" daquele património.

Historiadores internacionais denunciam abandono de convento em Viana
Notícias ao Minuto

19:32 - 07/04/21 por Lusa

Cultura Historiadores

"O facto de estarmos a tentar proteger o convento de São Francisco do Monte provem de um dos objetivos do nosso grupo que é a proteção do património não só nacional como internacional. Foi uma das denúncias que recebemos e como as tomamos todas a sério fizemos o que fazemos sempre. Numa primeira fase comunicar com as entidades responsáveis", afirmou hoje à agência Lusa João Viegas, presidente do IHSHG - International History Students and Historians Group.

Segundo aquele responsável, o grupo que reúne cerca de seis mil membros, entre estudantes, graduados, mestres, doutores, arqueólogos e professores de História de todo o mundo, enviou na terça-feira cartas a várias entidades como o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Câmara Municipal, União de Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), ICOMOS - Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, entre outras entidades bem como a partidos políticos.

Em causa está um imóvel datado do século XIV, adquirido em 2001 pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), situado na encosta do Monte de Santa Luzia, e que se encontra há anos votado ao abandono e à espera de reabilitação.

Segundo o IHSHG trata-se de "um monumento registado, e assim protegido, pelos artigos 3º, 21º, 33º e 46º da lei 107/201, do Diário da República nº 209/2001, série I-A de 2001-09-08, se prevê a sua salvaguarda e respetiva valorização".

Na carta, aquele grupo internacional manifesta o seu "descontentamento" pelo estado de "total negligência" em que se encontra o convento, localizado na freguesia de Santa Maria Maior.

Questionam as diferentes entidades se têm conhecimento do estado em que se encontra o monumento, que programação ou avaliação podem tomar para a salvaguarda do monumento" e não existindo qualquer "ação" prevista, o grupo espera que a exposição agora efetuada "possa contribuir para uma chamada de atenção e reconhecimento da necessidade de rápida intervenção de salvaguarda destes vestígios arqueológicos".

"O nosso grupo disponibiliza-se para ajudar em qualquer assunto em que possamos intervir", refere o documento.

Os historiadores internacionais realçam que o convento foi "edificado em finais do século XIV, tendo sido a primeira casa conventual de Viana do Castelo, e um dos três primeiros mosteiros a reger-se pela Ordem dos Frades Menores".

"Após várias obras de renovação à estrutura original o edifício foi transformado em oratório no início do século XVII, após a construção do Convento dos Capuchos, para o qual transitou a maior parte dos frades de São Francisco do Monte", referem os especialistas.

Aquela comunidade adianta também que "após passar por vários privados, o espaço foi comprado em 2001 pelo IPVC", sendo que "20 anos depois o convento de São Francisco do Monte continua a não apresentar uma valiosa atitude de salvaguarda, apresentando-se num lamentável estado de ruína e total negligência, em vias de desaparecer".

Antes de chegar as mãos do IPVC, e com a extinção das ordens religiosas, o convento foi comprado em hasta pública em 1834, pelo Visconde de Carreira, que o transformou em exploração agrícola. A partir da década de 60 do século XX, o espaço conventual entrou em progressivo estado de degradação e, em 1987, o seu último proprietário, Rui Feijó, doou-o à Misericórdia local.

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