Meteorologia

  • 11 MAIO 2024
Tempo
23º
MIN 15º MÁX 23º

Percurso de Jacques Cousteau pintado em fachadas de casas em Cabo Verde

Um tubarão, polvo, golfinhos, tartarugas, peixes, algas, entre muitas outras referências ao fundo do mar dão nova cor a fachadas de 13 casas numa localidade piscatória em Cabo Verde para retratar o percurso do navegador francês Jacques Cousteau.

Percurso de Jacques Cousteau pintado em fachadas de casas em Cabo Verde
Notícias ao Minuto

06:10 - 27/02/21 por Lusa

Cultura Jacques Cousteau

O projeto é da Associação Lantuna e o primeiro mural foi pintado em 2018 para sensibilizar as pessoas sobre a conservação das aves marinhas em Porto Mosquito, uma comunidade piscatória no concelho da Ribeira Grande de Santiago, com pouco mais de mil habitantes, e que dista a 20 quilómetros da capital do país, a cidade da Praia.

"E daí nasceu essa ideia de agarrar numa figura internacional que esteve na Baía do Inferno em 1948, juntamente com o biólogo Théodore Monod e o físico Auguste Piccard, para sensibilizar a comunidade e tornar também a aldeia de Porto Mosquito numa referência turística", disse à Lusa Ana Veiga, diretora executiva da Associação Lantuna.

Criada em 2013, esta associação de caris ambiental trabalha desde então na Baía do Inferno, juntamente com as comunidades locais, para a conservação da biodiversidade marinha e terrestre.

Para Ana Veiga, através da arte é possível sensibilizar as pessoas "de uma forma célere e eficaz", tendo o projeto ganhado velocidade de cruzeiro no início deste ano, com a pintura dos últimos murais pelos artistas cabo-verdianos Hélder Cardoso, Tutu Sousa, Admir Inocêncio e Tony Caia.

Com parceria da Embaixada de França em Cabo Verde, as 13 pinturas retratam a experiência de Jacques Yves-Cousteau e dos seus companheiros há 73 anos na Baía do Inferno, que além de Porto Mosquito, engloba a comunidade de Porto Rincão e Entre Picos de Reda.

Jacques Yves-Cousteau (11 de junho de 1910 - 25 de junho de 1997) foi um oficial da marinha francesa, documentarista, cineasta, oceanógrafo e inventor mundialmente conhecido pelas suas viagens de pesquisa a bordo do Calypso, um navio francês de pesquisas hidrográficas.

Os estudiosos estiveram na Baía do Inferno para testar o Batiscafo, um pequeno submarino, em que a ideia era alcançar os 2.000 metros de profundidade e aceder a zonas inacessíveis ao mergulhador, estando todos pintados nas fachadas das casas.

Cousteau lutou para a conservação do meio marinho, tal como faz agora a Lantuna, comparou Ana Veiga, dizendo que a associação que dirige tenta fazer atividades em prol da conservação da Baía do Inferno e contribuir para desenvolver a comunidade.

"A nossa ideia é, nas próximas fases, continuar a pintar mais casas da aldeia de Porto Mosquito, tornar essa zona numa referência turística a nível da ilha de Santiago e também de Cabo Verde", projetou Ana Veiga.

Mesmo em tempo de pandemia, a responsável associativa destacou a "grande participação" da população local.

"Já há uma grande adesão da comunidade local, basicamente todas as pessoas querem ter pinturas nas suas casas", afirmou a ativista, explicando que neste momento a associação não tem condições financeiras para o fazer, mas à medida que for desenvolvendo parcerias e obtendo mais recursos mais casas vão ser pintadas.

"O projeto não para por aqui, é para continuar, é um projeto vivo e vai avançando à medida que a Lantuna conseguir mais recursos financeiros, porque o nosso intuito é contribuir também para a autoestima da comunidade, mostrar que, além de ser uma zona piscatória, antigamente esquecida, mas que tem o seu valor turístico e fazer relembrar a história de Cabo Verde", referiu.

Uma das casas que foi pintada foi a de Nazolino Cabral, 34 anos, agente sanitário em Porto Mosquito, que agora exibe com orgulho um enorme polvo e várias cores.

"É maravilhoso. A nossa zona mudou de figura", avaliou o morador, um dos 15 jovens da localidade que frequentaram um curso de guia turístico de montanha, dizendo que os desenhos vão ajudar a todos a atrair mais visitantes para a localidade e são uma forma de sensibilizar para a proteção dos oceanos.

Filomena Pereira de Brito é vizinhade Nazolino e também a entrada da sua casa ganhou nova cor com imagens do fundo do mar.

"A pintura ficou bonita, fico agradecida", referiu a moradora, que quer ver mais casas pintadas na localidade e garantiu que todos vão fazer tudo para proteger os desenhos.

"Vamos ficar atentos para não sujarem, para não estragarem e ficarem sempre bonitas", disse Filomena Brito, que agora convida todos a percorrerem a aventura contada com tinta.

Leia Também: Cabo Verde com envelope financeiro de 23 milhões das Nações Unidas

Recomendados para si

;
Campo obrigatório