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Música portuguesa quer ajudar a combater a divisão social nos EUA

 A cantora, compositora e instrumentista de jazz portuguesa Sara Serpa, radicada nos Estados Unidos, afirmou sentir a responsabilidade "de criar um espaço protetor" para aliviar as pessoas da pressão criada pelas eleições e divisão social.

Música portuguesa quer ajudar a combater a divisão social nos EUA
Notícias ao Minuto

08:13 - 03/11/20 por Lusa

Cultura Jazz

Há 15 anos nos Estados Unidos, Sara Serpa disse à Lusa que este é um dos piores anos que viu no país. A pandemia da covid-19 provocou uma "verdadeira crise de saúde e económica" e "contribuiu para os sentimentos de frustração e negatividade, que depois podem resultar em começar a agredir o próximo", comportamentos que foram exacerbados nas últimas semanas da campanha eleitoral para as presidenciais de hoje.

"Como artistas, [a perspetiva] é de como é que a gente pode bloquear e criar um espaço protetor à nossa volta e criar trabalho que possa aliviar as pessoas desta tensão e desta pressão que existe", indicou.

"Há muitas forças 'diabólicas' para explorar essa vulnerabilidade emocional e psicológica", considerou a artista, nascida há 41 anos em Lisboa, que tenta distanciar-se dos ecos negativos, da "histeria total nas notícias" e das redes sociais "que amplificam medos e ansiedades".

Neste momento, importa também "saber o que está a ser feito no terreno para que as eleições funcionem", acrescentou, sobre as presidenciais que hoje se realizam no país e que opõem o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o candidato democrata e ex-vice-Presidente norte-americano Joe Biden.

Segundo a plataforma 'online' do US Elections Project (Projeto Eleições EUA), mais de 96 milhões de pessoas já votaram antecipadamente, de várias formas, o que representa um recorde absoluto em número de votos antecipados.

A artista, com dez discos lançados, sublinhou estar a tentar "criar uma diferença positiva e não deixar esse discurso destrutivo e divisivo entrar na vida e nas relações", dando mais valor às "ligações reais" com pessoas ou com a natureza.

Sara Serpa participou na noite de segunda-feira (madrugada de hoje em Lisboa) num espetáculo realizado em Brooklyn, em Nova Iorque, com um grupo de músicos de diversas origens e experiências, chamado "Freedom Time", para a apresentação do novo trabalho do artista norte-americano Darius Jones.

O espetáculo para apresentação do trabalho "We Can Change The Country" não teve público na sala, mas foi transmitido em direto na internet, envolveu música instrumental, vozes, vídeo e luzes e incluiu excertos de discursos políticos, gritos de protesto contra o racismo e incentivos para votar nas eleições.

A composição incluiu memórias recentes da brutalidade policial e da desigualdade social no país, como uma interpretação das últimas palavras do afro-americano George Floyd, morto em 25 de maio durante uma detenção, desencadeando uma onda de protestos por todo o mundo.

Sara Serpa explicou que o trabalho "We Can Change The Country" é uma composição "bastante experimental" em que há "o confronto de várias ideias", incluindo textos da escritora de ficção científica Octavia Butler (1947-2006), do novelista e ativista James Baldwin (1924-1987) e discursos do Partido Republicano e apoiantes de Donald Trump.

"É uma cacofonia, basicamente representa o que nós estamos a viver e canaliza como é que juntos podemos lidar e (...) encontrar um caminho para nos entendermos todos e vermos que na realidade, estamos todos juntos, não estamos tão separados", disse.

"É uma coisa bastante experimental. Como o próprio Darius Jones diz, é um protesto, uma manifestação e nós, como artistas, também temos esse papel, de sensibilizar e protestar e usar a nossa arte como forma de protesto", declarou Sara Serpa.

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