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'Eurovisão da Canção Filosófica' para pôr público a pensar através da pop

O espetáculo 'Eurovisão da Canção Filosófica', uma recriação do concurso de canções criado em 1956 que pretende pôr o público a pensar sobre mundo de hoje através da pop, é apresentado entre sexta-feira e domingo em Lisboa.

'Eurovisão da Canção Filosófica' para pôr público a pensar através da pop
Notícias ao Minuto

12:06 - 24/09/20 por Lusa

Cultura Teatro D. Maria II

A "Eurovisão da Canção Filosófica", que estará em cena no Teatro Nacional D. Maria II, tem, tal como o Festival Eurovisão da Canção, representantes de vários países, apresentadores, jurados, público e, no final da noite, um vencedor.

Mas, neste 'concurso' não se avaliam os dotes vocais nem a apresentação dos concorrentes, mas sim as letras das canções, que, neste caso, foram criadas por filósofos, historiadores, antropólogos, para pôr o público a pensar sobre o mundo de hoje.

O espetáculo, com conceito e direção artística dos suíços Massimo Furlan e Claire de Raubepierre, "nasceu de uma preocupação que surgiu por causa dos discursos populistas e violentos", contou o primeiro à Lusa.

A ideia era "salientar a importância de pensar" e, como Massimo Furlan sempre gostou de canções e "a Eurovisão é um pouco a mãe de todos os concursos [de canções] que existem hoje", acabaram por escolher "esta forma de [misturar] música popular com palavras da Filosofia".

Para escrever as letras das canções foram convidados autores da Noruega, Bélgica (Flandres), Portugal, Lituânia, Alemanha, Itália, Eslovénia, Suíça, França, Espanha e Bélgica (Valónia), os países que estarão a concurso.

"Procurávamos intelectuais que pensassem o nosso mundo, com temáticas ligadas ao mundo de hoje, não queríamos uma filosofia académica, histórica, queríamos algo com uma ligação ao nosso mundo e aos seus problemas de hoje", explicou Massimo Furlan.

O resultado são letras que abordam temáticas como "ecologia, questões sociais, de exclusão, populismo, todas estas questões que fazem com que o mundo esteja em dificuldades".

As canções são interpretadas na língua em que foram escritas, mas para que o público as possa perceber, "há tradução das letras para a língua do país que acolhe o espetáculo, que é mostrada por vídeo enquanto o cantor interpreta a canção".

Isto porque, salientou Massimo Furlan, "é essencial perceber-se do que se está a falar e de que modo".

E porque "neste formato de concurso há um júri", mas também "porque hoje há um júri em todo o lado", também a "Eurovisão da Canção Filosófica" tem um grupo de jurados, "composto por intelectuais e ativistas do país" que acolhe o espetáculo.

Este júri é "uma máquina de pensar", visto que "tem a missão de comentar a canção, de interpretar o nível filosófico, a ideia da canção".

Em Portugal, o júri é composto pelo 'rapper' e ativista Flávio Almada, pela socióloga Luísa Schmidt, pela cantora Manuela Azevedo, pela bióloga e investigadora Maria Manuel Mota, pela deputada Mariana Mortágua, pelo ator e encenador Pedro Penim e pelo jornalista Pedro Santos Guerreiro.

E, como num concurso, "o júri vota nas canções, e também o público vota", introduzindo-se assim no espetáculo "a questão dos rituais contemporâneos".

Na criação do espetáculo, Massimo Furlan e Claire de Raubepierre contaram com o apoio de teatros dos países representados no 'concurso', que ajudaram a dupla a identificar localmente os autores das letras das canções, bem como os jurados e também o coapresentador, porque "é importante ter uma pessoa do país, que seja reconhecida e também que fale a língua".

Em Portugal, a apresentar o 'concurso' ao lado de Massimo Furlan estará a apresentadora de televisão e atriz Catarina Furtado, "uma personalidade popular, mas ao mesmo tempo ativista".

O papel que Catarina Furtado terá em "Eurovisão da Canção Filosófica" é algo a que está "muito habituada, há cerca de 30 anos já", como recordou em declarações à Lusa.

"Muitas vezes sinto necessidade que o entretenimento possa também ajudar a refletir o que somos ou o que queremos ser", afirmou Catarina Furtado que já apresentou concursos de talentos como "Chuva de Estrelas, na SIC, e "Operação Triunfo", na RTP1. Para a apresentadora participar neste espetáculo é "uma oportunidade para brincar, [mas] a sério".

"Aquilo que se propõe neste espetáculo é exatamente uma provocação, na minha leitura, até ao próprio entretenimento, que, de uma maneira geral, não tem tanto espaço para a reflexão, para o pensamento, para o confronto de ideias. O que este espetáculo vem fazer, por ser uma Eurovisão e incluir 11 países, é uma espécie de tentativa de análise de identidade, misturando com música 'pop', de cada país, de onde é que nos encontramos, onde nos cruzamos, onde nos identificamos e onde estamos em opostos", disse.

Apesar de coapresentar, Catarina Furtado sente que não deixará de ser também uma espectadora: "Este espetáculo tem uma coisa muito curiosa que é a participação do público, como nos concursos de talentos em cada noite o público vai reagir e votar e os jurados irão falar sobre aquilo que as canções dizem e isso é muito interessante, porque faz o espetáculo ser sempre diferente".

A "Eurovisão da Canção Filosófica", que se estreou em setembro de 2019 em Lausanne, terá apresentações no Teatro Nacional D. Maria II, na Sala Garrett, na sexta-feira e no sábado às 19:00 e no domingo às 16:00.

O espetáculo segue depois para o Porto, onde será apresentado no Grande Auditório do Teatro Rivoli nos dias 02 e 03 de outubro, às 21:00 e às 16:00, respetivamente.

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