Ministra lamenta morte de Fernanda Lapa, "figura ímpar" do teatro
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou hoje a morte da atriz e encenadora Fernanda Lapa, que classificou como uma "figura ímpar da história do teatro português nos últimos 50 anos".
© Global Imagens
Cultura Graça Fonseca
Numa publicação na rede social Twitter, o Ministério da Cultura salientou que Fernanda Lapa deu, através do seu trabalho, "oportunidade, palco e voz às mulheres na representação".
A atriz e encenadora Fernanda Lapa morreu hoje, aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada, anunciou a Escola de Mulheres, companhia que dirigiu desde a sua fundação, em 1995.
Num comunicado entretanto divulgado pelo Ministério da Cultura, a ministra Graça Fonseca manifesta "uma profunda tristeza" pela morte da atriz e encenadora "que com o seu trabalho lutou por condições de igualdade entre mulheres e homens na encenação, interpretação e dramaturgia".
"Nos palcos, como na vida, fez da luta pela igualdade de género tanto um propósito como uma lição. Como atriz, dos palcos ao ecrã, deu voz e corpo a mulheres fortes, marcantes, personagens que o público português sempre reconhecerá. Como encenadora e diretora artística foi um exemplo de abertura e cidadania, trilhando caminhos novos e transformando o teatro português com o seu rigor e com o seu empenho incansável", refere Graça Fonseca.
A ministra recorda que, "fruto desse empenho, fundou a Escola de Mulheres, de que era diretora artística e força motriz, um projeto modelar que desde o seu momento inicial tudo fez para promover a criação e o talento no feminino".
A fundação da Escola de Mulheres surgiu, em 1995, para "romper com o estado de coisas a que estavam remetidas as mulheres no teatro português".
"Ao longo dos séculos, a voz das Mulheres foi silenciada em várias áreas, e também na Cultura, e não vale a pena escamotear esta realidade. Sofremos, ainda, as sequelas dessas mordaças, embora muito se tenha avançado, a partir do 25 de Abril em Portugal, pela luta das forças progressistas, mas sobretudo das próprias Mulheres e das suas Organizações", afirmou Fernanda Lapa.
Várias vezes premiada, Fernanda Lapa coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, de quem a Escola de Mulheres vai levar ao palco, em novembro, a obra "O Punho", com versão cénica da atriz e encenadora.
Entre as distinções que recebeu conta-se, em 2005, a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, que Graça Fonseca lembra ter-lhe sido atribuída "pelo seu serviço de exceção na ação e divulgação cultural em Portugal e pelo seu papel pioneiro enquanto mulher no teatro".
"É esse mesmo mérito que hoje nos cumpre recordar e realçar, o de alguém que constantemente se transformou pela arte e, também, com arte, transformou o teatro português e, com ele, um pouco de nós. O seu trabalho tanto nos encantou como fez de nós mais atentos, mais conhecedores e mais humanos, mostrando-nos, em cada um dos seus projetos, que o teatro e a arte da representação são dimensões fundamentais da vida em sociedade", salienta a ministra da Cultura.
Graça Fonseca considera que Fernanda Lapa deixa na cultura portuguesa "um legado de paixão e dedicação, que deve sempre ser continuado". "Porque essa é a homenagem que merece e que lhe devemos: olhar e ver sempre os horizontes imensos que ela, para todos nós, abriu".
[Notícia atualizada às 12h38]
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