Com entrada livre, os espetáculos estão previstos para decorrer às sextas-feiras, a partir das 19:00, nos jardins das duas instituições, mediante levantamento ou reserva prévia de bilhetes, devido às restrições para conter a pandemia da covid-19, anunciou hoje a organização.
Numa coprodução entre a Filho Único, a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), as Galerias Municipais de Lisboa e o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, as Noites de Verão "decorrem da perspetiva de que a arte - assim como o conhecimento - impregnada de uma dimensão ética, é um dos modos fundamentais da vida coletiva".
De acordo com a programação, o primeiro espetáculo está previsto para 07 de agosto, no Jardim das Esculturas do Museu do Chiado, com Nuno Rebelo, que se destacou, ao longo dos anos 1980, "pelo seu papel edificador na emergência e consistência de uma nova música popular independente em Portugal", integrando os Streetkids, com Nuno Canavarro (1980-82), e liderando os Mler ife Dada (1983-89).
Atualmente sediado em Barcelona, Nuno Rebelo tem também desenvolvido e mostrado trabalho em esculturas sonoras, e continuado a preferir a 'performance' em palco à gravação de registos, datando de 2013 o último CD, "Removed from the flow of time (guitar solos, 1992-2012)", pela editora Creative Sources.
A 14 de agosto, Cafetra - coletivo artístico e editora de música independente - apresenta Banda Fetra, com um 'espetáculo-viagem' ao património autoral do grupo, que escolheu para si o elenco constituído por Éme & Moxila, Iguanas, Lourenço Crespo, Maria Reis, Miguel Abras, Putas Bêbadas, Rabu Mazda e Sallim.
Susana Santos Silva apresenta-se a 21 de agosto. Trompetista, improvisadora e compositora sediada em Estocolmo, revelou-se nos últimos anos como uma das figuras europeias do jazz e da música contemporânea, com influências que vão da clássica à 'sound-art' textural. Susana é líder dos seus grupos Life and Other Transient Storms e Impermanence, indica a programação.
A 28 de agosto, será a vez de José Braima Galissá, com origem numa cultura mandinga e embaixador da música e da cultura da Guiné-Bissau em Portugal. É um virtuoso da kora, harpa africana de 22 cordas.
A música tradicional griot, que emergiu com seus ancestrais na região Ocidental de África, é produto das famílias de poetas-cantores cujas canções de louvor e histórias de mitos e lendas constituem um papel fundamental na vida musical e cultural de África.
Em setembro, a programação das Noites de Verão vai passar para as Galerias Municipais - Quadrum, no Jardim dos Coruchéus.
A programação na galeria de Alvalade tem início no dia 04 de setembro, com o espetáculo "Violet - BLEID - Odete", apresentado pela editora naive, fundada pela produtora e 'deejay' Violet, em 2016.
Violet é também reconhecida como cofundadora da Rádio Quântica, partilhando o mesmo sentido crítico e emancipador promovido pela sua editora, e é uma das DJ residentes da mina, coletivo e festa queer feminista.
BLEID é uma compositora de eletrónica contemporânea, explorando ideias musicais com rasgo e direção, bem para além de tendências e convenções estilísticas da música produzida em software, segundo a organização.
Odete trabalha no cruzamento da escrita, da música, da performance e das artes visuais, "deixando claro qual é o universo pelo meio do qual se move: autobiográfico e desafiador dos limites entre o pessoal e o político", segundo a organização.
A 11 de setembro, será a vez de Ricardo Toscano & Gabriel Ferrandini e da Co$tanza's Post MODEM Orchestra, num encontro ao vivo da nova guarda do jazz nacional.
O saxofonista Ricardo Toscano formou em 2011 o 4teto com André Santos, João Hasselberg e João Pereira, grupo que ganhou a 25.ª edição do Prémio Jovens Músicos, na categoria de jazz.
Colaborou com artistas como Fafá de Belém, Carlos do Carmo, Camané, Rui Veloso, António Zambujo e Carminho, e, em 2018, liderando renovada formação, então já com cinco anos de trabalho conjunto, lançou o seu primeiro disco, "Ricardo Toscano Quartet", na Clean Feed, gravando cinco originais seus e uma versão de "The Sorcerer", de Herbie Hancock.
O baterista Gabriel Ferrandini afirmou-se como um "músico incontornável ao longo da última década", a partir do ecossistema do jazz e da música improvisada, e da escola dos dias da Trem Azul e Clean Feed, integrando dois grupos fulgurantemente internacionalizados, RED Trio e Rodrigo Amado Motion Trio.
As bandas Sereias e Sirius estarão no palco do jardim a 18 de setembro, a primeiro auto-qualificada como um "encontro do cinético com a paisagem morta numa selvajaria de jazz-punk-pós-aquático", sendo uma banda sediada no Porto que editou em 2019 o contundente "País a Arder", na Lovers & Lollypops.
O duo Sirius é constituído por Yaw Tembe, na voz e trompete -- natural da Suazilândia e residente em Lisboa -, e Monsieur Trinité (Francisco Trindade) nas percussões, improvisador português com um papel amplo na música nacional desde os anos 1970, começando nos Plexus, passando por trabalho com Sei Miguel e a VGO de Ernesto Rodrigues, até ao trabalho iniciado nesta formação.
A concluir, no dia 25 de setembro, a editora Príncipe apresentao o espetáculo com DJ Nigga, Fox Niágara e DJ Marfox, desenhando o primeiro, narrativas improvisadas no momento, enquanto os Niágara, o trio constituído pelos irmãos Alberto e António Arruda e a norte-americana Sara Eckerson, concretiza teias narrativas a partir e sobre a cultura da música de dança eletrónica.
Dj Marfox, especialista do Kuduro instrumental, propõe um Dj set de ritmos mais lânguidos e leve para o final da temporada das Noites de Verão 2020.