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Teatro do Bairro estreia adaptação de 'Rei João' de Shakespeare

O Teatro do Bairro estreia este mês o espetáculo 'Rei João', de William Shakespeare, com encenação de António Pires, a partir da versão para palco de Luísa Costa Gomes, que será apresentado nas Ruínas do Carmo, em Lisboa.

Teatro do Bairro estreia adaptação de 'Rei João' de Shakespeare
Notícias ao Minuto

20:05 - 02/07/20 por Lusa

Cultura Teatro

No regresso ao palco, o Teatro do Bairro propõe uma reposição -- "O mundo é redondo", de Gertrude Stein -- uma estreia -- "Rei João" - e uma surpresa na programação de verão, anunciou hoje o teatro.

"Mantendo a tradição, o Teatro do Bairro sai do seu espaço natural para levar à cena entre 29 de julho e 15 de agosto a sua mais recente criação no magnífico espaço ao ar livre das Ruínas do Museu do Carmo": "Rei João", que "nunca foi, ao que se sabe, encenado em Portugal", refere o teatro em comunicado.

A partir da versão para palco de Luísa Costa Gomes (que originalmente traduziu em verso branco o texto do dramaturgo), António Pires encenou e dirige o elenco constituído pelos atores Alexandra Sargento, Carolina Campanela, Dinarte Branco, Duarte Guimarães, Francisco Tavares, Gonçalo Norton, João Barbosa, Luís Lima Barreto, Maria João Freitas, Mário Sousa, Rafael Fonseca e Sofia Marques.

"Vida e morte do Rei João", no título original shakespeariano, é uma peça histórica, vagamente baseada em factos, que trata do processo de legitimação de João Sem Terra, e propõe uma paródia dos corredores e bastidores do poder, regidos pelo único valor do proveito próprio.

É a "peça obscura: não-lida, não-representada, mal-amada de Shakespeare que ressoa agudamente no nosso tempo do 'marquetingue' de influência, do 'marquetingue' político, do 'marquetingue' pessoal em que tudo é 'Commodity', comodificação de tudo em 'recurso' ou 'produto' com valor de mercado", explica o teatro em comunicado.

Numa análise que Luísa Costa Gomes fez à peça de Shakespeare, e a que deu o título "O reino dos oportunistas", escreve que "o que este texto propõe de único em Shakespeare é uma atmosfera sem qualquer grandeza".

"Um ambiente de bastidores fedorentos das fachadas da História. Não há heróis, não há grandes tiradas sobre a vida ('a vida é um tédio', diz o Delfim), nem grandes tiradas sobre o Ser. Não há um personagem que se aproveite, uma figura forte e sadia, tudo é governado pelo comezinho Interesse Próprio. É um tema de comédia que rebaixa quem o toca", escreve a autora.

A matriz da peça é a figura da escada: que se sobe e que se desce, e quem está no topo, João, só pode descer no processo de legitimação.

"O seu percurso é uma queda em que vai batendo os costados em cada novo degrau, declinando a cada novo desafio, incapaz de se legitimar, querendo as regalias do poder sem ter de lhes pagar o preço ou sofrer as consequências. No Rei João vemos o percurso de um homem minado pelo poder", acrescenta Luísa Costa Gomes.

Outra novidade é o festival Descon'FIMFA LX20, uma edição especial de verão do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas (FIMFA) que se apresentará a "desconfinar", junto dos seus espectadores, no palco do Teatro do Bairro, entre 05 de agosto e 05 de setembro.

"Num ano diferente, um outro FIMFA. Em maio seriam os 20 anos do FIMFA, que a pandemia impediu de celebrar", referem os organizadores.

Luís Vieira e Rute Ribeiro, diretores artísticos de A Tarumba - Teatro de Marionetas, oferecem uma "edição única e irrepetível" com criações de companhias portuguesas e estrangeiras, em que os objetos serão os protagonistas.

O Teatro do Bairro vai ainda repor "O mundo é redondo", espetáculo encenado por António Pires, que foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Autores em 2019 como Melhor Espetáculo de Teatro.

Regressa agora para cinco apresentações no Festival de Almada, com a participação das atrizes Carolina Campanela, Carolina Serrão, Sandra Santos e Vera Moura nos dias 04, 05, 10, 11 e 12, no Auditório Municipal Romeu Correia.

A história original ("The World Is Round") é um conto escrito por Gertrude Stein em 1939 que, embora tenha sido escrito para uma criança, "prima pela universalidade, apela ao público para o que nele possa existir de mais puro levando-o a relacionar com a memória da própria inocência", afirma o Teatro do Bairro, sublinhando que a adaptação para palco de um dos textos mais narrativos de Stein, "permitiu a António Pires a construção de um espetáculo-paisagem".

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