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Coreógrafos instalam "gabinete de amor" digital para reinventarem peça

Filipa Francisco e Bruno Cochat, cocriadores da peça 'Nu Meio', instalaram um "gabinete de amor" digital no Castelo e no Pelourinho de Belmonte para poderem "reinventar" o espetáculo e manter o trabalho de recolha que foi afetado pela pandemia.

Coreógrafos instalam "gabinete de amor" digital para reinventarem peça
Notícias ao Minuto

09:19 - 04/06/20 por Lusa

Cultura Espectáculo

Criado em 1996, o 'Nu Meio' é um espetáculo de teatro/dança que já participou em vários festivais em Portugal e no estrangeiro e que tem a característica de se reinventar, a partir das histórias e testemunhos das comunidades onde é apresentado.

Em Belmonte, a peça que conta a história de um casal verdadeiramente português, que é um bocadinho reivindicativo e que fala dos problemas do país, tem apresentação marcada para o dia 23 de agosto, mas o trabalho de recolha dos criadores foi afetado pela pandemia covid-19 e pelo confinamento.

Os coreógrafos foram então "obrigados" a adaptar-se aos novos tempos para comunicarem com habitantes de Belmonte, numa solução criativa que passou por criar um gabinete de amor.

"Colocámos no Castelo e no Pelourinho um computador por onde as pessoas passavam e nos contavam a sua história de amor, numa conversa por videoconferência. A outra versão foi feita num centro de dia local, também através do computador, e agora vai ser ao telefone. Ou seja, tendo em conta que há pessoas sem internet, criámos a 'Linha Mila' e a 'Linha Firmino', para onde nos podem ligar e contar a sua história de amor", explicou à agência Lusa a coreógrafa Filipa Francisco.

Filipa Francisco revela que também nesta iniciativa foi preciso enfrentar desafios inesperados, designadamente o facto de ter surgido na mesma altura o primeiro caso de covid-19 no concelho e também o mau tempo que atingiu a zona no domingo.

Ainda assim, foi possível recolher testemunhos e o objetivo é o de que esses encontros possam ser integrados na peça, cuja apresentação ainda tem "um grande ponto de interrogação" porque tudo depende da evolução da situação pandémica em Portugal.

Os planos já têm a nova realidade em conta e, se for possível, a peça será apresentada no Jardim Municipal, onde a interpretação deverá integrar-se na paisagem com destaque para o coreto e para as janelas que há no local.

"É muito, duro porque estamos sempre na dúvida. E eu demorei algum tempo a perceber se o meu trabalho fazia sentido no 'online', porque não queria desvirtuar a proximidade do contacto com as pessoas, mas temos de continuar e efetivamente faz sentido continuar a ligação com as pessoas, mesmo que através de outros meios", apontou Filipa Francisco.

Uma ligação que esta coreógrafa também vai fomentado ao escrever "Castas de Amor" às pessoas de Belmonte, enviando-as pela internet.

Esse processo de escrita que está integrado no trabalho que Filipa Francisco está a realizar em Belmonte, que passa não só pela apresentação de "Nu Meio", mas principalmente pela criação de uma outra peça ("Caminho"), que está ser construída a partir das biografias e narrativas da população do concelho de Belmonte e que vai relacionar as dimensões real, fictícia e poética, a histórico-social e política de vários pontos.

Esse trabalho deverá ser apresentado em setembro e está a ser criado no âmbito da Rede Artéria, que tem produzido vários espetáculos inspirados nos territórios por onde circula, nomeadamente Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu.

A Rede Artéria é um projeto de intervenção sociocultural, com coordenação artística do Teatrão e académica do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que articula uma componente de programação cultural, criação, artística, acompanhamento científico e participação comunitária.

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