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Duarte Belo lança livro sobre caminhada no eixo Montejunto-Estrela

'Caminhar Oblíquo', de Duarte Belo, é um diário com 300 páginas que retrata com mais de 200 fotografias uma caminhada de 15 dias no cimo das cinco serras do eixo Montejunto-Estrela, num total de 530 quilómetros.

Duarte Belo lança livro sobre caminhada no eixo Montejunto-Estrela
Notícias ao Minuto

12:55 - 07/03/20 por Lusa

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"Este livro é muito Duarte Belo. É uma leitura onde vou dando conta das minhas dores, mas é muito a leitura que faço daquilo que vou vendo também. Dou conta de aspetos do próprio sentir em relação às coisas e como me sentia, mas é também muito a descrição do que vou vendo, da paisagem", descreveu.

Entre o que o autor sentia estavam as "dores nos pés e nas pernas, e as noites mal dormidas, mas sempre com uma vontade inabalável de chegar ao fim" de um percurso com 530 quilómetros que começou em Penedo Durão, Freixo de Espada à Cinta, junto ao Douro, e terminou no Cabo da Roca, Colares, Sintra.

"Segundo Orlando Ribeiro (geógrafo e historiador), é o eixo que divide Portugal do norte, de influência atlântica, do Portugal mediterrânico a sul. Portanto, é o eixo Montejunto-Estrela que distingue de forma bem clara estas duas influências climáticas", descreve.

O eixo comporta a Serra da Estrela, do Açor, da Lousã, dos Candeeiros e a de Montejunto, e a ideia de as percorrer "começou há mais de 10 anos", mas foi concretizada entre 28 de abril e 12 de maio de 2019. Agora, esta viagem é lançada em formato de livro no domingo, em Viseu, no Museu Grão Vasco.

"O 'Caminhar Oblíquo' é um bocadinho o oblíquo pelo mapa e por outro é o cansaço da coisa, o sentir-me sempre oblíquo, quase a cair, mas o fascínio era atravessar essas serras. Já tinha estado em todas, mas nunca desta forma", contou Belo, à agência Lusa.

Numa viagem "pouco recomendável", classificou, "sempre sozinho", Duarte Belo caminhou na neve, debaixo de chuva e ventos fortes, com temperaturas na ordem dos 30 graus e "em quase negativas", e carregou uma mochila com 18 quilos, preparada para não se abastecer de alimentos nos primeiros nove dias.

"E essa foi uma das maiores dificuldades", admite.

Não interagiu com ninguém, não usou as redes sociais, perdeu 4,400 quilogramas, o telemóvel foi com uma só carga, sem carregador, "foi ligado de dois em dois dias para contactar a família e dizer que estava bem", sem tecnologias a pesar e sem bússola que "teria dado muito jeito duas vezes".

"Nessas horas liguei o telemóvel, como aconteceu na Serra dos Candeeiros, quando o caminho estava atravessado por uma pedreira gigantesca e com o nevoeiro não dava para me orientar. A caminhada foi feita sem apoio de ninguém, de mochila às costas, a dormir no campo, foi de uma dureza acentuada", reconheceu.

Sem conhecer os caminhos por onde teria de andar, na mochila levava também uma carta militar, cortada em mais de 100 cartões, devidamente numerados, para trazer no bolso o "pedaço" de mapa que continha o trajeto a fazer.

Duarte Belo não esconde que "gostava que o livro provocasse interesse pela paisagem, sobretudo, pelo caminhar, por um certo modo de olhar a paisagem e de vivenciá-la longe dos grandes aparatos tecnológicos".

No fundo, explicou, "gostava de estimular a caminhada em lugares pouco conhecidos".

Aliás, Duarte Belo assume o seu "trabalho exaustivo tanto na escrita como nos milhares de fotografias", como uma forma de "dar a conhecer às pessoas" o interior para que, "no fundo, seja povoado", já que Portugal é um "país com aspetos interessantíssimos que pouca gente conhece".

'Caminhar Oblíquo' é o primeiro de uma trilogia sobre outras duas viagens.

O companheiro eleito, João Abreu, é também o presidente da Associação Museu da Paisagem, que tem o projeto online do Museu da Paisagem e que nasce agora como editora ao lançar o 'Caminhar Oblíquo', o primeiro livro no circuito comercial.

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