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Morte ficcionada de Raquel Castro estreia-se no Teatro S. Luiz

A morte ficcionada de Raquel Castro, autora e encenadora da peça, atirada para os seus 90 anos, em 2080, é o ponto de partida de "A Morte de Raquel", que se estreia, na quarta-feira, no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa.

Morte ficcionada de Raquel Castro estreia-se no Teatro S. Luiz
Notícias ao Minuto

20:31 - 25/02/20 por Lusa

Cultura Teatro

Conduzido por três atores, com quem a autora quis partilhar a sua morte imaginada, e que funcionam como cicerones, o espetáculo faz-se no confronto entre o que a atriz viveu até ao presente e o que teria vivido até 2080, num desenlace de paralelismos que tanto podem ser reais, fictícios ou desejados, disse a encenadora à agência Lusa.

A peça é, assim, a cerimónia fúnebre de Raquel, um "velório especial, porque acontece num teatro e esta pessoa era artista, através da voz de três atores", sublinhou, em declarações à agência Lusa.

Um espetáculo ao qual a atriz assiste, ainda que "não represente nada, nem interprete nada", e durante o qual os três amigos vão falando sobre a morta, dando a conhecer a sua pessoa.

O espetáculo 'A Morte de Raquel' não é, porém, "um velório tradicional" e, embora tenha "momentos tristonhos", está também carregado de "momentos simbólicos e 'celebratórios'", como aqueles em que os amigos brindam à falecida ou em que comem o bolo que esta deixara congelado, de propósito, para a sua cerimónia de despedida.

Para a autora e encenadora, o espetáculo é "uma espécie de despedida assim encenada". Como se fosse a última encenação da atriz, a "que deixou preparada antes de morrer".

Canções e elogios fúnebres escritos por amigos de Raquel, a pedido da própria, constam também da peça, que acaba por ter "uma estrutura de funeral" mas, ao mesmo tempo, consiste numa tentativa de contar a história de vida desta pessoa.

O espetáculo foi imaginado e encenado como se fosse uma biografia da morta e uma "autoficção", já que é construído também a partir do momento em que a autora avança no tempo e se projeta em 2080, com 99 anos de idade, acrescentou.

'A Morte de Raquel' tem, todavia, muito do que tem sido a vida da atriz, tanto a nível profissional como pessoal, bem como do que esta projeta como será o futuro, como o imagina ou como o desejaria.

A vida familiar, as gravidezes, a maternidade e a vida afetiva e amorosa de Raquel estão igualmente presentes na peça, "assentes num futuro previsível/desejado, mas também num futuro onde há alguma esperança face aos problemas, aos dilemas ou às questões que a Raquel de hoje tem", sublinhou à Lusa.

Algumas pessoas com quem o seu percurso se tem cruzado, as perdas com que se tem confrontado na vida acabam também por refletir-se este espetáculo, não de forma propositada, mas como "uma inevitabilidade", acrescentou a atriz.

Um espetáculo "de coisas difíceis", mas que acaba por retratar problemas normais de muitas mulheres, disse. Até por "uma necessidade de reencontrar ou procurar um bocadinho do que é mais banal na vida da mulher artista", argumentou.

A interpretar 'A Morte de Raquel' estão Joana Bárcia, Nuno Nunes, Raquel Castro e Rita Morais.

Com apoio à dramaturgia de Pedro Gil e à criação de Keli Freitas, o espetáculo tem desenho de luz de Daniel Worm, cenografia e figurinos de Ângela Rocha e sonoplastia e música original de Diogo Almeida Ribeiro.

'A Morte de Raquel', uma coprodução de Barba Azul, Teatro Nacional S. João e S. Luiz - Teatro Municipal, está em cena até 15 de março, na sala Mário Viegas, e pode ser vista às quartas, sextas e sábados, às 21h00, às quintas, às 20h00, e, aos domingos, às 17h30.

No final da última récita da peça, haverá uma conversa com os artistas.

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