Soprano italiana Mirella Freni morreu aos 84 anos
A cantora italiana de ópera Mirella Freni morreu hoje aos 84 anos em casa, em Modena, Itália, informou o seu agente.
© Lusa
Cultura Mirella Freni
A soprano morreu de uma doença muscular degenerativa, disse Jack Mastroianni, da empresa IMG Artists.
Freni estreou-se profissionalmente no Teatro Municipal de Modena, em março de 1955, como Micaela, em 'Carmen', de Bizet, e a sua última ópera foi o papel de Joana d'Arc em 'The Maid of Orleans', de Tchaikovsky, em abril de 2005, na Ópera Nacional de Washington.
Mirella Fregni nasceu a 27 de fevereiro de 1935, em Modena, mas mudou o seu nome para Freni, por considerar que era mais fácil de pronunciar. Era sobrinha da soprano Valentina Bartolomasi e partilhou a mesma ama-de-leite com aquele que viria a ser o cantor mais famoso de Modena, Luciano Pavarotti.
As mães de Mirela e Luciano trabalhavam na mesma fábrica e, por vezes, vestiam as duas crianças com roupas idênticas, recordou a cantora em entrevistas, lembrando também que os dois viajaram juntos para Mantua para estudar com o compositor e professor Ettore Campogalliani.
Estreou-se aos 20 anos e casou-se de seguida com o seu professor, o pianista e maestro Leone Magiera, fazendo uma pausa de três anos na carreira. Em 1961, retomou o percurso, atuando desde logo na Royal Opera House, de Londres, e, dois anos depois, no Scala, de Milão, duas das principais salas de ópera a nível mundial.
Com o maestro austríaco Herbert von Karajan, maestro principal da Filarmónica de Berlim durante mais de 30 anos, deixou um legado gravado que inclui 'La Bohème', 'Madame Butterfly', 'Aida' e 'Otello', entre outras óperas.
Freni atuou por duas vezes em Portugal, sempre em Lisboa.
A primeira, em 25 de setembro de 1993, no Teatro Nacional de São Carlos, na contagem decrescente para a iniciativa Lisboa - Capital Europeia da Cultura, quando o teatro lírico completava 200 anos.
Regressou para um segundo espetáculo, no dia 18 de setembro de 2000, no Coliseu dos Recreios, também inteiramente dedicado a 'Árias de Ópera', em que revisitou as suas personagens de eleição, das heroínas de Verdi, Puccini ao universo de Tchaikovsky e Massenet.
Neste segundo concerto foi acompanhada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pelo maestro Romano Gandolfi.
Foi uma das maiores, mais inteligentes e impressionantes cantoras de ópera do século XX, segundo o programa 'O Canto e os Seus Intérpretes', de Maria Helena de Freitas, na Antena 2, transmitido em junho de 1994, dedicado à soprano.
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