Meteorologia

  • 24 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 12º MÁX 24º

Curadora diz que "nada está consolidado" na igualdade de género

A curadora Helena de Freitas, que vai coordenar uma exposição com obras de artistas portuguesas a apresentar na Bélgica e em França, em 2021, afirmou hoje que, "em pleno século XXI, nada está consolidado na igualdade de género".

Curadora diz que "nada está consolidado" na igualdade de género
Notícias ao Minuto

20:00 - 16/12/19 por Lusa

Cultura Helena de Freitas

A historiadora de Arte falava em Lisboa, na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, na cerimónia de assinatura de um protocolo pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e a presidente da instituição, Isabel Mota, para a realização da exposição em parceria.

"É impossível reparar séculos de silenciamento", comentou a curadora no seu discurso, referindo-se às artistas que foram ignoradas ou negligenciadas no mundo da arte.

Helena de Freitas foi escolhida pela Gulbenkian para liderar este projeto expositivo que apresentará uma seleção de obras de artistas portuguesas dos últimos 120 anos, na Bélgica e em França, em 2021, e estará patente em 2022 em Portugal.

A exposição em torno das mulheres artistas portuguesas vai acontecer por ocasião da Presidência Portuguesa da União Europeia, e será apresentada no centro de artes Bozar, em Bruxelas, no primeiro semestre de 2021, e seguirá, no segundo semestre, para o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, na cidade francesa de Tours, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França.

Helena de Freitas, conservadora do Museu Calouste Gulbenkian, disse que assumiu o projeto "com entusiasmo" porque considera que ainda há muito a fazer pela igualdade de género na atualidade, e "é importante elevar as consciências" nesta matéria.

A curadora indicou que várias mulheres a inspiraram para iniciar o projeto, nomeadamente a obra da romancista e ensaísta de origem russa Lou Andreas-Salomé (1861---1937), a quem foi buscar a frase emblemática "Tudo o que quero para mim", e também a pintora Aurélia de Sousa (1866-1922), autora de centenas de pinturas, algumas delas desconhecidas do público, e de um acervo de fotografias ainda por estudar.

Este projeto juntará no mesmo espaço artistas portuguesas de referência, como Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Maria Lamas, Graça Morais, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Ana Jotta e Leonor Antunes, entre várias outras.

"A seleção não será representativa da totalidade das artistas portuguesas", que, segundo Helena de Freitas, ascende a mais 700, "segundo um estudo recente.

As obras serão apresentadas "numa lógica de articulação e de diálogo", e a temática não se vai cingir às questões de género, mas expandir-se para espaços mais universais".

"Nem todas as artistas se assumiam como feministas", ressalvou, acrescentando que, de algumas delas - como Maria Helena Vieira da Silva - se dizia que "pintavam como um homem".

Sublinhou o pioneirismo no reconhecimento de Vieira da Silva, a primeira mulher a receber, em França, o Prémio Nacional das Artes André Malraux, em 1966.

A partir de fevereiro de 2021, as obras de mulheres artistas portuguesas vão estar expostas em Bruxelas, no Bozar, projetado pelo arquiteto belga Victor Horta, um dos pioneiros da Arte Nova, e, em outubro de 2021, a exposição será também apresentada em França, no Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, concebido pela dupla portuguesa Francisco e Manuel Aires Mateus, integrada no programa geral da Saison Culturelle France-Portugal, e, em 2022, deverá ser apresentada em Portugal, num local ainda a indicar.

A seleção será feita a partir de coleções públicas, mas também de coleções particulares e de acervos das artistas, compreendendo obras em suportes distintos como a pintura, a escultura, o desenho, o objeto, o livro, a instalação, o filme, o vídeo e o áudio.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório